Esta foto foi escolhida pela BBC 28 de setembro, 2012 como uma das 20 mais bonitas

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

CIENTISTAS RECONSTITUEM IMAGEM DE “PRIMEIRA FLOR DO PLANETA”



Um estudo recente sugere que todas as flores que conhecemos hoje derivam de um único antepassado, que viveu há cerca de 140 milhões de anos.
A pesquisa foi divulgada na publicação científica Nature Communications e envolveu cientistas da Universidade do Sul de Paris, que combinaram modelos da evolução das flores com o maior arquivo de dados sobre características de flores que existem hoje.
Modelo de flor ancestral reconstruída pelo novo estudo, mostrando múltiplos verticilos de órgãos semelhantes a pétalas, em conjuntos de três. Direito de imagem: herve.sauquet@u-psud.fr, juerg.schoenenberger@univ
A flor ancestral - recriada em um modelo 3D - é composta de órgãos em forma de pétala dispostos, em conjunto de três, por camadas sobrepostas, com órgãos reprodutores masculinos e femininos no centro.
Hervé Sauquet, um dos autores do artigo disse: "Não há uma flor viva que se pareça exatamente com a ancestral - e por que haveria? Esta é uma flor que existiu há pelo menos 140 milhões de anos atrás e teve um tempo considerável para evoluir para a incrível diversidade de flores que existem hoje".
Todos estamos familiarizados com a beleza das flores - as estruturas reprodutivas produzidas por cerca de 90% de todas as plantas terrestres vivas. Mas a origem e a evolução inicial são um mistério, principalmente por causa da falta de fósseis de flores do período em que se acredita que essa flor ancestral teria existido.
Jason Hilton, da Universidade de Birmingham, que não estava envolvido no estudo, diz que "a estrutura e organização da flor 'ancestral' ainda é um enigma".
"Por exemplo, nós não sabemos com certeza se a flor mais velha de todas era bissexuada ou monossexuada ou se ela era polinizada por insetos ou pelo vento."
Para reconstruir a aparência da primeira flor, os cientistas registraram características - como as pétalas e sépalas - das flores de 792 espécies vivas.
Eles mapearam a distribuição dessas características na árvore evolutiva das plantas com flores, o que permitiu que reconstruíssem a aparência das flores em momentos-chave de sua história - até chegar à imagem do último antepassado comum de todas.
À esquerda: disposição espiral de pétalas em uma flor de lótus. À direita: arranjo de verticilo de pétalas em uma flor de lírio. Direito de imagem Science Photo Library
A primeira flor é reconstruída com estruturas parecidas com pétalas em verticilos florais, com várias pétalas em uma mesma camada, como, por exemplo, em um lírio comum, em vez de pétalas se sobrepondo em arranjos espirais ao redor do talo, como em uma flor de lótus.
"Para algumas das características que nós estudamos, o resultado foi surpreendente. Especialmente o fato de que órgãos (como sépalas, pétalas e estames) provavelmente estavam dispostos em verticilos em vez de espirais, como se acreditava antes", disse Hervé Sauquet.
A evolução sexual das flores tem sido altamente debatida. As flores podem ser monossexuadas ou bissexuadas - no caso, este estudo pressupõe uma flor ancestral bissexuada com órgãos masculinos e femininos.
"Este estudo é importante, porque nos diz o quão complexa provavelmente era a flor ancestral - agora nossa busca é encontrar algum registro ou fóssil dela. Isso se o modelo que estamos pensando for correto - apenas o tempo (e pesquisas mais aprofundadas) podem dizer isso ", disse Jason Hilton.
Fonte: Sarah Gabbott Professora de Paleobiologia da Universidade de Leicester - BBC

