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segunda-feira, 20 de junho de 2011

VOLTAIRE QUANDO DO TERREMOTO DE LISBOA NO SÉCULO XVIII

Vivemos no século das catástrofes ambientais, o mundo inteiro sofre com a resposta da natureza a tantas agressões, os desastres afetam a natureza em si, toda a sua harmonia e equilíbrio ambiental. Prejudica uma população, sua economia, e, dependendo da intensidade, pode afetar uma nação inteira com fome, miséria e muita necessidade material e emocional. O descaso do ser humano para estes sinistros são surpreendentes, vejo uma turba de governantes preocupados em aparecer na mídia e não moverem um dedo para amenizar as perdas econômicas, sociais e vidas humanas, em consequências dos problemas ambientais, criados por eles e nós mesmos.
Voltaire, no século XVIII, deixou uma lição ao escrever sobre um terremoto que dizimou Portugal, catástrofe que se abateu sobre Lisboa em 1755. As palavras de Voltaire se encaixam perfeitamente no século em que vivemos.
E o grande Criador, Ser Supremo, de bondade e misericórdia onde estava? Que deixou e deixa tudo isto acontecer? Castigo, dirão alguns! Se é um castigo divino; que se penalizem todos.
Hipocrisia, digo eu! Isto não é nada mais do que a colheita do que plantamos.

Antônio Abujamra declama texto de Voltaire.
Ó infelizes mortais, ó terra deplorável.
Ó ajuntamento assustador de seres humanos! Eterna diversão de inúteis dores!
Filósofos alienados que proclamam: — tudo vai bem. Venham contemplar essas ruínas horrendas, esses destroços, esses farrapos, essas cinzas malditas, essas mulheres e essas crianças amontoadas sob mármores partidos, seus membros espalhados.
Cem mil desafortunados que a terra devora, que sangrando, dilacerados, e ainda palpitando, enterrados sob seus tetos, sucumbem sem socorro, no horror de tormentas findando seus dias!
Diante dos gritos de suas vozes moribundas, do horror de suas cinzas ainda crepitantes, vocês dirão: é a consequência de leis eternas que um Deus livre e bom resolveu aplicar?!
Vocês dirão, vendo esse amontoado de vítimas: Deus vingou-se, e a morte deles é o preço de seus crimes?!
Que crime, que falta cometeram essas crianças esmagadas e sangrentas sobre o seio materno? Lisboa, que não mais existe, teria mais vícios que Londres, que Paris, submersas em delícias?
Lisboa está destruída e dança-se em Paris.
Espectadores tranquilos, intrépidos espíritos, contemplando a desgraça desses moribundos, vocês procuram  — em paz — as causas do desastre: Tudo vai bem — dizem vocês — e tudo é necessário.
Por acaso o universo, sem esse abismo infernal, sem submergir Lisboa, estava sendo pior?
Voltaire
François-Marie Arouet (1694-1778), pseudônimo 
Voltaire, escritor ensaísta e filósofo francês



6 comentários:

  1. Vou colocar aqui minha humilde visão de tudo que tenho visto e ouvido ultimamente. Parece mesmo que a tragédia foi institucionalizada e já bateram o martelo....o juízo está feito e determinado, sem direito a recorrência. Estamos sim vivendo um colapso, colhendo os frutos amargos da insanidade daqueles insensíveis de extrema ganância sem limites. A terra ficou totalmente inconstante e insegura, manifestando através de catástrofes cada vez mais violentas, como nunca visto antes. Há um mutismo generalizado em dizer a verdade. Vejam há quanto tempo Voltaire alertava do perigo iminente da ganância!!! Estamos sim no limite da loucura! Estamos ficando vazios e despedaçados de tanto pedirmos socorro, mas quem nos ouvirá? Gil? Parabéns por estar sendo um porta-voz, ainda que na escuridão.

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  2. A frequência com que os desastres ambientais vem ocorrendo é alarmante, mais os seres humanos são egoístas e pensam em viver o momento, perderam a maior capacidade, que é a de prever o futuro. existe uma geração do agora, o depois já não interessa, quem virá para adiante que aguente as mazelas deixada pelos inconsequentes, triste pesar para as gerações vindouras, vão receber de herança uma terra toda deteriorada e com todos os recursos extinguidos. Uma lástima.

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  3. Amigo Gil, não sei de onde você consegue tirar tanto conhecimento, para aplicar nos dias atuais. Cara! Como eu te invejo. Quantas pessoas não te entendem, coitadas delas! Nunca tiveram o privilégio de conviver com você e suas colocações.
    Como você é atual, mesmo buscando um texto secular. Parabéns! Gil.
    Seu amigo Arnaldo!

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  4. Oi Arnaldo, quanto tempo amigo. Lembro-me de você, amiúde, quando discutíamos "A Balsa da Medusa", lembra, você me deve explicações de quando eu dizia que a pintura refletia o caminho que a humanidade estava tomando em relação as questões ambientais, e isto só tem 20 anos. O tempo passou e a minha certeza se acentuou. Bom saber que você mesmo de longe está perto. Amigo de verdade. Lembra ainda sou, mesmo com idade do lobo, o velho Kid Malvadeza!!!

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  5. Perdoa Gil, mas quero falar com seu amigo Arnaldo sobre você. Arnaldo!!! Gil é uma pessoa inteligente demais para os padrões da massa medíocre. Tem muita perspicácia, memória invejável, muita benevolência, sentimentalista em excesso, um humor maravilhoso, brilhantemente racional e com um coração enorme. Busca ardentemente ter conhecimento e é um enciclopédia de leituras dos grandes gênios da humanidade. Por razõs óbvias ele não poderia ser mesmo compreendido por pessoas insignificantes e comuns. Parabéns pra você, para mim que tivemos o privilégio de tê-lo como amigo.

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  6. Ler e aprender são coisas que qualquer indivíduo pode fazer por seu próprio livre-arbítrio – mas pensar não. Esta frase não é minha, como gostaria que fosse, é de Schopenhauer, meu reflexo, não o meu espelho. Quem sabe todo mundo pudesse ter um reflexo, no espelho, para refletir, não a nossa imagem, mais a antítese da imagem que reflete.Questionamento e curiosidade, sempre foi a força que moveu o homem à sua sobrevivência. Porque tudo isto agora estão nas mãos dos cientistas? Sou humano, curioso e questionador, e serei até o fim dos meus dias, e nem sei se tudo que aprendi, nos bancos das cátedras ou empiricamente, me torna um cientista. Em suma, não acredito em tudo que me dizem. Aliás já nasci descrente.

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