Com
a chegada do verão, aumenta a temperatura e também o risco de transmissão de
doenças como a dengue, zika e chikungunya, vírus que têm o mosquito Aedes
aegypti como vetor.
O
calor faz o ciclo de vida do mosquito se acelerar e também potencializa a
multiplicação da virose dentro do mosquito, o que aumenta as chances de
contágio por enfermidades.
Sebastião
Amaral Campos, agente da secretaria de Saúde de Piracicaba, no interior de São
Paulo, que atua e coordena a linha de frente de combate ao mosquito.
Mosquito é um dos vetores de doenças mais eficientes da natureza |
Com
ele, procuramos entender onde estão os focos de reprodução frequentemente
ignorados e que se tornam um risco ainda maior durante o período das férias.
Campos
destacou que o inseto é adaptável e persistente e gosta de água limpa e parada.
Ele coloca os ovos nas paredes desses criadouros, bem próximo à superfície da
água, porém não diretamente sobre ela. Daí a importância de lavar, com escova
ou palha de aço, os objetos onde pode haver focos.
Um
ovo pode sobreviver em média por um ano no seco. Mesmo que o local onde ele foi
depositado fique sem água, não significa que a ameaça acabou. Assim que
encontrar umidade novamente o ovo volta a ficar ativo e pode se transformar em
pupa, larva e, então, chegar à fase adulta em até sete dias.
À
seguir, cinco locais que merecem atenção especial no combate ao mosquito.
Piscina de criança
Casas
de praia, que são apenas utilizadas durante os fins de semana, apresentam um
grande risco de serem criadouros do mosquito, pois a água ficaria parada por
exatamente uma semana.
Ao
fechar o imóvel, os proprietários têm de tomar o cuidado de esvaziar todos os
recipientes contendo água limpa e parada e não deixar ao relento objetos com
superfícies que podem acumular chuva.
Sebastião
chama atenção especial para as piscinas infláveis de criança. É necessário
esvaziar e guardar, para não juntar água entre as dobras do plástico.
"Se
quiser deixar cheia, é muito importante colocar cloro. Só assim a larva do
mosquito não sobrevive", ressalta Campos.
Brinquedos
abandonados no jardim são outro fator de risco. "O baldinho de areia e o
potinho do cachorro têm de ser esvaziados, escovados e guardados na
garagem".
Vaso sanitário
Derramar
água sanitária nos ralos de varanda e cobrir a tampa do vaso são ações
importantíssimas.
Lugares
da casa que não são muito frequentados e podem acabar esquecidos, como um
banheiro de serviço ou uma varanda de fundos, merecem atenção redobrada.
Nessas
áreas, Campos recomenda usar muito cloro. "Às vezes, as pessoas não pensam
que o mosquito poderá utilizar o banheiro dentro da casa, mas, sim, ele vem,
pois é um bicho doméstico. Tem de tampar o vaso sanitário para não deixar
entrar".
Bromélias
As
plantas de folhas largas e cálice profundo podem acumular água nas suas
reentrâncias, gerando um criadouro ideal. Em muitos jardins, a flor fica presa
às paredes em placas de fibra de coco.
A
sensação visual vertical passa a falsa ideia de que não há água acumulada ali,
pois, em teoria, ela escorreria. "Esse é um problema principalmente nos
bairros mais abastados", diz Campos.
"O
pessoal rico pensa que dengue é coisa de pobre. Quando vamos visitar a
residência, já de cara não nos deixam entrar. Pensam que é assalto. Aí depois
entramos e está lá a bromélia cheia de água parada."
Segundo
a Fiocruz, estudos analisaram 30 mil larvas e pupas de mosquitos encontradas em
bromélias e apenas um pequeno percentual dessas larvas era de Aedes aegypti,
concluindo que, ainda que seja possível encontrar o mosquito nessas plantas, a
chance é pequena.
"Mas
todo cuidado é pouco: a recomendação é trocar a água que fica empoçada dentro
das bromélias no mínimo uma vez por semana. Assim, se houver larvas ali, elas
serão eliminadas antes de se transformar em mosquitos adultos", sugere o
site da Fiocruz.
Tampinha de garrafa
Tampa
de garrafa, canudos de plástico, lata de alumínio. Esses são alguns lugares
inusitados onde as equipes de Campos já encontraram ovas de Aedes aegypti. O
agente de saúde também ressalta que o lixo reciclado guardado em casa pode ser
um risco em potencial.
"O
mosquito gosta de água limpa e o chamado 'lixo seco', que pode acumular ao
relento até o dia da coleta seletiva e também virar foco de reprodução do
inseto. Tem de guardar dentro de casa. Não pode deixar nada descoberto, na
rua".
Casquinha de caramujo
A
casquinha vazia de um caramujo pode parecer pequena, mas guarda nela o
potencial para uma colônia de ovos do Aedes aegypti. Limpar com persistência os
cantos mais isolados do jardim é uma medida de sucesso do controle do mosquito.
"Já
encontramos mosquitos em casquinha de caramujo, de ovo, cada coisinha
pequeninha… Dá em tudo. Se bobear, o mosquito abusa", comenta Campos.
"Pare
e pense: esse é o bicho que mais mata no mundo hoje. Não tem como não levar a
sério. É preciso acabar com ele", conclui.
Muito importante esta matéria.
ResponderExcluirSão muitos lugares onde estes bichinhos podem se reproduzir.
Só que, muitas pessoas ainda não levam a sério...