COMO COLA INSPIRADA EM GOSMA DE LESMA PODE AJUDAR A SALVAR VIDAS



Um muco defensivo produzido pelas lesmas inspirou um novo tipo de cola que pode transformar a medicina. É o que afirmam cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Lesmas serviram de inspiração para um novo tipo de 'biocola' super aderente. 
Direito de imagem SPL
A "biocola" é especialmente resistente, ajusta-se ao corpo e, acima e tudo, adere a superfícies úmidas.
Uma equipe de Harvard já usou o material, inclusive, para selar um buraco no coração de um porco.
O protótipo do produto recebeu elogios de especialistas, que preveem uma "alta demanda".
Conseguir uma substância que grude em uma superfície úmida tem sido um grande desafio - basta lembrar do que acontece quando você tenta colocar um band-aid no dedo molhado.
Cientistas do Instituto Wyss para Engenharia Biologicamente Inspirada da Universidade de Harvard buscaram inspiração na lesma Arion fuscus, que produz um muco pegajoso como defesa contra predadores.
"Criamos nosso material para ter as principais características do muco da lesma e o resultado é muito positivo", conta o pesquisador Jianyu Li.
A "biocola" produzida é formada por dois componentes - o adesivo de fato e um "amortecedor bioquímico".
A alta viscosidade se deve à combinação de três fatores: a atração entre a carga positiva da cola e a carga negativa de células do corpo; ligações covalentes entre os átomos na superfície da célula e a cola; e a forma como a cola penetra fisicamente nas superfícies do tecido.
Nova cola é formada por dois componentes - o adesivo de fato e um 'amortecedor bioquímico'. Direito de imagem J Li
Mas é o componente "amortecedor " que é crucial - ele dilui o estresse físico e a tensão para que o componente adesivo permaneça grudado.
Os experimentos realizados, publicados na revista Science, mostram que a cola não é tóxica para o tecido vivo e é três vezes mais forte do que qualquer outro adesivo médico.
"Estou muito impressionado com esse sistema. Resolvemos um grande desafio e abrimos grandes oportunidades na área médica", afirma Li.
"As aplicações são bem amplas - o material é muito resistente, elástico e adaptável, o que é muito útil quando você deseja interagir com um tecido dinâmico, como o coração ou os pulmões".
Ele pode ser usado como um esparadrapo na pele ou como um líquido injetado em ferimentos mais profundos no corpo.
Há também a ideia de utilizá-lo como forma de liberar drogas para partes específicas do corpo ou para colar dispositivos médicos em órgãos, como aqueles que ajudam o coração a bater.
A nova cola adere a uma superfície em três minutos e vai ficando mais forte. Em meia hora, está tão resistente quanto a própria cartilagem do corpo.
“Alta demanda”
"É muito legal, devo admitir", afirma Chris Holland, do departamento de ciência e engenharia de materiais da Universidade de Sheffield, no Reino Unido.
"Claramente supera as alternativas no mercado e existe uma demanda potencial muito alta", avalia.
"Ainda é muito incipiente, mas esse tipo de coisa pode ser parte do kit padrão de um cirurgião", acrescenta.
Embora ainda não exista uma tecnologia pronta para uso médico, sua capacidade já foi provada mecanicamente em laboratório. Foram realizados testes com ratos e com um porco - os cientistas selaram um buraco no coração do animal que não vazou nem sobre a tensão de milhares de batimentos cardíacos simulados.
O Instituto Wyss, que solicitou a patente do produto, diz que a produção da cola é barata.
“Salva-vidas”
Também estão sendo desenvolvidas versões biodegradáveis ​​que, naturalmente, desapareceriam à medida que o corpo se recupera.
"A necessidade de novos adesivos, como colas ou fitas, é evidente para todos os profissionais de saúde", diz o professor John Hunt, líder de pesquisa sobre tecnologias médicas e materiais avançados na Nottingham Trent University, no Reino Unido.
"(A nova cola). Tem o potencial de melhorar os cuidados com a saúde e salvar vidas", afirma.
"Essa pesquisa é realmente emocionante, (mas) o detalhe da biocompatibilidade precisará ir além do que é apresentado no estudo para orientar sua eficácia clínica e segurança a longo prazo e, portanto, aplicações médicas reais", conclui.