Esta foto foi escolhida pela BBC 28 de setembro, 2012 como uma das 20 mais bonitas

segunda-feira, 7 de março de 2016

RADIAÇÃO E SEUS MÚLTIPLOS EFEITOS EM AGUAS CONTINENTAIS

Por conta do formato da Terra e do seu movimento de translação junto ao sol, a latitude exerce o principal controle sobre o volume de insolação que um determinado lugar recebe. Isso ocorre porque a variação astronômica de insolação é uma função da latitude. O ângulo de incidência dos raios solares e a duração do dia em qualquer lugar são determinados pela localização latitudinal do lugar e variam de acordo com as estações do ano (AYOADE, 2002).
Nas regiões equatoriais o sol está sempre elevado culminando zenitalmente entre as latitudes de 23º N e 23º S. Ainda, nas regiões equatoriais, ocorre uma incidência de radiação solar mais vertical, o que determina maior quantidade de calor e temperaturas do ar mais elevadas (TOLENTINO, 1995). Esteves (1998), no capítulo em que trata da radiação solar e seus múltiplos efeitos em águas continentais, afirma que a reflexão da radiação nos corpos de água nas regiões equatoriais é menor e aumenta à medida que se aproxima dos polos. Assim, quando o ângulo de incidência da radiação solar é 0 o (perpendicular à superfície da água), apenas 2% da radiação incidente são refletidos (ESTEVES, op. cit). Desta forma, há uma distribuição latitudinal na temperatura dos corpos de água, acarretando águas mais quentes nos trópicos e mais frias nas latitudes temperadas e altas.
A temperatura dos corpos de água varia naturalmente de acordo com a temperatura do ar. A temperatura influencia fatores importantes na água como os níveis de oxigênio dissolvido, na diversidade e abundância da fauna aquática presente e na evaporação da água (TUCCI, 1997). Nos corpos de água, na grande maioria dos casos, a estratificação da coluna d’água é consequência do efeito da temperatura sobre a densidade da água. Sendo assim, a influência climática na estratificação térmica dos lagos continentais resultará em padrões de estratificação e de circulação distintos em regiões de climas temperados e tropicais (ESTEVES, op. cit). A temperatura também influencia na quantidade de oxigênio dissolvido nos corpos aquáticos. Por exemplo: a uma pressão de 760mmHg, 100% de umidade relativa e a 0ºC, solubilizam-se 14,60 mg de oxigênio por litro de água, enquanto que nas mesmas condições e à uma temperatura de 30ºC (frequentemente observada em lagos tropicais), solubilizam-se apenas 7,59mg/l (ESTEVES, op. cit). Essa diferença na quantidade de 18 oxigênio na água, a princípio pode significar que os organismos aquáticos tropicais têm muito menos oxigênio disponível do que os organismos de lagos temperados (ESTEVES, 1998).
Ciclo Biogeoquímicos

A alta temperatura do ar, que está associada à insolação, reflete também numa alta evaporação da água sob processo de difusão molecular e turbulência (TUCCI, 1997). Na região semiárida do Brasil, que se localiza bem na parte central do Planalto da Borborema, anualmente a evaporação excede as chuvas, salientando que, em alguns locais a precipitação anual total pode chegar a menos de 300mm, como ocorreu na seca de 1982 (SUDENE, 1990).


Nessas regiões quentes e semiáridas como é o caso do Cariri paraibano, os açudes podem perder grande quantidade de água por evaporação além dos rios que secam completamente   deixando só um caminho de areia em seu lugar. Quando os reservatórios do semiárido perdem muita água diminuem a capacidade de diluição de poluentes e microorganismos, que são muitas vezes lançados nessas águas por meio de esgotos domésticos e outros efluentes.
Nas regiões quentes chuvosas, como o litoral Paraibano e zona da mata, as chuvas que aumentam o nível das águas tornam as mesmas mais turvas, e quando os rios ou solos estão poluídos, as chuvas podem levar para os reservatórios, através do escoamento superficial, grande quantidade de poluentes.
Outro fator climático que tem importante papel nos lagos e reservatórios de água é o vento. Em reservatórios onde os ventos são constantes, há uma maior circulação do oxigênio dissolvido na água, que desce das camadas superficiais para camadas mais profundas. Já em reservatórios de água parada, podem ocorrer déficits de oxigênio dissolvidos logo nos primeiros metros de profundidade, podendo causar a morte dos organismos aeróbios (ESTEVES, op. cit).
É conhecido que os elementos do clima têm influência direta na quantidade e também nas características das águas dos lagos e rios, além de interferirem no ambiente físico do entorno, como na formação do solo e na cobertura vegetal. No entanto, as atividades antrópicas têm atualmente importante papel na qualidade da água e do ambiente, transformando a natureza em prol do seu bem estar. Neff et. al. (2000), afirma que o clima afeta diretamente na qualidade da água, porém este autor considera que é mais comum que o clima aumente os problemas de qualidade da água causados pela ação humana.

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