Um
estudo australiano sobre a salinidade dos oceanos nos últimos 50 anos revelou
uma "marca" que atesta que as mudanças climáticas têm acelerado o
ciclo hidrológico, anunciou nesta sexta-feira um dos cientistas envolvidos na
pesquisa.
O
estudo, publicado na revista Science e realizado por pesquisadores australianos
e americanos, analisou dados oceânicos de 1950 a 2000 e descobriu que os níveis
de salinidade nos mares do mundo têm mudado com o passar do tempo.
A
co-autora da pesquisa, Susan Wijffels, afirmou que os números são reveladores
porque a salinidade era indicativa de mudanças no ciclo de chuva e evaporação.
"O
que os resultados estão dizendo é que nós temos uma marca oceânica, uma marca
muito clara de que o ciclo hidrológico da Terra já está mudando", afirmou
à AFP.
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O pôr-do-sol ilumina o mar em Yallingup,
oeste da Austrália, em maio de 2011
Foto de Greg Wood/AFP/Arquivo
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"O
que vimos nas observações de como o campo de salinidade já mudou ao longo de 50
anos (é) que nosso ciclo hidrológico se intensificou significativamente",
acrescentou.
Wijffels
afirmou que o padrão se intensificou com o passar do tempo e que é possível
deduzir que a mesma dinâmica também esteja ocorrendo em terra.
"O
que isto realmente quer dizer é que a atmosfera pode realmente transportar mais
água das áreas que estão secando para as áreas que têm grande ocorrência de
chuvas mais rapidamente", acrescentou.
"E
isto significa, essencialmente, que as áreas úmidas ficarão mais úmidas e que
as áreas secas ficarão mais secas", emendou.
Wijffels
explicou que ter uma ideia clara do que ocorreu historicamente com as chuvas
foi frustrante porque havia poucos dados de qualidade disponíveis e a maior
parte deles foi coletada em terra, particularmente no hemisfério norte.
"No
entanto, a maior parte da superfície terrestre é de oceanos e a maior parte da
evaporação que move nosso ciclo hidrológico acontece no oceano", afirmou
Wijffels, o que faz dos oceanos um objeto meritório de estudo sobre as mudanças
climáticas.
Cientistas
do CSIRO, entidade de pesquisa e ciência do governo australiano, e do
Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, usaram dados de
embarcações nos oceanos do mundo e modelos climáticos para produzir seu
relatório.
Segundo
Wijffels, eles revelaram um padrão repetitivo de mudança, que se acredita ser
resultante das mudanças climáticas.
"E
nós vemos isto no Atlântico norte, no Atlântico sul, no Pacífico sul, no
(oceano) Índico; tem se repetido em cada bacia oceânica de forma
independente", disse.