Sítios
excepcionais, que integram a lista de Patrimônio Mundial declarada pela Unesco,
estão ameaçados pelas atividades econômicas, alerta a ONG World Wildlife Fund
(WWF) em um relatório publicado nesta quarta-feira.
No
documento intitulado "Proteção dos homens preservando a natureza" são
citadas áreas como as florestas úmidas de Madagascar, o Parque Nacional na
Espanha, a reserva animal na Tanzânia e os recifes da América Central.
"Entre
os 229 sítios inscritos no Patrimônio Mundial, 114 estão afetados por
atividades industriais nefastas", adverte o estudo.
"Segundo
a Unesco, estes sítios encarnam a noção de área protegida por excelência",
recorda a WWF, que se baseia em um censo realizado pela União Internacional
para a Conservação da Natureza (UICN).
No
entanto, a classificação de da Unesco não é necessariamente sinônimo de
proteção exemplar, demonstra o informe.
"Entre
outras ativistas nefastas, geralmente obra de multinacionais e suas filiais, se
pode citar a prospecção e extração de petróleo e gás, a exploração florestal
ilegal, a criação de grandes infraestruturas, a pesca abusiva e a
superexploração de recursos aquíferos", resume a ONG.
Não
existe nenhum continente ao amparo dos problemas assinalados pela WWF, que pede
a governos e empresas que ajam a favor de um futuro sustentável para os citados
sítios.
Flamingos
rosas no parque nacional de Doñana, na Espanha, em 15 de junho de 2009
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A
Unesco, que aceitou declarar estes locais como parte do Patrimônio Mundial a
pedido dos Estados, não tem poder para obrigar os governos a protegê-los.
Como
último recurso, o organismo da ONU pode retirá-los da lista, como já aconteceu
com Omã, no caso o santuário do oryx árabe, um tipo de antílope, ameaçado pela
caça clandestina.
O
relatório destaca, além disso, que atentar contra um patrimônio dotado de um
valor universal excepcional coloca em questão a capacidade destas áreas de
proporcionar benefícios econômicos, sociais e ambientais para 11 milhões de
pessoas que dependem deles.
Cerca
de um milhão de pessoas vive nos 119 sítios declarados pela Unesco e que estão
ameaçados; outros dez milhões habitam seus arredores.
As
florestas tropicais da ilha de Sumatra, na Indonésia, por exemplo, causam muita
preocupação porque o sítio compreende três parques nacionais com importantes
aquíferos que abastecem milhões de pessoas. No entanto, estão ameaças pelas concessões
estatais de exploração (minas, petróleo, gás).
Da
mesma forma, na Espanha, o Parque Nacional de Doñana, que recebe anualmente
milhões de aves migratórias, foi vítima em 1998 de uma vasta contaminação
provocada por dejetos de mineração (lama tóxica e água ácida). Em 2015, o
governo espanhol concedeu novamente direitos de extração para uma empresa
mexicana (Grupo México).
Entre
os sítios marinhos, os recifes de Belize na América Central compreendem sete
áreas protegidas e integradas à maior barreira de coral do continente
americano, que em 2009 foi declarada em perigo.
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