Sistema hidrotermal na
depressão de Danakil, na África. Depósitos amarelos são uma variedade de
sulfatos, e as áreas vermelhas são óxidos de ferro - Imagem
FELIPE GOMEZ EUROPLANET 2020RI
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É o lugar
mais quente do planeta, e isso não se sente apenas no ambiente externo.
Também é
o mais quente no solo. Como é uma depressão, o magma está mais próximo da
superfície, o que faz com que a água da chuva e do mar (que infiltra na terra)
se esquente até estourar em gêiseres de 90ºC de temperatura, levantando nuvens
amarelas de enxofre e impregnando o ar com sais de cloreto.
A
depressão Danakil, na Etiópia, é um dos locais mais inóspitos do mundo.
O rio
Awash chega até lá para morrer sem alcançar o Oceano Índico. Não há plantas nem
animais nem vida - será?
Isso foi
o que o astrobiólogo Felipe Gómez foi verificar.
Região possui
estruturais naturais em forma de cogumelos -
Imagem
FELIPE GOMEZ EUROPLANET 2020RI
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Para ele,
a viagem é a realização de um "sonho de criança".
"Sempre
quis me relacionar com as ciências espaciais. O que não podia imaginar era
poder desenvolver isso. Sempre fui apaixonado pelo universo. Além disso, a
vida, o processo químico que conhecemos como vida, me intrigava muito, e o fato
de os cientistas não entrarem em acordo sobre o que ela é".
Gómez
conciliou as duas coisas e se envolveu com o Centro de Astrobiologia da
Espanha, em colaboração com o Instituto de Astrobiologia da Nasa (agência
espacial americana).
"Envolvi-me
em projetos espaciais, estudando a habitabilidade, e acabei em pesquisas sobre
a vida em ambientes extremos", afirma Gómez, sobre como foi parar nesse
ponto da África em que o movimento das placas tectônicas está causando uma
ardente depressão.
Chaminés amarelas de
sulfato e óxidos de ferro vermelhos-
Imagem FELIPE GOMEZ EUROPLANET 2020RI |
Vida no
limite
Gómez
queria "estudar a vida desde o ponto de vista dos limites: em qual momento
aparece e quanto suporta".
"Isso
me levou ao Atacama, à Antártica, ao Ártico e agora à Etiópia, que são tão
extremos que parecem outros planetas. O passo seguinte é verificar se realmente
existe a possibilidade de vida fora da Terra. Podemos encontrá-la em Marte, por
exemplo? E se encontrarmos, vamos reconhecê-la?", disse o pesquisador à
BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
Ou seja:
apesar de ter os pés na Terra - em brasas ou congelada -, Gómez vive com a
mente em outro mundo. "Certo, certo", diz ele, aos risos.
Pesquisadores coletam
amostras de poços ricos em cobre que se formam entre depósitos de sulfato
Imagem FELIPE GOMEZ EUROPLANET 2020RI |
O
astrobiólogo e equipe se hospedaram em um povoado da etnia afar, último ponto
habitado na região, muito próximo à fronteira com a Eritreia.
"É
uma região completamente desabitada, mas é preciso ir com seguranças, porque as
fronteiras estão próximas e a situação é complicada."
Até nesse
deserto, a ameaça humana está presente. E não é o único risco que a equipe tem
que enfrentar.
"Não
se pode respirar as emissões de enxofre, então tínhamos que sair quando o vento
trazia essa substância."
Vapor de enxofre e cloro
cobre os depósitos de sal ricos em enxofre. Imagem FELIPE GOMEZ EUROPLANET 2020RI
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O
trabalho se deu em uma condição "multiextrema": temperaturas
elevadas, pH muito ácido, alta carga de metais. "Realmente muito
interessante, não?", brinca Gómez.
O
resultado final do trabalho ainda está por vir, mas os primeiros achados
convenceram Gómez de que há vida por lá.
"Onde
há água, há vida, quaisquer sejam as condições ambientais."
O amarelo do enxofre, o vermelho do ferro e o verde do cobre embelezam
a paisagem, mas são sinais de vida? Imagem FELIPE GOMEZ EUROPLANET 2020RI |
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