Cientistas
americanos conseguiram devolver a visão a ratos cegos com a injeção de uma
substância que os deixa sensíveis à luz, de acordo com um estudo divulgado
nesta quarta-feira.
As
descobertas publicadas na revista Neuron são uma nova esperança para o tratamento
que pode, um dia, ajudar as pessoas que sofrem com as formas mais comuns de
cegueira, como a degeneração macular e a retinite pigmentosa.
O
medicamento, chamado AAQ, torna as células da retina sensíveis à luz, segundo o
pesquisador que liderou a pesquisa, Richard Kramer, professor de biologia
celular e molecular da Universidade da Califórnia em Berkeley.
O
tratamento, que não é permanente e não requer uma intervenção cirúrgica, pode
ser mais um passo no caminho da cura da cegueira, sem envolver a implantação de
microchips ou o transplante de células-tronco, duas técnicas ainda polêmicas.
Rato usado em pesquisa - Foto de Pierre
Andrieu/AFP
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"A
vantagem dessa abordagem é que é um simples produto, o que significa que você
pode mudar a dosagem, pode usar em combinação com outras terapias, ou pode
interromper se não gostar dos resultados", explicou Kramer.
"Com
o surgimento de fármacos melhores, você pode oferecer outras possibilidades aos
pacientes. Não dá para fazer isso quando você implanta cirurgicamente um chip
ou após modificar geneticamente alguém", argumentou.
Ainda
não está claro o quanto da visão dos ratos foi restaurada, mas os pesquisadores
afirmam que o remédio fez efeito porque as pupilas dos animais foram contraídas
com a presença de luz forte e os ratos passaram a evitar a luz.
Os
ratos usados no experimento tinham mutações genéticas que faziam com que suas
hastes e cones morressem com apenas alguns meses de vida.
"Esse
é um grande avanço no campo da restauração da visão", declarou o co-autor
da pesquisa Russell Van Gelder, oftalmologista e chefe do Departamento de
Oftalmologia da Universidade de Washington, Seattle.
"Ainda
precisamos mostrar que esses componentes são seguros e vamos trabalhar com
pessoas da mesma maneira que trabalhamos com os ratos, mas esses resultados
demonstram que essa classe de compostos restabelece a sensibilidade à luz às
retinas afetadas por doenças genéticas", acrescentou.
Os
cientistas disseram que estão atualmente trabalhando em uma nova geração de
compostos químicos para uma nova etapa de experimentos em ratos.
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