Simulação mostra impacto de meteoro
responsável pela extinção da vida na Terra há 66 milhões de anos
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Uma
expedição deu a largada para explorar uma cratera no Golfo do México que traz
pistas sobre o fenômeno que dizimou os dinossauros.
Com
100 km de comprimento e 30 km de largura, a cratera de Chicxulub se formou há
66 milhões de anos, pela ação de um asteroide.
Hoje,
as principais partes dessa enorme cicatriz na superfície da Terra estão
enterradas no fundo do mar, sob uma camada de 600 metros de sedimentos
oceânicos.
Os
cientistas acreditam que acessar as rochas por meio de perfurações pode revelar
mais informações sobre a escala do impacto e a catástrofe ambiental que se
seguiu.
O
alvo preferencial do estudo são os chamados "anéis de pico",
formações típicas de grandes crateras de impacto, criadas pela elevação do solo
após as colisões.
No modelo que exacerba as anomalias
da gravidade no Golfo do México, a seta branca indica a área da cratera de
Chicxulub - Imagem D Sandwell
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A
Chicxulub é a única estrutura com anéis de pico intactos no planeta. As outras
estão localizadas em outros planetas ou se erodiram.
Sondagens
da área abaixo do leito do oceano mostram que o anel lembra uma cadeia de
montanhas em forma de arco.
Em busca de pistas
"Queremos
saber a origem das rochas que formaram esse anel de pico", diz Joanna
Morgan, do Imperial College de Londres, uma das coordenadoras do estudo.
"Saber
isso ajudará a entender como grandes crateras são formadas, e como é importante
poder estimar o total de energia no impacto, e o volume total de rochas que foi
escavado e lançado na estratosfera para causar o dano ambiental."
O
cataclisma registrado ao final do período Cretáceo dizimou muitas espécies, não
apenas os dinossauros. Todo o material lançado na atmosfera teria escurecido o céu
e congelado o planeta por meses.
O círculo externo (linha em branco na imagem) da
cratera fica sob a península de Yucatán, mas o anel de pico interno (ponto
vermelho) pode ser acessado pelo mar - Imagem NASA
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Mas
mesmo tendo acabado com boa parte da vida no planeta, o episódio abriu
oportunidades para as espécies que sobreviveram. Os pesquisadores querem saber
se a região do impacto se tornou uma espécie de berço de vida.
Como
o asteroide atingiu uma área que era um mar raso, é provável que a cratera
criada tenha rapidamente se enchido de água.
Essa
água pode ter se infiltrado pelas rochas quentes e fraturadas, liberando
compostos químicos que poderiam ter sustentado microorganismos. Condições
semelhantes são observadas hoje ao longo da fossa que atravessa o centro do
oceano Atlântico.
"Então
é possível que encontremos alguma forma exótica de vida nas rochas que iremos
perfurar", afirma Morgan. "É algo muito interessante para o estudo da
Chicxulub, mas também dos primórdios da terra e até de Marte. Em tempos
remotos, a Terra pode ter tido muitos mais impactos dessa escala. E pensamos
que a vida pode muito bem ter se originado nessas crateras de impacto."
Perfurações
A
equipe está usando um "bote salva-vidas" chamado Myrtle como
plataforma de perfuração.
Embora
o equipamento comporte laboratórios para realizar análises iniciais, o estudo
principal deverá ser feito após envio de amostras para um centro de pesquisa na
Alemanha.
O
equipamento irá se posicionar perto da costa na península de Yucatán,
apoiando-se em seus três eixos para formar um ponto estável.
Para
atingir as rochas do anel de pico, a sonda precisará atravessar espessas
camadas de sedimentos de calcário no leito do Golfo do México.
A Myrtle é a embarcação que servirá
como plataforma de perfuração para o projeto
Imagem D Smith Ecord IODP
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"Há
menos interesse nos primeiros 650 metros antes da fronteira K-Pg (sigla em
inglês para Cretáceo-Paleoceno), que são carbonatos", afirma Dave Smith,
do órgão britânico de pesquisa geológica.
"Abriremos
o buraco até 500 metros, para depois preparar um tubo e iniciar a retirada. E
vamos perfurar até a meta de profundidade, que é 1.500 metros."
Algumas
das primeiras amostras retiradas na região sugerem que a vida voltou
rapidamente à região do impacto. Organismos marinhos teriam se restabelecido
nesse área estéril ao longo de milhares de anos.
Tubulações
profundas poderão fazer contato com os depósitos de sedimentos gerados pelo
tsunami que veio com o impacto do asteroide.
As
rochas do anel de pico estão a uma profundidade mínima de 800 metros.
Metas
O
time de pesquisadores fixou um prazo de dois meses para concluir os trabalhos.
"Desenvolvemos
uma estratégia de perfuração que nos dá múltiplas chances de chegar a 1.500
metros, mas podemos fixar presos em qualquer fase, por diferentes
motivos", afirma Smith, que coordena as operações na empreitada.
"Estamos
a 30 km da costa, que nos permite reabastecer com facilidade. Também agendamos
o projeto para ocorrer antes da temporada de furacões na região. Então estamos
começando agora e esperamos terminar antes de junho."
Equipe planeja terminar projeto antes da temporada
de furacões na região
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A
equipe conta com pesquisadores dos Estados Unidos, México, Japão, Austrália,
Canadá e China, além do Reino Unido e outros cinco países europeus.
O
projeto é conduzido pelo Consórcio Europeu para Pesquisa em Perfuração Oceânica
(Ecord, na sigla em inglês).
Fonte:
Ciência da BBC News
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