Um
tubarão fêmea foi capaz de reproduzir num aquário em Townsville, na Austrália,
três anos após ter sido separada de macho da espécie.
Mesmo sem
fertilização, Leonie, exemplar de uma espécie conhecida como tubarão-zebra,
botou três ovos com embriões e deu à luz a Cleo, CC e Gemini.
Mesmo sem a companhia de um macho, Leonie, tubarão fêmea da espécie
Stegostoma fasciatum, botou três ovos com embriões. Direito de imagem Tourism
and Events Queensland
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É o
primeiro caso registrado de troca natural de tipo de reprodução - de
acasalamento por reprodução assexuada - envolvendo tubarões e o terceiro
relatado entre todas as espécies de vertebrados, segundo o jornal britânico The
Guardian.
A
descoberta foi publicada na revista científica Nature na segunda-feira.
Capturada
no mar em 1999, Leonie foi introduzida a um macho no aquário de Townsville, na
costa Leste da Austrália, em 2006.
Dois anos
depois, começou a botar ovos e teve várias ninhadas por acasalamento antes de
ser separada de seu companheiro em 2012 - o aquário decidiu reduzir seu
programa de criação à época.
Cleo e CC são os primeiros caos relatados de filhotes de tubarão
criados a partir apenas de uma fêmea que já havia acasalado anteriormente. Direito
de imagem Tourism and Events Queensland
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O artigo
da revista Nature explica que "partenogênese é uma forma natural de
reprodução assexuada em que os embriões se desenvolvem na ausência de
fertilização" e é mais comum em plantas e organismos invertebrados.
Os
pesquisadores explicam que usaram testes de DNA para relatar "a primeira
demonstração" de reprodução sem sexo em um tubarão que já havia acasalado
anteriormente.
Filhote
também reproduziu sem acasalamento
De acordo
com o artigo da Nature, Lolly - uma das filhotes fêmeas de Leoni
concebidas com fertilização ainda no tempo em que ela dividia o aquário com um
macho - também botou ovo com embrião sem ter convivido com um macho depois que
atingiu a maturidade sexual.
"A
demonstração da partenogênese nesses dois indivíduos com diferentes histórias
sexuais fornece mais apoio para (a tese de) que os peixes elasmobrânquios são
capazes de adaptar de forma flexível sua estratégia reprodutiva às
circunstâncias ambientais", diz o resumo do artigo.
O aquário que registrou o caso de Leonie fica em Townsville (foto), na
costa leste Austrália. Direito de imagem Getty Images
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Em 2014,
funcionários do aquário de Townsville observaram que os ovos de Leonie e de sua
filha Lolly tinham embriões. Tentaram incubá-los, mas não obtiveram sucesso.
No ano
seguinte, Leonie e Lolly produziram ovos que continham embriões. Juntas, elas tiveram
cinco filhotes vivos, dos quais dois (Cleo, que nasceu de Leonie, e Kitkat, que
veio de um ovo de Lolly) permanecem em exposição no aquário de Townsville,
segundo o Guardian.
O fato de
algumas espécies de tubarão botarem ovos com embriões sem a presença de um
macho não é algo atípico. Mas trata-se do primeiro registro de um tubarão que
naturalmente trocou a forma de reprodução de fecundação por partenogênese.
Esperma
armazenado por 4 anos
O tubarão fêmea que reproduziu sem macho foi capturado no mar em 1999 e
introduzido a um macho num aquário na Austrália em 2006. Direito de imagem Tourism
and Events Queensland
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Os testes
genéticos dos filhotes de Leonie que nasceram depois que ela foi separada do
macho indicaram que eles são resultado da reprodução assexuada e não de esperma
armazenado - tubarões fêmeas armazenam esperma vindo dos machos por até quatro
anos.
"A
maioria dos casos documentados de partenogênese facultativa em vertebrados
foram registados de fêmeas em cativeiro que não tiveram exposição a machos
durante toda a sua vida reprodutiva", salienta o artigo publicado na Nature.
Por isso, o caso de Leoni, que foi capaz de dar
à luz após três anos sem acasalar com um macho, surpreendeu os cientistas.
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