Requião
pergunta: “Brasil perdeu maioria no Senado para as multinacionais do petróleo?”
|
O PL
patrocinado pelo tucano Serra — e apoiado por Renan Calheiros, do PMDB — é
visto como o primeiro passo para a entrega completa do pré-sal.
|
Por
33 votos a 31, o Senado votou ontem à noite para manter o regime de urgência na
tramitação do PL de autoria do senador José Serra que permite às petrolíferas
estrangeiras explorar o pré-sal sem fazer parceria com a Petrobras.
Dezesseis
senadores estavam ausentes, dentre eles os petistas Walter Pinheiro e Jorge
Viana. A senadora Lidice da Mata, do PSB, também poderia ter ajudado a reverter
o resultado. Eram os três votos que faltaram.
O
governo Dilma assistiu ao desastre à distância.
Milhares
de brasileiros, enquanto isso, debatiam no twitter o destino dos integrantes do
BBB.
Uma
coisa, como notamos, está umbilicalmente ligada à outra.
Só
um país idiotizado aceita a entrega de seu patrimônio a preço de banana. É uma
decisão que dilapida a soberania nacional ao tirar poder da Petrobras.
O
argumento de Serra é de que a estatal brasileira não dispõe de fundos para
tocar a exploração do petróleo no ritmo em que deveria fazê-lo.
Portanto,
segundo o tucano, é preciso acabar com a exigência de que a Petrobras tenha
participação de ao menos 30% na exploração de cada uma das áreas do pré-sal.
Em
discurso recente no Senado, o senador Roberto Requião (PMDB-Paraná) elencou
seis motivos para sua oposição ao projeto de Serra.
Primeiro:
Este é o pior momento para se vender uma grande reserva de petróleo extraído a
baixo custo.
Segundo:
Sem o Pré-Sal a Petrobras entraria em falência
.
Terceiro:
A Petrobras é fundamental para a segurança estratégica do Brasil.
Quarto:
O desemprego avança no país. A Petrobras e suas operações no pré-sal são de
extrema importância para a retomada do desenvolvimento e para combater o
desemprego.
Quinto:
A Petrobras e o Brasil devem reservar-se o direito de propriedade, exploração e
de conteúdo nacional sobre o pré-sal, porque foram conquistas exclusivamente brasileiras
após décadas de pesado esforço tecnológico, político e humano.
Sexto:
O projeto Serra, que já era inconveniente e antinacional, com os baixos preços
do petróleo passou a ser lesivo, um crime contra a pátria.
Requião,
no discurso, estranhou a pressa para aprovar o projeto de Serra num momento em
que alguns países praticam dumping de petróleo, numa guerra geopolítica. Fez a
seguinte comparação: é como vender a própria casa a preço baixo com a garantia
de que nossa mãe será mantida no cargo de cozinheira.
O
senador paranaense também observou que o projeto de Serra está sendo tocado às
pressas, sem passar por comissões, enquanto lobistas frequentam os gabinetes em
nome de multinacionais como a Shell e a British Petroleum.
Repete-se,
aqui, de forma atenuada, o caso da mineradora Vale, vendida a preço de
banana por FHC: o ritmo de exploração do minério de ferro passou a ser ditado
exclusivamente pela conveniência dos compradores e do “mercado”. Como denuncia
o jornalista Lúcio Flávio Pinto, a demolição rápida de Carajás é um crime de
lesa-Pátria.
O PL
patrocinado pelo tucano Serra — e apoiado por Renan Calheiros, do PMDB — é
visto como o primeiro passo para a entrega completa do pré-sal.
Em
seguida viriam a volta do regime de concessão, aquele em que a petrolífera paga
um valor adiantado ao Tesouro e fica com 100% dos lucros do petróleo extraído.
É um regime que beneficia extraordinariamente as empresas estrangeiras, já que
o risco de não encontrar petróleo nos campos do pré-sal é zero!
O
governo Dilma já está patrocinando o desmantelamento da Petrobras, com a venda
parcial ou total de vários negócios da empresa.
Não
há dúvida de que a privatização da Petrobras, que Fernando Henrique Cardoso não
conseguiu conduzir em seu governo, está no horizonte.
O
senador Roberto Requião, no twitter, observou: “Teria o Brasil perdido a
maioria no plenário do Senado para as multinacionais do petróleo? Ainda espero
que não”.
Por
sua vez, a Carta Maior escreveu, na mesma rede social: “Não é sugestivo destes
tempos que o responsável pela funcionária-fantasma não tenha sido arguido pela
mídia e lidere a entrega do pré-sal?”.
É
uma referência ao fato de que José Serra emprega em seu gabinete a irmã da
ex-amante de FHC, Mirian Dutra. “Meg” Dutra Schmidt bate o ponto no Senado mas
não trabalha. Segundo Serra, está envolvida em um “projeto secreto”.
Com
o resultado de ontem, a votação do PLS 131 segue em regime de urgência.
Como
notou Paulo Henrique Amorim, a ação pública de Dilma em defesa dos direitos da
Petrobras resumiu-se a publicar uma nota no Facebook.
Marta
Suplicy, agora no PMDB, votou com Renan, Serra e Aécio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário