Três
estudos apresentados nesta quinta-feira, na XIX Conferência Internacional sobre
a Aids, em Washington, apontam os caminhos para uma futura cura da pandemia,
que afeta 34 milhões de pessoas em todo o planeta.
Um
estudo realizado com 12 pacientes na França, que iniciaram o tratamento com
antiretrovirais 10 semanas após a infecção com o HIV e depois abandonaram a
medicação, revelou que a Aids não se manifestou, mesmo após seis anos.
Este
grupo não eliminou por completo o HIV, mas manteve um nível extremamente baixo
do vírus em suas células e não desenvolveu a Aids.
"Estes
resultados sugerem que o tratamento antiretroviral deve começar o mais cedo
possível após a infecção", disse Charline Bacchus, principal responsável
pelo estudo da ANRS, a agência nacional de pesquisa da Aids na França.
"Mesmo
seis anos após a interrupção do tratamento, os pacientes que receberam
antiretrovirais logo após a infecção tiveram a capacidade de controlar o
HIV".
Medicamentos antiretrovirais de combate ao vírus HIV - Foto de Adek Berry/AFP |
Os
pesquisadores continuam estudando as características imunológicas deste grupo
em busca de pistas sobre a causa de não necessitarem de medicação permanente,
como ocorre com a grande maioria dos pacientes com HIV.
Um
segundo estudo divulgado em Washington envolve dois homens com HIV que não
apresentaram sinais do vírus após oito e 17 meses depois de receber
transplantes de células-tronco devido a uma leucemia.
Os
dois casos são diferentes do famoso "paciente de Berlim", o americano
Timothy Brown, que se considera curado do HIV e da leucemia após receber um
transplantes de médula óssea de um raro doador que possuía resistência natural
ao HIV (sem receptor CCR5, que age como porta de entrada do vírus nas células).
Os
dois homens receberam transplantes de medula de doadores com receptor CCR5, mas
segundo os pesquisadores, a manutenção do tratamento com antiretrovirais
durante o processo impediu que as células doadas fossem infectadas e permitiu
que proporcionassem aos pacientes novas defesas imunitárias.
O
estudo, apresentado na 19ª Conferência Internacional da Aids por Daniel
Kuritzkes, professor de medicina do Hospital Brigham and Women, em
Massachusetts, traz a possibilidade de que os dois homens estejam livres do
HIV.
Um
terceiro estudo, sobre como um medicamento contra o câncer ajudou a eliminar o
HIV de células de pacientes infectados, foi apresentado por David Margolis, da
Universidade da Carolina do Norte.
Os
pesquisadores empregaram o medicamento de quimioterapia vorinostat para reviver
e desmascarar o HIV latente em células CD4+ T de oito pacientes que também
recebiam antiretrovirais para impedir a multiplicação do vírus.
Margolis,
cujo estudo foi publicado na quarta-feira na revista britânica Nature, disse
que a comunidade científica vê com entusiasmo a possibilidade de encontrar a
cura da Aids, mesmo que isto exija vários anos.
"Não
posso dizer quanto tempo vai levar, mas há um caminho claro e podemos
avançar".
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