Donos de
cães e gatos de estimação devem ter cuidado com as plantas decorativas ou
ornamentais que têm dentro de casa ou no jardim. Muitas delas são tóxicas e
podem causar graves danos aos bichos, até mesmo a morte.
Para
alertar sobre esses riscos, quatro grupos de alunos da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), liderados pela
professora Silvana Lima Gorniak, realizaram uma pesquisa em clínicas
veterinárias de São Paulo, para verificar quais que mais causam intoxicações em
animais de estimação.
Estudo da USP levantou plantas que causam mais problemas quando ingeridas por animais domésticos. Direito de imagem Getty Images. |
O
resultado foi a elaboração de uma lista com 16 plantas tóxicas e um pôster com
as quatro mais comuns e que mais causam problemas, que está sendo afixado em
clínicas veterinárias paulistas e até de outros Estados, como alerta aos
proprietários.
No rol estão
antúrio, avenca, azaleia, bico-de-papagaio, comigo-ninguém-pode, copo-de-leite,
coroa de cristo, espada-de-são-jorge, espirradeira, fumo bravo, lírio,
lírio-da-paz, maconha, mamona, tomate verde e violeta.
Perigo
O
levantamento constatou que, das quatro que mais causam intoxicação, a campeã
absoluta de ingestão por cães e gatos é a comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia
sp), muito comum em casas e apartamentos. Ela é muito apreciada pelas
pessoas por causa da beleza de sua folhagem, da facilidade de cultivo e da
crença popular de que traz proteção ao lar.
O oxalato
de cálcio e outras substâncias presentes na planta irritam as mucosas dos
animais. O envenenamento pode ocorrer por ingestão de qualquer parte da planta,
contato com os olhos ou a pele. Os sintomas variam desde edema (inchaço),
irritação da mucosa até mesmo asfixia e morte, sempre com dor intensa.
Considerada
um dos símbolos da cidade de São Paulo, a azaleia (Azalea sp) também é
responsável por um grande número de casos de intoxicação de animais domésticos.
Seu princípio ativo é a andromedotixina, uma substância cuja ingestão pode
causar distúrbio digestivos até seis horas após o animal ter comido a planta.
Além
disso, ele causa alterações no débito cardíaco (volume de sangue que é bombeado
pelo coração em um minuto).
Bicos-de-papagaio, plantas que costumam
adornar as casas no Natal, são perigosas para cães e gatos. Direito
de imagem Getty Images
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A
espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata), também muito cultivada
devido à crença de que traz prosperidade, "contém glicosídeos pregnânicos
e saponinas esteroidais", segundo Silvana.
"Essas
substâncias causam dificuldade de movimentação e de respiração, devido à
irritação da mucosa e salivação intensa."
A
especialista alerta ainda que todas as partes do lírio-da-paz (Spathiphyllum
wallisii) são tóxicas para os bichos. Os sintomas de envenenamento incluem
irritação na boca e nos olhos, coceira, dificuldade de engolir e, nos casos
mais graves, até de respiração. Além disso, podem ocorrer alterações
neurológicas e das funções renais.
Embora
sejam as que causam a maioria dos casos de intoxicação, essas quatro plantas
não são as mais venenosas.
Entre as
mais tóxicas está a espirradeira (Nerium oleander). Apesar de acontecer
muito raramente, sua ingestão por cães e gatos causa arritmia, vômito,
diarreia, ataxia (perda da coordenação muscular), dispneia (respiração rápida e
curta), paralisia, coma e até a morte.
"Esses
sintomas podem ser observados entre 1 e 24 horas após sua ingestão",
informa Silvana.
Maconha
A
surpresa do levantamento ficou por conta da maconha (Cannabis sativa).
Embora tenha seu cultivo proibido no Brasil, há muitos casos de intoxicação de
animais por essa planta.
Os
pesquisadores acreditam que a maioria deles ocorre pela inalação da fumaça do
cigarro de maconha consumido perto dos animais. Ou então pela ingestão das
folhas ou alimentos que contenham o tetraidrocanabinol (THC), o princípio ativo
da erva.
A
intoxicação por Cannabis pode causar depressão, perda do controle
muscular durante movimentos voluntários, desorientação, tremores, convulsões,
desordens comportamentais, aumento de sensibilidade de maneira geral e da
sensibilidade a dor (hiperestesia).
Intoxicação por Cannabis em animais é
frequente, apesar de cultivo ser proibido no Brasil. Direito
de imagem Getty Images
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"Também
pode ocorrer midríase (dilatação da pupila), que, em algum casos, resulta em
fotofobia. Normalmente esses sintomas se desenvolvem de uma a três horas após a
ingestão", alerta Silvana.
"O
ideal é tirar estas plantas do alcance dos animais e prestar atenção ao passear
com eles em ambientes externos, pois elas estão por toda parte."
O consumo
de plantas para uso medicinal no caso dos animais também é indicado apenas com
orientação de um médico veterinário.
Caso o
animal apresente qualquer sintoma que o proprietário suspeite ser causado por
ingestão de uma planta, ele deve ser encaminhado a uma clínica. Se conseguir
identificar qual foi a espécie ingerida, é importante levar uma amostra ao
profissional.
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