Uma lagarta
que come sacolas de plástico pode ser a chave para combater a poluição
ambiental, dizem cientistas.
Pesquisadores
da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram que a larva de
mariposa, que se alimenta da cera da colmeia de abelhas, também pode degradar
plástico.
Larvas de lagartas em placa de Petri usadas no experimento.
Direito de
imagem CÉSAR HERNÁNDEZ/CSIC
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Experimentos
mostraram que o inseto pode quebrar as ligações químicas do plástico de forma
semelhante à digestão da cera de abelha.
Por ano,
cerca de 80 milhões de toneladas de polietileno são produzidas no mundo. Esse
tipo de plástico, comum em material hospitalar e embalagens domésticas, leva
cerca de 50 anos para se decompor na natureza.
Entretanto,
as lagartas de mariposa (Galleria mellonella) podem fazer buracos na
sacola de plástico em menos de uma hora.
O
bioquímico Paolo Bombelli, da Universidade de Cambridge, é um dos pesquisadores
do estudo publicado no periódico científico Current Biology.
"A
lagarta é o ponto de partida", disse Bombelli à BBC News. "Precisamos
entender os detalhes de como o processo ocorre. Esperamos ter uma solução
técnica para minimizar o problema do acúmulo de resíduos de plástico."
Plástico depois de ser biodegradado por dez lagartas em 30 minutos.
Direito
de imagem CSIC COMMUNICATIONS DEPARTMENT
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A
descoberta é de Bombelli, em parceria com Federica Bertocchini, da Espanha. Com
o trabalho, eles querem desvendar o processo químico por trás da degradação
natural do plástico.
Eles
dizem acreditar que os micróbios da lagarta - assim como do inseto em si -
possam desempenhar um papel na degradação do plástico. Se o processo químico
for identificado, ele poderia colaborar com o problema do acúmulo de plástico
no ambiente.
"Planejamos
implementar essa descoberta numa maneira viável de nos livramos dos resíduos de
plástico, trazendo uma solução para salvar nossos oceanos, rios e todo o meio
ambiente das consequências inevitáveis do acúmulo desse material", disse
Bertocchini.
"Entretanto,
não deveríamos sentir que podemos deliberadamente jogar polietileno no nosso
ambiente simplesmente por que sabemos agora que temos como degradá-lo",
acrescenta.