Esta foto foi escolhida pela BBC 28 de setembro, 2012 como uma das 20 mais bonitas

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

PROGRAMA DE ENFRENTAMENTO AO CRACK PREVÊ INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA

O governo federal lançou nesta quarta-feira mais um programa de enfrentamento ao crack. Desta vez, a promessa é investir R$ 4 bilhões da União, em articulação com estados, Distrito Federal, municípios e sociedade civil. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o plano prevê a ampliação dos consultórios de rua - serão 308 até 2014. Esses ambulatórios móveis contarão com a presença de profissionais como médicos, enfermeiros, psicólogos e lideranças locais. São eles que irão determinar se é necessária a internação compulsória, medida polêmica que divide a comunidade médica.
Em maio do ano passado, às vésperas da eleição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou um programa semelhante, que tinha como linhas-mestras de atuação os mesmos três eixos do projeto de Dilma, mas com nomes diferentes: cuidado (tratamento), autoridade (combate) e prevenção (mesmo nome no programa de Lula). À época, o PSDB ocupou espaços publicitários para dizer que o petista não estava dando atenção ao problema. O programa de Lula teve como objetivo ajudar Dilma, sua candidata, e destinou R$ 400 milhões para as ações.
Crack, é possível vencer este mal.
"Epidemia"
O mote da atual campanha é "Crack, é possível vencer". O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, comparou o momento atual no combate à droga à epidemia de Aids no início da década de 80, quando a comunidade médica se viu diante de questionamentos éticos e de como atuar para resolver o problema. Na visão de Padilha, a Aids agora está sob controle e a saúde encontrou uma forma de atuação. Isso, segundo acredita, deve se repetir com o crack.
"O crack tem a mesma dimensão deste desafio. No conceito técnico, estamos, sim, diante de uma epidemia de crack em nosso país", afirmou o ministro, observando que de 2003 até o momento aumentou em 10 vezes o número de atendimento na rede de saúde aos dependentes químicos, o que inclui outras drogas além do crack.
"O consultório na rua não serve para internação compulsória. Serve para proteger a vida", disse Padilha, procurando criar uma frase de efeito. De acordo com ele, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) já prevê a internação de crianças e adolescentes que corram risco de vida.
O atendimento psicossocial aos dependentes também funcionará 24 horas por dia, e não mais em horário comercial, como era feito até então. Padilha prometeu multiplicar por quatro o valor diário repassado às enfermarias especializadas em tratamento de álcool e drogas nos hospitais.As unidades de acolhimento serão 430 até 2014.
Tráfico de drogas
Na área de combate ao tráfico, o ministério da Justiça disse que irá atuar em conjunto com os estados e municípios. Sem dar detalhes de como isso ocorrerá, por alegadas questões de segurança, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que haverá monitoramento de imagens nas chamadas cracolândias, inclusive para evitar distorções e desvios dos próprios policiais.
"Vamos identificar e prender os traficantes através de um trabalho integrado entre a Polícia Federal e as polícias locais", disse Cardozo.
A presidente vai enviar, na próxima segunda-feira, um projeto de lei que altera o Código de Processo Penal para acelerar a destruição de entorpecentes apreendidos pela política e agilizar o leilão de bens utilizados no tráfico de drogas. Quanto à prevenção, o governo irá investir recursos em ações nas escolas, comunidades e com a população em geral. Está prevista publicidade institucional e um programa de capacitação no Programa de Prevenção do Uso de Drogas na Escola para 210 mil educadores e 3,3 mil policiais.
A presidente Dilma Rousseff afirmou que não há um modelo pronto de sucesso, mas é preciso avançar. Ela afirmou que é preciso adotar uma repressão "sem complacência" e, comparando com os avanços do país em áreas sociais como a inclusão dos pobres na classe C ou a geração de empregos, Dilma afirmou que é possível vencer o problema.
