Numa
breve análise da evolução histórica das sociedades, tentando definir um padrão
contínuo, muitos equipamentos, serviços e funções sociais começaram por ser coletivos/públicos.
Mas a tendência individualista e a capacidade dos sistemas produtivos em série
(segundos os modelos Fordistas e Tayloristas) conseguiram
disponibilizar alguns desses bens diretamente a cada pessoa,
individualizando-os. Por exemplo: os banhos e WCs começaram por ser públicos
(basta lembrar a antiga Roma) e posteriormente tornaram-se em comodidades
privadas; os relógios e sinos transformaram-se em relógios de sala ou parede
coletivos, depois em objetos individuais de bolso ou pulso; Os telefones
começaram por ser coletivos, passando também a equipamentos familiares ou
empresariais, e mais recentemente tornaram-se completamente individuais com a
generalização dos celulares.
Ou
seja, estas tendências foram possíveis porque os sistemas produtivos (em
massa) o permitiram, mas porque os modelos de consumo se alteraram. Estas
comodidades continuariam provavelmente a ser mais sustentáveis se fossem de uso
coletivo, mas o individualismo e prosperidade econômica permitiu que a
“privatização” fosse viável. O mesmo não aconteceu com outros equipamentos
urbanos – orientando esta reflexão para o urbanismo -, tal como hospitais,
universidades, estádios, etc*. Ainda que seja possível alguém ter, por exemplo,
uma piscina privada, será difícil mesmo para uma família da classe média ter
uma clínica privada em casa.
Curiosamente,
nos dias que correm, redescobrem-se as formulas coletivas antigas. Começam a
surgir cada vez mais sistemas alternativos que contrariam os modelos
consumistas individualistas, especialmente pela crescente consciência
ambiental. A reutilização de bens por opção é uma realidade, tal como a
partilha – basta lembrar os sistemas de “car sharing” e “car pulling”.
Os modelos contemporâneos
de desenvolvimento urbano, que se ligam com todo o tipo de desenvolvimento no
geral, tendem para soluções heterogêneas e adaptadas a realidades físicas,
sociais, econômicas e outras particulares (desde a grande cidade à realidade de
uma pequena rua ou bairro, sabendo-se que a solução para cada caso quase nunca
é aplicável noutras realidades). Inseridas nessa tendência reforça-se a
necessidade de assegurar a sustentabilidade através da utilização racional de
recursos através de partilha, reutilização e reutilização. Assim, em parte,
contraria-se a individualização e certos bens e serviços, sendo que existe cada
um novo ponto de equilíbrio a terá peso incontornável: a sustentabilidade. Já
não é aceitável consumir mesmo que tal seja economicamente viável no presente,
pelo menos já não é válido em todos os locais, para tudo e todos os casos.
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