A acidificação dos oceanos é conhecida como a irmã gêmea das mudanças
climáticas, pois o fenômeno decorre da absorção de CO2 pelos oceanos e a
consequente mudança do pH das águas marinhas. Mas ao contrário da mudança do
clima, que é monitorada razoavelmente bem com a medição de temperaturas em
diversos pontos da superfície terrestre, no caso dos oceanos faltam registros
acurados sobre o pH das águas.
Realizar
testes de acidez das águas oceânicas com a tecnologia atual é difícil e caro e,
com cortes drásticos nas verbas públicas dedicadas à pesquisa em países
desenvolvidos – 16,3 % nos últimos três anos só nos EUA – e pouco incentivo
vindo do mercado, a situação tende a perdurar.
Para
mudar o estado de coisas e permitir o monitoramento dos níveis de acidez das
águas, a X Prize Foundation e a milionária Wendy Smith – esposa do fundador da
Google, Eric Smith – decidiram oferecer US$ 2 milhões para quem inventar
sensores baratos e fáceis de operar. A ideia é dar uma solução ao problema e
impulsionar a inovação para que possamos entender melhor as consequências da
acidificação oceânica.
A X Prize
é uma fundação criada pelo engenheiro americano Peter Diamandis – um entusiasta
da tecnologia como solução para problemas contemporâneos – cuja missão é “gerar
avanços para o benefício da humanidade” por meio de incentivos à competição.
Desde
1996, a fundação promoveu quatro prêmios e atualmente tem outros quatro em
andamento. O primeiro e mais famosos deles, o Ansari X Prize, desafiou equipes
a construir e operar uma espaçonave com capacidade para três pessoas. Os
investimentos feitos pelos 26 times participantes superaram em dez vezes o
valor do prêmio, de US$ 10 milhões.
O desafio
dessa vez é construir sensores que possam ser operados em pelo menos 3 mil
metros de profundidade, que tomem medidas precisas sobre a mudança do pH da
água e que não precisem ser recalibrados frequentemente. De quebra, os
aparelhos precisam ser baratos e acessíveis. A partir de janeiro de 2014, a
competição terá prazo de 22 meses – o primeiro ano será dedicado ao
desenvolvimento dos sensores e o restante do prazo a testes. O resultado deve
ser anunciado em meados de 2015.
Críticos
destacam que a capacidade de monitorar a acidez das águas não soluciona o
problema e não atinge sua causa – as emissões de CO2. Mas mesmo que seja apenas
para saber melhor o tamanho do estrago que acidificação terá para os oceanos –
e seus impactos para a humanidade –, a história indica que o prêmio deve gerar
resultados.
Um dos
primeiros prêmios do gênero aconteceu em 1714 quando o Parlamento britânico
ofereceu incentivos monetários para quem inventasse um método simples e prático
para determinar com precisão a longitude em que se encontra um navio.
No século
XX, com grandes corporações investindo pesado em pesquisa e desenvolvimento de
produtos para criar ou manter monopólio de mercados, os prêmios quase
desapareceram do cenário. Voltaram à tona nas últimas décadas com a
pulverização dos mercados e a desaceleração das economias desenvolvidas.
Problemas
cabeludos a solucionar é o que não falta.
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