De acordo
com uma nova pesquisa, os antigos parentes mais próximos dos mamíferos – os
cinodontes terápsidos – não só sobreviveram à maior extinção em massa de todos
os tempos, 252 milhões de anos atrás, como também deram início aos primeiros
mamíferos conhecidos – e, consequentemente, a nós, seres humanos.
Os
primeiros mamíferos surgiram no período Triássico, há mais de 225 milhões de
anos. Esses primeiros exemplares incluíam pequenos animais similares ao
musaranho, como o Morganucodon, que habitava as terras que agora pertencem à
Grã Bretanha, o Megazostrodon, da África do Sul, e o Bienotherium, que vivia no
que hoje conhecemos como China.
Eles
possuíam dentes semelhantes aos nossos, porém modificados (incisivos, caninos e
molares), além de grandes cérebros. Provavelmente tinham também sangue quente e
eram coberto por pelos – todas características que os diferenciam de seus
ancestrais répteis e que contribuem para o sucesso de hoje dos mamíferos.
No
entanto, uma nova pesquisa sugere que esse conjunto de características únicas
foi surgindo gradualmente durante um longo espaço de tempo. O estudo levanta a
hipótese de os primeiros mamíferos surgiram como resultado da extinção em massa
do fim do período geológico Permiano, que acabou com 90% dos organismos
marinhos e com 70% das espécies terrestres.
A
pesquisa foi conduzida em conjunto pela Universidade de Lincoln, no Reino
Unido, o Museu Nacional, em Bloemfontein, na África do Sul, e a Universidade de
Bristol, também no Reino Unido, e foi publicada nesta semana pela revista
científica “Proceedings of the Royal Society B”.
O autor
principal do estudo, Marcello Ruta, palaeobiólogo evolutivo da Faculdade de
Ciências Biológicas da Universidade de Lincoln, Grã Bretanha, diz que as
extinções em massa são sempre vistas como um viés totalmente negativo. “No
entanto, no caso dos cinodontes terápsidos, que compreendiam um número muito
pequeno de espécies antes da extinção, foi algo realmente positivo, uma vez que
eles foram capazes de se adaptar e preencher muitos nichos diferentes no
período Triássico, de carnívoros a herbívoros”.
A
coautora do estudo, Jennifer Botha-Brink, do Museu Nacional, em Bloemfontein,
África do Sul, lembra que, durante o período Triássico, os cinodontes estavam
divididos em dois grupos: os cinognatos e os probainognatos.
“Os
primeiros eram principalmente herbívoros e os segundos se alimentavam
principalmente de carne. Os dois grupos pareciam se expandir e desaparecer de
forma aleatória – os primeiros eram encontrados em maior quantidade em um dado
momento, e em instantes distintos, o outro grupo prevalecia”, conta.
“No
final, os probainognatos se tornaram mais diversificados e mais variados em
questão de adaptações, e deram origem aos primeiros mamíferos cerca de 25
milhões de anos após a extinção em massa”.
O
professor Michael Benton, da Universidade de Bristol, Grã Bretanha, e também
coautor da pesquisa, acrescenta que quando um grupo maior, como o dos
cinodontes, se diversifica, é a forma do corpo ou a quantidade de adaptações
que se expande primeiro. “A diversidade, ou número de espécies, aumenta depois
que todas as morfologias disponíveis para o grupo foram experimentadas”, completa.
Os
pesquisadores concluíram que a diversidade dos cinodontes aumentou de forma
constante durante a recuperação da vida após a extinção em massa. Isto sugere
que não há diferença particular na diversidade morfológica entre os primeiros
mamíferos e seus predecessores imediatos, os cinodontes. [Science Daily]
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