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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

PROJETO AJUDA A DINAMIZAR A PECUÁRIA NO NOROESTE FLUMINENSE


Um projeto aposta na modernização da pecuária familiar do noroeste fluminense como uma alternativa para o desenvolvimento econômico da região. Com visitas regulares, uma unidade móvel de apoio técnico e veterinário – denominada VetMóvel – vem levando assistência gratuita a pequenos produtores de ovinocaprinocultura (ovelhas e cabras) e bovinocultura. A iniciativa, coordenada pelo engenheiro metalúrgico do Instituto Militar de Engenharia (IME) e produtor rural Umberto Ramos de Andrade, foi contemplada pela FAPERJ nos programas Prioridade Rio e Auxílio a Projetos de Inovação Tecnológica (ADT 1). 
O VetMóvel: unidade móvel leva assistência técnica e veterinária
  gratuita para os pequenos pecuaristas do noroeste do estado
De acordo com o coordenador do projeto, a proposta é ajudar a dinamizar o setor na região, que ainda se caracteriza pela criação extensiva de animais de qualidade genética inferior, em pequenas propriedades, de topografia acidentada. “Este quadro definitivamente incapacita o noroeste fluminense de participar do dinâmico e competitivo agronegócio nacional, próprio de São Paulo, Mato Grosso e Goiás”, afirma Andrade. Por isso, a ideia é implementar um modelo de inovação tecnológica social. “Com orientação tecnológica, os produtores rurais da região podem atingir a competitividade necessária para inserir seus produtos segundo os padrões internacionais, que são uma exigência da globalização dos mercados”, completa.
Transferência de tecnologia no campo
Circulando há apenas dois meses, desde setembro de 2011, o VetMóvel já atendeu cerca de 20 pequenos proprietários rurais localizados nos arredores dos municípios de Santo Antônio de Pádua, Itaocara, Itaperuna, Miracema e São José de Ubá. Durante as visitas mensais da unidade móvel aos pequenos produtores rurais, é possível orientá-los quanto a técnicas corretas de manejo; sobre alimentação adequada, tratamentos veterinários e reprodução animal.
A bordo do VetMóvel, são encontrados todos os instrumentos necessários para o controle reprodutivo dos animais e intensificação de material genético de qualidade. “Podem ser realizadas atividades como inseminação artificial, refrigeração ou congelamento do sêmen, transferência de embriões, diagnóstico ultrassonográfico de prenhez e de problemas reprodutivos”, detalha Andrade. Para diagnosticar patologias nos animais, como verminoses, a unidade móvel é equipada com microscópio para a realização de exames de fezes, na própria propriedade visitada. “De acordo com a patologia, o técnico será capaz de orientar o produtor quanto às medidas preventivas e terapêuticas mais apropriadas e em tempo hábil”, afirma.   
Para transferir esse conhecimento técnico aos criadores, o projeto segue o modelo do Programa Balde Cheio, da Embrapa, que otimizou a produção de leite de vaca e mudou a vida de pequenos produtores em diversas regiões do País. Segundo o modelo, em vez de exposição teórica na sala de aula, o conhecimento é transmitido na prática, de forma simples, direta e empírica. “Usar uma linguagem oral e acessível aos trabalhadores rurais é uma necessidade básica para o sucesso da transferência de tecnologia”, conta o engenheiro.
Novas oportunidades de agronegócio
Uma das metas do projeto é a organização da cadeia produtiva de ovinos e caprinos na região noroeste – desde o criadouro até a industrialização dos produtos. O projeto pode ser uma ponte entre os dois elos dessa cadeia, formando um arranjo produtivo local voltado a facilitar a comercialização de caprinos e ovinos. “Existe um segmento com potencial a ser explorado para a comercialização de carnes, leite e derivados de ovelhas e cabras, que têm altos preços no mercado interno”, afirma. “Hoje, o cardápio dos restaurantes mais sofisticados do Rio e São Paulo oferecem pratos de cordeiro entre os pratos mais caros”, diz.
Ultrassonografia realizada em propriedade rural atendida
 pelo projeto: reprodução animal é um dos focos do trabalho
Andrade cita um trabalho conduzido em 2008 pelo Centro de Conhecimentos em Agronegócios da Universidade de São Paulo, em cooperação com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que mostrou que existe oportunidade no mercado brasileiro para carne de cordeiro com padrão de qualidade. “A cadeia produtiva nacional ainda é desorganizada e há falta de produto para atender à crescente demanda, puxada pela região sudeste do País. Os investidores precisam se organizar e fomentar a produção, desenvolvendo estratégias de comercialização para aproveitar essa oportunidade”, destaca.
De acordo com o empreendedor, o projeto é uma chance de cooperar com o esforço de recolocar o estado do Rio de Janeiro e, em particular, o noroeste fluminense, em um dos eixos do agronegócio nacional, resgatando a antiga vocação regional de criação de pequenos animais, mas de forma moderna, organizada e sustentável. Ele ressalta ainda que é uma oportunidade para a inclusão econômica e social de uma população desprovida de alternativas de sobrevivência viáveis.
“Investir na pecuária da região é uma chance de gerar emprego e renda, reduzindo o impacto da migração de mão de obra não especializada para os grandes centros; de aumentar a produção leiteira no estado; e de elevar a renda média local, com o desenvolvimento de atividades ligadas à agropecuária familiar, capazes de possibilitar ao microprodutor lucros brutos operacionais superiores a R$ 20 mil por ano”, conclui Umberto de Andrade.
Também participam da iniciativa o zootecnista José Alcino Cosendey, a veterinária Karine de Castro Miereles Vieira e o veterinário Fernando Padilha. Além de recursos da FAPERJ, o projeto tem o apoio do Sebrae, responsável pela gestão dos recursos humanos envolvidos, e uma parceria com a prefeitura de Pádua, que está em vias de conceder um laboratório fixo para a realização de exames de sanidade animal.
FAPERJ/ Débora Motta

2 comentários:

  1. As coisas em nosso país demoram demais para acontecer. Há décadas que existe o processo de migração do povo rural para as áreas urbanas, em consequência do total abandono das autoridades brasileiras com relação ao assunto em pauta; portanto não é nenhuma novidade. Até que enfim alguém disposto está colocando o projeto em prática. Espero que vá adiante e consiga comover outros estados a seguirem o mesmo exemplo para manter o povo no campo e livrarem os grandes centros de mais miseráveis morando nas ruas ou em favelas.

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  2. É a pura realidade o homem do campo está abandonado à sua própria sorte. Deveria ser o contrário pois é do campo que vem o sustento alimentar de uma nação.

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