Uma árvore reduz entre 7% e 24% o material
particulado, um dos tipos mais prejudiciais de poluição.
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Sólidas
e serenas, vivas e vibrantes.
As
árvores produzem em muitas pessoas um efeito calmante e positivo. Mas viver
perto desses gigantes verdes gera um impacto muito concreto na saúde,
especialmente nos habitantes das cidades, segundo um novo estudo.
E
as consequências vão desde mudar a qualidade e a temperatura do ar a influir no
funcionamento do cérebro.
A
BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, destacou três efeitos positivos de
viver perto das árvores.
1. Reduzem a matéria particulada no ar, um dos piores
tipos de contaminação
Uma
árvore reduz a chamada matéria particulada ao seu redor entre 7% e 24%, segundo
um estudo publicado recentemente pelo The Nature Conservancy, uma organização
internacional dedicada à conservação da biodiversidade sediada nos Estados
Unidos.
A
investigação avaliou o impacto das árvores em 245 cidades ao redor do mundo.
Um
dos contaminantes mais graves no ar das cidades é o material particulado, que
pode ser classificado em dois tipos.
O estudo avaliou o impacto das árvores em
mais de 200 cidades do mundo; estima-se que em 2050, 66% da população mundial
será urbana.
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O
mais grosso tem 10 ou menos micrômetros ( um micrômetro é a milésima parte de
um milímetro) de diâmetro, ou PM 10, e resulta do pó da construção e das ruas,
entre outras fontes.
Mas
o tipo mais prejudicial de material particulado é chamado PM 2,5. Ele tem um
diâmetro de 2,5 ou menos micrômetros e resulta da queima de combustíveis
fósseis e madeira, entre outras fontes.
Essas
partículas finas em suspensão podem penetrar profundamente nos pulmões e
estima-se que causem 3,2 milhões de mortes por ano mundialmente, segundo o estudo.
O material PM 2,5 está associado a um risco maior de acidentes vasculares
cerebrais, problemas cardíacos e enfermidades respiratórias como a asma.
Trata-se
de um problema verdadeiramente global. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
afirmou neste ano que cerca de 90% da população mundial que vivia em centros
urbanos em 2014 foi exposta a níveis de material particulado que excederam as
recomendações da OMS.
O
estudo publicado pela The Nature Conservancy destaca que em ruas com muito
tráfego as árvores devem ser plantadas de maneira espaçada para impedir que as
copas reduzam a circulação de ar.
2. Reduzem a temperatura em até 2 graus centígrados
O
impacto das árvores na temperatura é crucial, dado que as ondas de calor matam
cerca de 12 mil pessoas por ano e dificultam a vida de milhões, segundo o
estudo.
"A
mudança climática fará com que o impacto dessas ondas de calor nas cidades seja
ainda mais severo", afirma o documento.
As árvores reduzem a temperatura em um ou
dois graus centígrados, o que é um impacto crucial durante as ondas de calor.
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A
Organização Mundial da Saúde estima que para o ano de 2015 as mortes anuais por
ondas de calor nas cidades poderiam chegar a 260 mil - a menos que os centros
urbanos tomem medidas para se adaptar às novas condições.
"Muitos
estudos científicos demonstraram que a sombra das árvores, além da transpiração
durante a fotossíntese, contribuem para reduzir a temperatura do ar e consequentemente
o consumo de eletricidade para ar condicionado", afirma a investigação do The
Nature Conservancy.
3. Aumentam o bem estar psicológico
"Não
posso cuidar da minha saúde e do meu espírito a menos que passe ao menos quatro
horas por dia na floresta, totalmente livre de compromissos mundanos",
escreveu no século 19 o americano Henry David Thoreau em seu livro clássico Walden,
que relata sua experiência de viver dois anos em uma cabana construída por ele
mesmo às margens do lago Walden, em Massachusetts.
Um
estudo já conhecido liderado por Roger Ulrich na década de 1980 comparou
pacientes de um hospital da Pensilvânia que haviam sido operados da vesícula.
Aqueles que estavam em quartos com vista para árvores se recuperaram mais
rapidamente que aqueles que estavam em quartos com janelas voltadas para
edifícios.
Caminhar na natureza reduz a tendência de
"ruminar" - um padrão de pensamento negativo associado à depressão.
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E
um estudo recente de Gregory Bratman, da Universidade de Stanford, mediu o
impacto no cérebro de caminhar durante 90 minutos na natureza.
Um
grupo que caminhou em meio a árvores foi comparado com outro que andou em uma
rua com muito tráfego. As pessoas que andaram na rua tiveram um aumento da atividade
de "ruminar" criticamente sobre si mesmo ou sobre eventos do passado
- um padrão negativo de pensamento vinculado à depressão.
Aqueles
que caminharam entre as árvores tiveram menos tendência de "ruminar"
pensamentos. O estudo também incluiu uma análise por ressonância magnética do
cérebro dos participantes e constatou que os que caminharam na natureza
mostraram uma atividade menor na região do cérebro associada à autocrítica e ao
isolamento social comum de quem "rumina em excesso".
A
importância das árvores nas cidades não pode ser subestimada.
Ainda
mais levando em conta que atualmente 54% da população mundial é urbana e que
essa porcentagem chegará a 66% em 2050, segundo as Nações Unidas.
"Em
muitas cidades o departamento de saúde está de um lado e as árvores do
outro", disse Rob Mc Donald, um dos autores do estudo publicado pelo The
Nature Conservancy.
"Uma
das metas do nosso estudo é recordar às cidades que esses dois departamentos
devem colaborar".
"Se
isso acontecer, minha esperança é que veremos um renascimento das plantações de
árvores em centros urbanos".
Você
sabia que a poluição do ar mata mais pessoas do que a desnutrição ou obesidade?
Como
combater a contaminação do ar?
Segundo
a Organização Mundial da Saúde, uma em cada nove mortes no mundo ocorre pela
exposição à poluição atmosférica.
Levando
em conta que há poucas cidades no mundo onde a contaminação não é um problema,
a BBC Brasil quer saber como as pessoas dos cinco continentes estão enfrentando
essa situação.
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