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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

AS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Segue um resumo, com base em informações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), sobre as evidências científicas das mudanças climáticas e seus impactos às vésperas do próximo encontro climático das Nações Unidas, entre 28 de novembro e 9 de dezembro, em Durban, África do Sul.
O IPCC é um órgão científico formado por um colegiado de mais de 500 especialistas, criado pelas Nações Unidas.
- As evidências de ocorrência de aquecimento global são "inequívocas" e há mais de 90% de probabilidade de que os humanos sejamos os grandes responsáveis. A principal causa é a emissão de gases causadores de efeito estufa a partir da queima de combustíveis fósseis, que prendem o calor do sol na atmosfera, aquecendo a superfície terrestre.
- Os níveis de dióxido de carbono (CO2) aumentaram cerca de um terço desde a época pré-industrial e agora atingem seu pico em 650.000 anos. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), estes níveis aumentaram em 2,3 partes por milhão (ppm) entre 2009 e 2010. Isto é mais do que a média dos anos 1990 (1,5 ppm) e da década passada (2 ppm).
- Entre 1990 e 2010, houve um aumento de 29% na "força radioativa", ou seja, o efeito de aquecimento sobre nosso sistema climático, segundo a OMM. O CO2 permanecerá na atmosfera por décadas, intensificando o aquecimento, mesmo se todas as emissões forem detidas amanhã.
- Desde 1900, o nível do mar aumentou entre 10 e 20 centímetros. A temperatura média global da superfície aumentou 0,8º Celsius. As temperaturas médias em terra aumentaram muito mais rápido: 0,91º C desde meados do século XX, segundo o Berkeley Earth Surface Temperature Project.
- As mudanças climáticas já são visíveis na elevação do nível do mar, no recuo das geleiras alpinas e na cobertura de neve, na redução do gelo marinho no verão ártico, no derretimento do permafrost (solo permanentemente congelado) e na imigração para os polos de muitos animais e plantas em busca de hábitats mais frios.
O derretimento do permafrost (solo permanentemente congelado)
- As "melhores estimativas" para a elevação nas temperaturas médias globais em 2010 oscilariam entre 2,4ºC e 4º C, dependendo do uso dos combustíveis fósseis. Estes números também mascarariam grandes variações, de acordo com a região e o país.
- Em 2007, o IPCC projetou uma elevação do nível do mar em pelo menos 18 centímetros até 2100. Desde então, muitos estudos apontam para o derretimento na cobertura de gelo da Groenlândia e da Antártida ocidental. A maioria dos especialistas afirmam que a elevação do nível do mar em um metro é plausível.
- Entre 20% e 30% das espécies de plantas e animais enfrentarão ameaça de extinção se as temperaturas globais aumentarem entre 1,5º e 2,5ºC, em comparação com as temperaturas médias das últimas duas décadas do século XX.
- Na África, por volta de 2020, entre 75 milhões e 250 milhões de pessoas ficarão expostas a um maior estresse hídrico. O produto da agricultura irrigada por chuvas em alguns países da África poderá ser reduzido em até 50%. Áreas similares a desertos podem se expandir entre 5% e 8% em 2080.
- Na Ásia, a disponibilidade de água doce diminuirá em meados do século. Os megadeltas costeiros correrão risco de inundações devido ao aumento do nível dos mares. A mortalidade atribuída a doenças associadas a cheias e secas aumentará.
- Eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas e temporais podem se tornar mais frequentes e/ou intensos, segundo o relatório especial do IPCC, publicado em 18 de novembro.
- Estabilizar as emissões de 445 ppm a 535 ppm de CO2-equivalente limitaria a elevação da temperatura global desde a época pré-industrial entre 2ºC e 2,8º C. As concentrações estão atualmente em 389 ppm. O nível de 450 ppm corresponde à meta de 2º C, estabelecida durante as negociações climáticas da ONU de 2010, em Cancún (México).
- Os países precisam fechar um abismo colossal de CO2 para alcançar a meta de 2ºC. Cientistas do Instituto de Ciência Climática e Atmosférica, vinculado ao Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich), calculam que as emissões precisam cair 8,5% até 2020 e, depois, continuar diminuindo.

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