"Um país que conseguiu tudo isso vai ter também uma política ampla, sustentável de enfrentamento às drogas", discursou ela.
Depois, dirigindo-se aos pais de dependentes em crack, Dilma utilizou um tom emocionado para dizer que o Estado estará ao lado deles.
"Quero dizer que nós todos temos de fazer da dor deles a nossa dor. E ao fazer isso, temos clareza que vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para recuperação de seus filhos e filhas e que a alegria deles seja também a nossa alegria", afirmou, para encerrar:
"Temos de ter sempre fé e esperança na recuperação de cada um que está nessa situação."
Por Chico de Gois (chico.gois@bsb.oglobo.com.br) | Agência O Globo
Breve panorama do crack
O panorama mundial da difusão do uso do cloridrato de cocaína (pó) por aspiração intranasal esteve associado, a partir da década de 60, à falta de algumas drogas no mercado, como a anfetamina e a maconha, devido às ações repressivas. Contudo, o alto preço do produto levou usuários de drogas à descoberta de outras formas de uso com efeitos mais intensos, apesar de menor duração. Desse cenário, no início de 1980, aparecem novas drogas obtidas a partir da mistura de cloridrato de cocaína com ingredientes cada vez mais incertos e tóxicos. Tempos depois, surge o uso do crack, outra forma fumável de cocaína, disseminando-se no Brasil, oficialmente a partir de 1989, alastrando-se atualmente, em vários segmentos sociais de gênero, sexo, idade e classe social.
Na produção de crack não há o processo de purificação final. O cloridrato de cocaína é dissolvido em água e adicionado em bicarbonato de sódio. Essa mistura é aquecida e, quando seca, adquire a forma de pedras duras e fumáveis. Além dos alcalóides de cocaína e bicarbonato de sódio, essas pedras contêm as sobras de todos os ingredientes que já haviam sido adicionados anteriormente durante o refino da cocaína. As pedras de crack são vendidas já prontas para serem fumadas. Sua composição conta com uma quantidade imprecisa de cocaína, suficiente para que possa produzir efeitos fortes e intensos. Além disso, para obter a produção final do crack são misturadas à cocaína diversas substâncias tóxicas como gasolina, querosene e até água de bateria.
O uso disseminado do crack no mundo das drogas está relacionado a vários fatores que levaram a uma grave transformação, tanto na oferta quanto na procura. De um lado, o controle mundial repressivo sobre os insumos químicos necessários a sua produção – como éter e acetona – leva os produtores a baratear cada vez mais sua fabricação, com a utilização indiscriminada de outros ingredientes altamente impuros. Quanto mais barata sua produção, mais rentável é sua venda. Por outro lado, o crack representa para a população usuária de drogas um tipo de cocaína acessível, pois vendido em pequenas unidades baratas, oferece efeitos rápidos e intensos. Entretanto, a desejada intoxicação cocaínica proporcionada pelo crack provoca efeitos de pouca duração, o que leva o usuário a fumar imediatamente outra pedra. Esse ciclo ininterrupto de uso potencializa os prejuízos à saúde física, as possibilidades de dependência e os danos sociais. A inovação no mercado das drogas com a entrada do crack atraiu pequenos traficantes, agravou ainda mais a situação, com o aumento incontrolável de produções caseiras, se diferenciando conforme a região do país.
À cocaína é misturada uma variedade incerta de reagentes químicos em sua preparação. O desconhecimento quanto a sua composição pode dificultar, muitas vezes, as intervenções emergenciais de cuidados à saúde nos casos de intoxicação aguda sofrida por alguns usuários. Tais condições, porém, não impossibilitam o desenvolvimento de ações voltadas à saúde e ao bem-estar social da referida população.

2 comentários:

  1. Seria muito interessante o combate aos burgueses traficantes. Todos sabem que eles andam livres em seus aviões. É preciso vistorias severas, principalmente nas fronteiras e punirem sim os viciados, lógicamente com critérios, pois eles também financiam este tipo de crime.

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  2. o maior problema é a omissão da sociedade que não cobram das autoridades leis mais severas, e também não combate a desigualdade social.

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