Por
conta do formato da Terra e do seu movimento de translação junto ao sol, a
latitude exerce o principal controle sobre o volume de insolação que um
determinado lugar recebe. Isso ocorre porque a variação astronômica de
insolação é uma função da latitude. O ângulo de incidência dos raios solares e
a duração do dia em qualquer lugar são determinados pela localização
latitudinal do lugar e variam de acordo com as estações do ano (AYOADE, 2002).
Nas
regiões equatoriais o sol está sempre elevado culminando zenitalmente entre as
latitudes de 23º N e 23º S. Ainda, nas regiões equatoriais, ocorre uma
incidência de radiação solar mais vertical, o que determina maior quantidade de
calor e temperaturas do ar mais elevadas (TOLENTINO, 1995). Esteves (1998), no
capítulo em que trata da radiação solar e seus múltiplos efeitos em águas
continentais, afirma que a reflexão da radiação nos corpos de água nas regiões
equatoriais é menor e aumenta à medida que se aproxima dos polos. Assim, quando
o ângulo de incidência da radiação solar é 0 o (perpendicular à superfície da
água), apenas 2% da radiação incidente são refletidos (ESTEVES, op. cit). Desta
forma, há uma distribuição latitudinal na temperatura dos corpos de água,
acarretando águas mais quentes nos trópicos e mais frias nas latitudes
temperadas e altas.
A
temperatura dos corpos de água varia naturalmente de acordo com a temperatura
do ar. A temperatura influencia fatores importantes na água como os níveis de
oxigênio dissolvido, na diversidade e abundância da fauna aquática presente e
na evaporação da água (TUCCI, 1997). Nos corpos de água, na grande maioria dos
casos, a estratificação da coluna d’água é consequência do efeito da
temperatura sobre a densidade da água. Sendo assim, a influência climática na
estratificação térmica dos lagos continentais resultará em padrões de
estratificação e de circulação distintos em regiões de climas temperados e
tropicais (ESTEVES, op. cit). A temperatura também influencia na quantidade de
oxigênio dissolvido nos corpos aquáticos. Por exemplo: a uma pressão de
760mmHg, 100% de umidade relativa e a 0ºC, solubilizam-se 14,60 mg de oxigênio
por litro de água, enquanto que nas mesmas condições e à uma temperatura de
30ºC (frequentemente observada em lagos tropicais), solubilizam-se apenas
7,59mg/l (ESTEVES, op. cit). Essa diferença na quantidade de 18 oxigênio na
água, a princípio pode significar que os organismos aquáticos tropicais têm
muito menos oxigênio disponível do que os organismos de lagos temperados
(ESTEVES, 1998).
Ciclo Biogeoquímicos |
A
alta temperatura do ar, que está associada à insolação, reflete também numa
alta evaporação da água sob processo de difusão molecular e turbulência (TUCCI,
1997). Na região semiárida do Brasil, que se localiza bem na parte central do
Planalto da Borborema, anualmente a evaporação excede as chuvas, salientando
que, em alguns locais a precipitação anual total pode chegar a menos de 300mm,
como ocorreu na seca de 1982 (SUDENE, 1990).
Nessas
regiões quentes e semiáridas como é o caso do Cariri paraibano, os açudes podem
perder grande quantidade de água por evaporação além dos rios que secam
completamente deixando só um caminho de
areia em seu lugar. Quando os reservatórios do semiárido perdem muita água
diminuem a capacidade de diluição de poluentes e microorganismos, que são
muitas vezes lançados nessas águas por meio de esgotos domésticos e outros
efluentes.
Nas
regiões quentes chuvosas, como o litoral Paraibano e zona da mata, as chuvas
que aumentam o nível das águas tornam as mesmas mais turvas, e quando os rios
ou solos estão poluídos, as chuvas podem levar para os reservatórios, através
do escoamento superficial, grande quantidade de poluentes.
Outro
fator climático que tem importante papel nos lagos e reservatórios de água é o
vento. Em reservatórios onde os ventos são constantes, há uma maior circulação
do oxigênio dissolvido na água, que desce das camadas superficiais para camadas
mais profundas. Já em reservatórios de água parada, podem ocorrer déficits de
oxigênio dissolvidos logo nos primeiros metros de profundidade, podendo causar
a morte dos organismos aeróbios (ESTEVES, op. cit).
É conhecido que os
elementos do clima têm influência direta na quantidade e também nas
características das águas dos lagos e rios, além de interferirem no ambiente
físico do entorno, como na formação do solo e na cobertura vegetal. No entanto,
as atividades antrópicas têm atualmente importante papel na qualidade da água e
do ambiente, transformando a natureza em prol do seu bem estar. Neff et. al.
(2000), afirma que o clima afeta diretamente na qualidade da água, porém este
autor considera que é mais comum que o clima aumente os problemas de qualidade
da água causados pela ação humana.
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