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sexta-feira, 28 de abril de 2017

CIENTISTAS APOSTAM EM LAGARTA COMEDORA DE PLÁSTICO CONTRA ACÚMULO DE LIXO



Uma lagarta que come sacolas de plástico pode ser a chave para combater a poluição ambiental, dizem cientistas.
Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram que a larva de mariposa, que se alimenta da cera da colmeia de abelhas, também pode degradar plástico.
 Larvas de lagartas em placa de Petri usadas no experimento. 
Direito de imagem CÉSAR HERNÁNDEZ/CSIC
Experimentos mostraram que o inseto pode quebrar as ligações químicas do plástico de forma semelhante à digestão da cera de abelha.
Por ano, cerca de 80 milhões de toneladas de polietileno são produzidas no mundo. Esse tipo de plástico, comum em material hospitalar e embalagens domésticas, leva cerca de 50 anos para se decompor na natureza.
Entretanto, as lagartas de mariposa (Galleria mellonella) podem fazer buracos na sacola de plástico em menos de uma hora.
O bioquímico Paolo Bombelli, da Universidade de Cambridge, é um dos pesquisadores do estudo publicado no periódico científico Current Biology.
"A lagarta é o ponto de partida", disse Bombelli à BBC News. "Precisamos entender os detalhes de como o processo ocorre. Esperamos ter uma solução técnica para minimizar o problema do acúmulo de resíduos de plástico."
Plástico depois de ser biodegradado por dez lagartas em 30 minutos. 
Direito de imagem CSIC COMMUNICATIONS DEPARTMENT
A descoberta é de Bombelli, em parceria com Federica Bertocchini, da Espanha. Com o trabalho, eles querem desvendar o processo químico por trás da degradação natural do plástico.
Eles dizem acreditar que os micróbios da lagarta - assim como do inseto em si - possam desempenhar um papel na degradação do plástico. Se o processo químico for identificado, ele poderia colaborar com o problema do acúmulo de plástico no ambiente.
"Planejamos implementar essa descoberta numa maneira viável de nos livramos dos resíduos de plástico, trazendo uma solução para salvar nossos oceanos, rios e todo o meio ambiente das consequências inevitáveis do acúmulo desse material", disse Bertocchini.
"Entretanto, não deveríamos sentir que podemos deliberadamente jogar polietileno no nosso ambiente simplesmente por que sabemos agora que temos como degradá-lo", acrescenta.

sábado, 22 de abril de 2017

CONSUMO DIÁRIO DE REFRIGERANTE DIET AUMENTA RISCO DE DERRAME E DEMÊNCIA, INDICA ESTUDO


Direito de imagem Getty Images

Bebidas adoçadas artificialmente, como refrigerante diet, podem aumentar o risco de acidente vascular cerebral e demência. É o que mostra uma pesquisa da Universidade de Boston, publicada na revista científica americana Stroke.
De acordo com o estudo, tomar pelo menos uma lata de refrigerante diet por dia está associado a um risco quase três vezes maior de sofrer um acidente vascular cerebral ou desenvolver demência.
O estudo ressalta, no entanto, que a versão "normal" das bebidas, adoçadas com açúcar, não está associada ao risco de desenvolver qualquer uma dessas condições, contrariando algumas pesquisas já realizadas anteriormente.
"Não foi surpresa descobrir que a ingestão de refrigerante diet está associada com acidente vascular cerebral e demência. O que me surpreendeu foi que a ingestão de bebidas adoçadas com açúcar não está associada a esses riscos, porque as bebidas com açúcar são conhecidas por não serem saudáveis", disse Matthew Pase, que coordenou a pesquisa, em entrevista à CNN.
Os pesquisadores admitem, no entanto, que não conseguiram provar uma relação direta de causa e efeito entre a ingestão de bebidas adoçadas artificialmente e o aumento do risco de derrame e demência. Segundo eles, trata-se de uma associação, já que o estudo se baseia em observações e dados fornecidos por meio de um questionário sobre hábitos alimentares.
A pesquisa
Cerca de 4 mil pessoas participaram da pesquisa, que organizou dois grupos de estudo por faixa etária: 2.888 adultos com mais de 45 anos (para analisar a incidência de derrame) e 1.484 com mais de 60 anos (para avaliar os casos demência). Os dados, coletados por meio de questionários, foram cedido pelo Framingham Heart Study, extenso projeto da Universidade de Boston sobre doença cardiovasculares.
Os pesquisadores analisaram a quantidade de bebidas e refrigerantes diet e normal ingerida por cada participante, em diferentes momentos, entre 1991 e 2001. Em seguida, compararam com o número de pessoas foram vítimas de derrame ou demência num prazo de 10 anos. No período, foram observados 97 casos de acidente vascular cerebral (82 isquêmicos, causado por vasos sanguíneos bloqueados) e 81 de demência (63 compatíveis com Alzheimer).
"Após fazer ajustes por idade, sexo, educação (para análise da demência), ingestão calórica, qualidade da dieta, atividade física e tabagismo, maior consumo recente e maior de refrigerantes adoçados artificialmente foram associados a um risco maior de AVC isquêmico e demência, como a doença de Alzheimer", diz o estudo.
De acordo com a pesquisa, aqueles que consumiam pelo menos umas latas de bebida diet diariamente eram 2,96 vezes mais propensos a sofrer um acidente vascular cerebral isquêmico e tinham 2,89 vezes mais tendência a desenvolver o mal de Alzheimer do que aqueles que bebiam menos de uma vez por semana.
Outros estudos
Essa não é a primeira vez que bebidas diet são associadas ao desenvolvimento de problemas de saúde. A pesquisa cita o estudo Northern Manhattan, que teria revelado que "o consumo diário de refrigerante adoçado artificialmente estava ligado a um risco maior de incidentes vasculares, mas não de acidente vascular cerebral".
Outro exemplo mencionado é o Nurses Health Study and Health Professionals, que mostrou que "o alto consumo de açúcar e refrigerantes adoçados artificialmente foi associado a um risco maior de derrame".
Fonte: BBC

