Esta foto foi escolhida pela BBC 28 de setembro, 2012 como uma das 20 mais bonitas

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

ESTUDO DE 2003 QUE RELACIONOU TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL AO CÂNCER DE MAMA É CHEIO DE FALHAS

Uma pesquisa revolucionária que estabeleceu vínculos entre o tratamento de reposição hormonal (TRH) para mulheres na menopausa e a incidência maior de câncer de mama está repleto de falhas, denuncia um novo estudo publicado nesta segunda-feira.
A pesquisa, denominada Estudo Um Milhão de Mulheres (Million Women Study ou MWS), dominou as manchetes dos jornais quando foi publicada pela primeira vez, em 2003.
Medicamentos usados na reposição hormonal
Baseado em questionários respondidos por mais de um milhão de mulheres na pós-menopausa na Grã-Bretanha, o estudo estabeleceu que a terapia de reposição hormonal (TRH) aumentava o risco de incidência de câncer de mama.
Suas estimativas causaram uma onda de ansiedade - e muita confusão - entre entidades reguladoras, médicos e mulheres que fazem uso da TRH.
A terapia de reposição hormonal consiste no uso dos hormônios femininos estrogênio e progesterona, às vezes combinados, para aliviar os sintomas da menopausa, como ondas de calor, perda do apetite sexual e ressecamento vaginal.
Atualizações na pesquisa original refinaram os dados sobre o risco percebido. Segundo o site MWS, há um risco 30% maior de câncer em mulheres que fazem uso exclusivamente de estrogênio e duas vezes maior entre as que usam a terapia de estrogênio e progesterona em comparação com aquelas que não fazem uso destes medicamentos.
O risco aumenta segundo o tempo em que a mulher faz uso do tratamento hormonal, mas cai para o nível normal no prazo de cinco anos após sua interrupção, destacou o MWS.
Mas uma avaliação publicada na edição desta segunda-feira do periódico Journal of Family Planning and Reproductive Health diz que o desenho do estudo MWS tem tantos problemas que uma conclusão segura não poderia derivar dele.
"A TRH pode ou não aumentar o risco de câncer de mama, mas a MWS não estabeleceu que o faça", determinou, secamente, o artigo.
Em meio à meia dúzia de tópicos, os autores afirmam que os cânceres detectados alguns meses após o início do estudo já estariam presentes quando as mulheres aderiram à pesquisa.
Mas estes casos não foram excluídos da contagem de incidências da doença, destacaram.
A revista também aponta para "uma detecção tendenciosa" através da escolha das participantes. As voluntárias integravam um programa de check-up das mamas quando foram convidadas a participar do estudo.


Por este motivo, elas já teriam conhecimento sobre nódulos mamários ou lesões suspeitas relacionadas ao câncer de mama. Como resultado, o MWS encontrou uma incidência 40% maior de câncer de mama entre as voluntárias - independentemente de terem feito uso ou não de terapia hormonal - em comparação com a população em geral.
O artigo também destacou que os cânceres de mama normalmente levam muitos anos para se desenvolver. Portanto, seria "biologicamente improvável" que tantos casos tenham aparecido no prazo de um ano ou dois em que as voluntárias participaram do estudo, como sustentou o MWS.
"O nome 'Estudo Um Milhão de Mulheres' sugere uma autoridade, além da crítica ou refutação", afirmam os autores, chefiados por Samuel Shapiro, professor de saúde pública da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul.
"Contudo, a validade de qualquer estudo depende da qualidade de seu desenho, execução, análise e interpretação. O tamanho por si só não garante que as descobertas são confiáveis", acrescentou.
Os responsáveis pelo estudo MWS refutaram as críticas, em e-mail à AFP, no qual afirmaram que mais de 20 estudos replicaram suas descobertas e que um declínio no uso de TRH levou a uma queda nos casos de câncer de mama.
"Cânceres sensíveis a hormônios ainda são três vezes mais comuns em usuárias de TRH do que em ex-usuárias ou não usuárias" do tratamento, disse Richard Peto, professor de estatística e epidemiologia da Universidade de Oxford.
A comentarista independente Anne Gombel, professora francesa que é membro da Sociedade Internacional da Menopausa, afirmou que emerge um panorama mais complexo sobre o câncer de mama.
A densidade dos seios, o álcool e a obesidade, e não apenas a TRH, agora emergem como fatores de risco que devem ser levados em conta, e não apenas a TRH, disse Gombel.
"A TRH não traz os mesmos riscos e benefícios para todas as mulheres. Algumas mulheres terão riscos aumentados, outras terão só benefícios, e isto também se aplica ao câncer de mama", acrescentou.
Mulheres - é necessário fazer exames periódicos mesmo antes dos 40 anos
O câncer de mama afeta mais os países pobres
O câncer de mama afeta cada vez mais os países pobres, onde a mortalidade é muito elevada em consequência da prevenção e tratamento insuficientes, anunciaram especialistas americanos.
"Se acreditava que o câncer de mama afetava apenas as mulheres dos países ricos, mas agora sabemos que esta doença também afeta os países em desenvolvimento", afirmou Felicia Knaul, especialista em saúde pública da Universidade de Harvard.
O fenômeno se explica pelo retrocesso de doenças infecciosas, a desnutrição e o aumento da expectativa de vida nestes países.
Quase 1,35 milhão de casos de câncer de mama serão diagnosticados no mundo em 2009 (10,5% de todos os tipos da doença), o que deixa esta variação atrás apenas do câncer de pulmão, segundo um estudo da Faculdade de Saúde Pública de Harvard.
O número de casos pode aumentar 26% até 2020, com 1,7 milhão de novas pessoas afetadas, a maioria em países pobres e intermediários.
Os cálculos mostram que este ano mais de 55% das vítimas fatais da doença serão de países com poucos recursos para o diagnóstico precoce e um tratamento eficaz.
Assim, a probabilidade de morte por câncer de mama é 56% nos países mais pobres, de 39% nas nações de recursos intermediários e de 24% nos países ricos.
AFP

Incidência de câncer em mulheres na idade reprodutiva
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer - INCA (2010), a definição de câncer é a proliferação e o crescimento desordenado das células de um tecido ou órgão, que podem migrar para outras partes do corpo. A cada ano, cerca de 650 mil mulheres são diagnosticadas com algum tipo de câncer invasivo, e 8% destas são pacientes em idade reprodutiva.

Um comentário:

  1. Quanto mais procura, mais encontra. Acho que estímulos exagerados a fazermos exames preventivos devem servir apenas para os seguimentos da saúde fazerem previsões de faturamento. Estamos sempre sendo abarrotados e surpreendidos por notícias amedrontadoras sobre os malefícios de exames, remédios, alimentos, etc... que em outro momento fomos induzidos a fazer, usar, comer .... Vamos deixar de ser tão manipulados para não sofrermos nocautes fatais das indústrias dos gananciosos.

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