Esta foto foi escolhida pela BBC 28 de setembro, 2012 como uma das 20 mais bonitas

sábado, 26 de novembro de 2011

EM DURBAN AS NEGOCIAÇÕES SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NÃO AVANÇAM E PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO PEDEM QUE SE CHEGUEM A UM CONCENSO

As negociações sobre o clima recomeçam na próxima semana na cidade sul-africana de Durban para tentar alcançar um objetivo com o qual todos concordam, mas que nunca pareceu tão distante: limitar o aquecimento do planeta a 2ºC.
Desde a conferência de Copenhague, no final de 2009, que deixou uma lembrança amarga depois que, com um texto mínimo e elaborado apressadamente por poucos chefes de Estado, o tema do aquecimento do planeta quase desapareceu da agenda político-diplomática mundial. E isto, apesar da emergência climática.
Depois da COP15, na capital dinamarquesa, houve uma reunião no balneário mexicano de Cancún, no ano passado, mas os negociadores voltaram a tropeçar no espinhoso tema do protocolo de Kioto.
Este tratado, que exige que os países desenvolvidos reduzam suas emissões de carbono, consideradas culpadas pelo aquecimento global, expira em 2012 e ainda não há um acordo para renová-lo.
O mundo espera que se cheguem a um acordo. Urgente!
Em Durban, negociadores de mais de 190 países tentarão, entre os dias 28 de novembro a 9 de dezembro, incentivar o processo, que teve início em 1992, durante a Rio-92, com objetivo de reduzir estas emissões.
Mas, às vésperas da próxima rodada de negociações climáticas, muitos especialistas e defensores do meio ambiente não escondem o ceticismo sobre o que diz respeito à adoção de qualquer resolução ou documento que não imponha obrigações aos maiores emissores, China e Estados Unidos, que juntos representam 40% das emissões de CO2 em nível global.
Também não se sabe se os países industrializados que assinaram o protocolo de Kioto estão dispostos a se comprometer com um segundo período, depois que o tratado expirar, em dezembro de 2012.
Entretanto, as emissões de gases de efeito estufa continuam aumentando: o mundo parece seguir a trajetória de um aquecimento de cerca de 4ºC, muito além do limite de 2ºC, defendido pelos cientistas para limitar o impacto nas nossas sociedades em algumas décadas. Os alertas também cresceram depois do anúncio deste aumento e às vésperas da da conferência de Durban.
A Organização Meteorológica Mundial advertiu esta semana sobre o novo recorde nas emissões dos principais gases que contribuem para o aquecimento global.
A concentração de CO2 na atmosfera, o principal gás causador do efeito estufa, aumentou entre 2009 e 2010 para 2,3 ppm (partes por milhão), ou seja, mais que a média dos anos 1990 (1,15ppm) e que as dos dez últimos anos (2,0 ppm).
Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) publicado na quarta-feira destacou a "preocupante" disparidade entre os compromissos de redução de emissão de gases estufa dos países e as ações necessárias para limitar a elevação de temperatura do planeta a +2ºC.
O Pnuma informou que o relatório do ano passado indicava a diferença de 5 a 9 gigatoneladas (Gt) equivalentes de CO2 entre as intenções declaradas e as emissões mundiais máximas para a atmosfera em 2020 compatíveis com o limite de 2ºC.
Segundo as cifras desse ano, a diferença seria, na realidade de 6 a 11 Gt. Para ter "uma oportunidade em duas de conter as emissões mundiais a níveis compatíveis com o limite de 2ºC", as emissões anuais mundiais equivalentes a CO2 deveriam cair de 48Gt para 44GT em 2020, destacou a instituição.
Para os países em desenvolvimento, é prioritário que, em Durban, se chegue a um consenso para reduzir o aquecimento global provocado pela atividade humana, que torna mais frequentes e intensos os desastres climáticos como a seca, as inundações, os furacões e os incêndios.
O México, que foi anfitrião da reunião de Cancún, destacou a urgência de manter o Protocolo de Kioto que, apesar de não ser a única solução para combater as mudanças climáticas, é o único instrumento jurídico internacional que impõe aos países ricos reduções obrigatórias de suas emissões de gases de efeito estufa.
A negociação em Durban estará centrada em encontrar "um equilíbrio" entre as responsabilidades dos países industrializados e em desenvolvimento, destacou o México.
Por sua vez, as organizações de defesa do meio ambiente aumentaram seus alertas, enfatizando que a reunião em Durban é a última oportunidade de renovar o Protocolo de Kioto.
Mesmo que, com a falta de compromisso dos Estados Unidos e dos grandes emergentes (Brasil, Índia e China) ele abarque apenas 30% das emissões globais.
Além disso, uma nova estagnação nas negociações sobre o clima enviaria um sinal muito ruim sobre o futuro do planeta, a apenas alguns meses da realização da Rio+20, prevista para junho do ano que vem, no Rio de Janeiro, no 20ª aniversário da Cúpula da Terra.
Fonte: AFP


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