Como sabemos
os oceanos e mares não são massas de águas estáticas. Muito além do que
é mais visível, principalmente devido às marés (influenciadas pela gravitação
lunar) e das ondas (influenciadas principalmente pelo vento), as grandes massas
de água agitam-se e movimentam-se devido às correntes marítimas (fenômeno
proveniente, principalmente, das diferenças de temperaturas entre as várias
zonas dessas mesmas massas de água, ou daquelas que com elas confinam). Assim,
as águas marítimas e oceânicas estão em constante movimento, com correntes bem
definidas que deslocam quantidades imensas de água, com forças capazes
de arrastar quase tudo. Nesse tudo inclui-se muito do lixo que se deposita
deliberadamente ou que indiretamente acaba por ir parar a essas grandes massas
de água. No caso dos plásticos, por serem de difícil desintegração,
e serem muitas vezes leves o suficiente para serem arrastados e ficarem
até em suspensão, o problema do lixo oceano adquire uma nova dimensão.
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Civilização Congelada - Arman
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Na maior
parte dos oceanos existem zonas onde a confluência de várias correntes tende a
criar zonas neutras, ou seja, zonas onde as correntes se anulam e
equilibram, onde os detritos se acumulam em suspensão contínua [2].
Criam-se assim vórtices e respetivas zonas propensas de acumulação, que podem
ocupar zonas imensas, maiores que estados e países – por exemplo, o vórtice de
lixo do Pacífico Norte é maior que o estado do Texas (695.661,56 km2) -, onde
determinados tipos de lixo se vão acumulando, especialmente os leves e
quase indestrutíveis plásticos.
Apesar
dos plásticos poderem ser inertes, a fauna e flora marítima desses locais
de acumulação oceânica está sendo influenciada pela presença dos objetos
estranhos. Muitos dos peixes, e outros animais (aves, tartarugas e mamíferos
aquáticos) ingerem os plásticos, confundindo-os com alimento [1]. Ao
perigo inerente ao próprio plástico, juntam-se os efeitos de outros
poluentes muito mais perigosos que, pelo efeito “esponja”, lhes
aderem. Além de ser perigoso para a vida marinha, a influências destes
poluentes pode afetar indiretamente a saúde humana, uma vez que podemos
estar ingerindo, por exemplo, peixes que, por sua vez, ingeriram esses produtos
potencialmente perigosos. Dados da Greenpeace sugerem que para cada
quilo de plâncton existente na zona do vórtice do Pacífico Norte existe 6
quilos de plástico [1]. Mas essa grande quantidade de plástico nem sempre
corresponde a pedaços de grandes dimensões (a maior parte tem cerca de 1 cm ou
muito menos). Têm sido reveladas fotografias falsas, especialmente na Internet,
como sendo do vórtice de Lixo do Pacífico, no entanto algumas delas são de
outros locais (habitualmente lagos e rios altamente poluído, próximos de locais
de forte ocupação humana) [3].
Localização da Sopa de plástico |
No
entanto alguns estudos desvalorizam, parcialmente, ou simplesmente
concluem que pouco se poderá dizer quanto aos efeitos reais da ingestão de
plástico pela fauna. Apesar disso não se negam os efeitos dos plásticos nesses
ecossistemas. É consensual que os elementos estranhos, como os plásticos,
levam ao desequilíbrio ambiental, uma vez que os pedaços de plástico
estão fazendo crescer outros organismos à sua volta, ou até transportar
novas espécies estranhas para a zona [3][4].
Independentemente
dos impactos ambientais, um dia, no futuro, quando escassear matéria-prima para
produzir plásticos, ou simplesmente no vórtice do lixo a concentração de
polímeros for tão grande que se torne viável a sua reutilização – porque a
tendência é continuar a crescer -, talvez aquela seja de fato uma das maiores
fontes para a obtenção de novos produtos de plástico.
Vídeo (Espanhol)
Referências
Bibliográficas
[1]
"The Trash Vortex" http://www.greenpeace.org/international/en/campaigns/oceans/pollution/trash-vortex/
[2] "Great Pacific Garbage Patch" http://en.wikipedia.org/wiki/Great_Pacific_Garbage_Patch
[3] "Lies You’ve Been Told About the Pacific Garbage Patch" http://io9.com/5911969/lies-youve-been-told-about-the-pacific-garbage-patch
[4] "Increased oceanic microplastic debris enhances oviposition in
an endemic pelagic insect" http://rsbl.royalsocietypublishing.org/content/early/2012/04/26/rsbl.2012.0298.full#F1
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