Calcula-se
que quase 23 mil piscinas olímpicas de lama foram despejadas com rompimento de barragem
O
equivalente a quase 25 mil piscinas olímpicas de lama foi despejado nas
redondezas próximas à barragem que se rompeu na cidade de Mariana, em Minas
Gerais.
A
mineradora Semarco (responsável pelo local) garantiu que não há nada tóxico nos
62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro liberados durante
o acidente.
Mas
especialistas ouvidos pela BBC Brasil afirmaram que, apesar de o material não
apresentar riscos à saúde humana, ele trará danos ambientais que podem se
estender por anos.
“Comparado ao mercúrio, por exemplo, esse
rejeito não é tóxico, já que é formado basicamente por sílica. Ninguém vai
desenvolver câncer, nada disso. O risco não é para ao ser humano, mas para o
meio ambiente", disse o professor de geologia da Universidade Estadual de
Londrina (UEL) Cleuber Moraes Brito, que é consultor na área de meio ambiente e
mineração.
"Essa
lama avermelhada deve causar danos em todo o ecossistema da região, impactando
por anos seus rios, fauna, solo e até os moradores, no sentido de que o
trabalho deles, como a agricultura, pode se tornar impraticável."
SOLO ALTERADO
Os
danos ao meio ambiente no entorno da barragem podem ser, a grosso modo,
químicos ou de ordem física.
O
primeiro diz respeito à desestruturação química do solo, não só pelo ferro, mas
também por outros metais secundários descartados durante o processo de
mineração.
Resíduos
de mineração vão alterar pH do solo
|
Segundo
Cleuber, esse solo recebe uma incorporação química anormal, já que o resíduo
tem excesso de ferro, que pode alterar o pH da terra.
Já
o impacto físico dos rompimentos dizem respeito à quantidade de lama - e não à
composição.
"O
problema não é o material em si, mas o fato de a lama ter coberto a região,
soterrando a vegetação", diz Mauricio Ehrlich, professor de geotecnia da
COPPE, da UFRJ.
"Esse
resíduo é pobre em material orgânico, ou seja, não favorece o crescimento de
vegetação. Assim, o que acontece é que essa lama vai começar a secar
lentamente, criando uma capa ressecada por cima do solo, dificultando a
penetração de água. E, por baixo, esse solo segue mole."
Maurício
afirma ainda que, além do solo infértil, outro impacto ambiental está
relacionado aos rios da região. Com o vazamento, os sedimentos vão sendo
arrastados e se depositando nos trechos onde a corrente é mais fraca.
Lama
também poderá ter efeitos consideráveis nos rios da região
Isso
prejudica a calha dos rios, que podem ser assoreados, ficarem mais rasos ou até
terem seus cursos desviados.
Outro
risco é o de que muitas nascentes sejam soterradas.
Esse
impacto nos recursos hídricos também afeta sua fauna, especialmente peixes e
microrganismos que compõem a cadeia alimentar nos rios.
"Mudança
no perfil do solo, impacto nos recursos hídricos, na fauna. Quanto tempo a
natureza vai demorar para assimilar tudo isso?", questiona o geólogo da
UEL.
Segundo
ele, apesar de ainda ser cedo demais para se ter essa resposta, é possível
dizer que um programa para resgatar a área degradada em Mariana dure cerca de 5
a 10 anos.
Os
especialistas salientam que é preciso fazer um levantamento do impacto, sendo
que uma das primeiras medidas reais será retirar a lama o quanto antes,
especialmente por meio de escavação.
ONDA DE LAMA SE ESPALHARÁ E ATINGIRÁ 10 MIL QUILÔMETROS DE LITORAL
Já é
possível prever os danos ambientais causados pela lama tóxica, “assim que
chegar ao mar, a lama deve atingir cerca de 10 mil quilômetros quadrados do
litoral capixaba.” “A sopa de lama tóxica que desce no Rio Doce e descerá
por alguns anos toda vez que houverem chuvas fortes, irá para a região
litorânea do ES, espalhando-se por uns 3.000 quilômetros quadrados no litoral
norte e uns 7000 quilômetros quadrados no litoral ao sul”.
Créditos:
Folha Vitória
A lama
atingirá, também, três unidades de conservação ambiental (UCs): Comboios, Costa
das Algas e Santa Cruz. Juntas, as reservas somariam 200 mil hectares no
mar. “Santa Cruz é um dos mais importantes criadouros marinhos do Oceano
Atlântico. Um hectare de criadouro marinho equivale a 100 hectares de floresta
tropical primária. Isto significa que o impacto no mar equivale a uma descarga
tóxica que contaminaria uma área terrestre de 20 milhões de hectares ou 200 mil
km2 de floresta tropical primária”.
ONDA DE LAMA SE ESPALHARÁ E ATINGIRÁ 10 MIL QUILÔMETROS DE LITORAL
Já é
possível prever os danos ambientais causados pela lama tóxica, “assim que
chegar ao mar, a lama deve atingir cerca de 10 mil quilômetros quadrados do
litoral capixaba.” “A sopa de lama tóxica que desce no Rio Doce e descerá
por alguns anos toda vez que houverem chuvas fortes, irá para a região
litorânea do ES, espalhando-se por uns 3.000 quilômetros quadrados no litoral
norte e uns 7000 quilômetros quadrados no litoral ao sul”.
A lama
atingirá, também, três unidades de conservação ambiental (UCs): Comboios, Costa
das Algas e Santa Cruz. Juntas, as reservas somariam 200 mil hectares no
mar. “Santa Cruz é um dos mais importantes criadouros marinhos do Oceano
Atlântico. Um hectare de criadouro marinho equivale a 100 hectares de floresta
tropical primária. Isto significa que o impacto no mar equivale a uma descarga
tóxica que contaminaria uma área terrestre de 20 milhões de hectares ou 200 mil
km2 de floresta tropical primária”.
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