Uma
jovem estrela e a nuvem de poeira cósmica a partir da qual seriam formados
planetas ao seu redor estão sendo atraídos para um enorme buraco negro
localizado no centro da nossa galáxia, segundo pesquisadores do Centro de
Astrofísica Harvard-Smithsonian, em Cambridge, nos EUA.
Como outras galáxias, a Via Láctea
abriga um buraco negro em seu centro, conhecido como Sagitário A* (Sgr A*), e a
estrela em questão orbita um anel de jovens sóis em volta desse buraco.
Juntamente
com o disco de gás e poeira que a envolve, a estrela evoluiria para um sistema
solar, mas a força de atração do buraco negro deve impedir que isso ocorra.
Os
estudos sobre essa situação, publicados na revista "Nature
Communications", tiveram início depois que pesquisadores identificaram uma
nuvem de gás ionizado e poeira cósmica movendo-se em direção ao SgrA* no início
do ano. Eles tiveram ajuda dos telescópios de alta precisão Very Large
Telescope (VLT), um conjunto de lentes de 8 metros de altura administrado pelo
Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês).
A hipótese inicial era de que esse deslocamento teria sido causado por uma colisão de nuvens envolvendo duas estrelas. Após o choque, a poeira cósmica dos astros teria sido atraída para o buraco.
A hipótese inicial era de que esse deslocamento teria sido causado por uma colisão de nuvens envolvendo duas estrelas. Após o choque, a poeira cósmica dos astros teria sido atraída para o buraco.
Os
astrônomos Ruth Murray-Clay e Abraham Loeb, porém, defendem uma explicação
diferente. Para eles, a nuvem que se dirige para o SgrA* é, na realidade, um
disco protoplanetário – ou seja, um disco de material cósmico a partir do qual
seriam formados planetas – que circunda uma estrela de baixa massa.
Hipótese
Estrelas
recém-nascidas mantêm um disco de gás e poeira ao redor de seu núcleo por
milhares de anos. Quando uma delas é atraída para um buraco negro, a radiação e
ondas gravitacionais dispersam essa matéria circundante em alguns anos.
Como
a estrela estudada pela equipe do Harvard-Smithsonian é muito pequena para ser
observada diretamente da Terra, é essa nuvem de poeira protoplanetária que os
pesquisadores teriam detectado dirigindo-se para o SgrA*.
A
força de atração do buraco negro faz o gás ao redor da estrela formar uma
espiral e se aquecer. Além disso, o gás torna-se brilhante, facilitando sua
detecção.
Segundo
Murray-Clay, porém, enquanto a nuvem planetária caminha para a destruição, há
uma possibilidade de que a estrela envolvida por ela sobreviva. "A força
de atração do buraco é suficientemente forte para atrair o gás, mas não para
destruir a estrela", disse ela à BBC.
Força
gravitacional
A
pesquisadora explica que o fenômeno em questão é causado pelo mesmo tipo de
forças responsáveis pelas marés oceânicas. "Marés são causadas pela
atração dos oceanos pela Lua. Nesse caso, o buraco negro gera forças de atração
tão fortes que puxam o disco (de gás e poeira cósmica) para longe da
estrela", explica Murray-Clay.
Os
resultados desse estudo são interessantes porque, até agora, o centro da Via
Láctea era considerado um lugar muito inóspito para a formação de planetas, por
estar repleto de estrelas, radiação e intensas forças gravitacionais.
Apesar
de o disco protoplanetário observado caminhar para a destruição, sua simples
existência e a presença de estrelas semelhantes na mesma região sugerem que
planetas ainda podem ser criados nessa parte da galáxia.
"É
fascinante pensar que planetas estejam se formando tão perto de um buraco
negro", afirma Loeb.
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