O ESTRANHO MAMÍFERO CAPAZ DE VIVER 18 MINUTOS SEM OXIGÊNIO



De sangue frio, ele não tem olfato e é imune ao câncer. O rato-toupeira-pelado (Heterocephalus glaber) é um dos mamíferos mais estranhos do mundo, mas também é repleto de características raras.
Este roedor oriundo do leste da África corre para trás com a mesma facilidade com que vai para frente. Também come seus próprios excrementos.
De aspecto estranho, o roedor não para de surpreender os cientistas. Direito de imagem PA
Agora, cientistas descobriram mais uma habilidade que torna esses animais ainda mais excepcionais: eles são capazes de sobreviver por até 18 minutos sem oxigênio, uma circunstância que leva à morte outros mamíferos.
Como faz isso? Colocando em ação um sistema metabólico que só é encontrado em outra espécie completamente diferente de seres vivos: as plantas.
Roedor tem sangue frio, ou seja, não regula internamente sua temperatura. Direito de imagem PA
Quando o oxigênio se esgota, explicam os autores do estudo publicado na revista Science, eles deixam de queimar a glucose como fonte de energia e usam a frutose.
Sem danos
O ar que respiramos tem normalmente cerca de 21% de oxigênio. Se nos submetermos a um processo de adaptação, podemos sobreviver com um nível de cerca de 10%. Abaixo disso, o corpo deixa de funcionar bem. Com 5%, nosso organismo para.
Thomas Park, professor da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos e coautor do estudo, colocou um grupo destes animais em um ambiente com 5% de oxigênio. Depois de cinco horas, não demonstravam qualquer sinal de problema.
Roedor vive em colônias subterrâneas de até 300 indivíduos. Direito de imagem PA
O nível foi reduzido então a zero. Para surpresa dos cientistas, este roedores entraram em um estado de animação suspensa por pouco mais de 18 minutos "sem nenhum dado neurológico", como explica Jane Reznick, bióloga do Centro de Medicina Molecular Max Delbrück em Berlim, na Alemanha, coautora da pesquisa.
Capacidade latente
Ainda que os cientistas soubessem que esses mamíferos vivem em colônias subterrâneas onde o oxigênio é escasso, nunca antes haviam sido testado o limite de sobrevivência deste roedor.
Nos experimentos, diante da redução do nível de oxigênio, os animais fecharam os olhos, pararam de se mover e diminuíram suas pulsações e ritmo respiratório de forma drástica.
Diante da ausência de oxigênio, o roedor entra em um estado de animação suspensa. 
Direito de imagem PA
Para sobreviver, desligaram um sistema metabólico, baseado em glucose, e ativaram outro, que usa a frutose e dispensa o oxigênio para funcionar. Não se trata de um método muito eficiente, mas permite produzir energia de uma forma estável.
Os pesquisadores acreditam que estes animais desenvolveram uma estratégia singular para se adaptar ao estilo de vida nas colônias subterrâneas que habitam.
Entender como ocorre essa troca metabólica pode ajudar a criar tratamentos para pacientes que sofrem com uma crise de falta de oxigênio, como em ataques cardíacos ou problemas cerebrais.
O próximo passo da pesquisa será averiguar se os seres humanos têm uma capacidade latente de fazer o mesmo.