Adaptação genética é chave para
evitar doenças em humanos.
Estudo foi publicado na revista
científica 'PNAS'.
A
píton-birmanesa é uma das criaturas mais avançadas evolutivamente da Terra,
revelou um estudo publicado nesta segunda-feira (3), uma descoberta que pode
trazer esperanças para o tratamento de várias doenças que afetam os seres
humanos.
"As
serpentes parecem ter evoluído funcionalmente muito mais do que outras
espécies", disse David Pollock, da Universidade de Colorado (oeste dos
EUA), autor principal do estudo publicado na revista da Academia Americana de
Ciências, a "PNAS".
A descoberta
pode permitir, no caso dos humanos, encontrar um meio de deter mutações
genéticas antes que estas causem doenças. Os cientistas consideraram interessante
como este réptil nativo do sudeste asiático é capaz de comer criaturas tão
grandes quanto ele próprio.
A píton
birmanesa (Python molurus bivittatus) não só abre a mandíbula para
comer uma presa grande como um cervo, mas seus órgãos chegam a crescer muito
para digerir rapidamente o animal antes que ele se decomponha.
Em questão de um
ou dois dias, o coração, o intestino delgado, o fígado e os rins da serpente
aumentam de tamanho entre 35%-150%. Mas uma vez digerida a comida, os órgãos
encolhem e voltam ao tamanho normal.
Píton-da-birmânia (ou birmanesa) capturada na Flórida em 2005 (Foto: AFP Photo/Robert Sullivan) |
“Fisiologia
incrível”
A análise do
genoma da píton birmanesa sugere que uma complexa interação entre a expressão
gênica, a adaptação das proteínas e as mudanças na estrutura do genoma permite
a estas serpentes fazer o que outros, com os mesmos genes, não conseguem.
Entender como o
corpo da serpente organiza estas mudanças importantes em órgãos-chave pode
oferecer uma nova compreensão dos mecanismos existentes por trás de doenças
humanas, como insuficiências de órgãos, úlceras e transtornos metabólicos,
entre outros, afirmou o co-autor do estudo, Stephen Secor. "A píton
birmanesa tem uma fisiologia incrível", disse Secor, da Universidade do
Alabama (sul).
"Com seu
genoma, agora podemos investigar os muitos mecanismos moleculares ainda sem
explorar que ela usa para aumentar dramaticamente sua taxa metabólica, deter a
produção de ácido, melhorar a função intestinal, e aumentar rapidamente o
tamanho de seu coração, intestino, pâncreas, fígado e rins", afirmou.
O estudo do
genoma da píton birmanesa foi chefiado por Todd Castoe, da Universidade do
Texas (sul), e incluiu 38 co-autores de quatro países.
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