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segunda-feira, 27 de junho de 2016

AS SURPREENDENTES CRIATURAS QUE VIVEM DEBAIXO DAS NOSSAS UNHAS


Cientistas acreditam que unhas criam 'ambiente favorável' à proliferação de bactérias

Você já deve ter ouvido falar inúmeras vezes que lavar as mãos é uma das melhores maneiras de evitar a propagação de germes.
Mas, por mais que se esfregue e se ensaboe as mãos, elas nunca ficarão livres de todas as bactérias que moram ali. Essa impossibilidade de esterilizá-las é o motivo pelo qual médicos e enfermeiros usam luvas na hora de examinar pacientes.
Foi há quase cem anos que cientistas começaram a perceber que as bactérias sempre apareciam nas análises de mãos mesmo depois de elas serem lavadas repetidamente. Mas foi apenas no início da década de 70 que pesquisadores começaram a entender por que essas criaturas são tão resistentes.
Eles descobriram que cobrir as pontas dos dedos pode manter as mãos limpas por mais tempo. Não são os dedos que estão cheios de microrganismos, mas sim as unhas.
Esses finos escudos de queratina, feitos do mesmo material dos chifres de rinoceronte, abrigam uma verdadeira cidade de bactérias.
“Ambiente perfeito”
Cada dedo pode abrigar centenas de milhares de bactérias
Apenas no fim dos anos 80, cientistas começaram a observar a parte inferior das unhas para tentar descobrir quem, exatamente, são esses habitantes.
Em um estudo de 1988, um trio de pesquisadores da Universidade da Pensilvânia recolheu amostras das mãos de 26 voluntários adultos, todos funcionários da faculdade de medicina e que não interagiam com pacientes.
Eles descobriram que o espaço por baixo das unhas, também chamado de região subungual, é um "importante local" para as bactérias se instalarem - as unhas abrigam as mesmas bactérias que o resto das mãos, mas em quantidade muito maior.
Os estudiosos levantaram a hipótese de o espaço entre a pele e a unha criar um ambiente perfeito para o crescimento e a proliferação desses germes, por causa da umidade concentrada ali e da proteção oferecida pela unha.
Com isso, os autores concluíram que "há um número significativo de bactérias na região subungual que sugere que essa área das mãos é relativamente inacessível a agentes antimicrobianos durante a lavagem normal".
Ou seja: o espaço sob suas unhas é completamente impenetrável para a maneira mais básica que temos de evitar a transmissão de doenças.
Com ou sem esmalte?
Manter as unhas curtas e limpas é a melhor maneira de evitar a transmissão de doenças
Vários pesquisadores continuaram a investigar a vida microbiana que ocorre sob as unhas.
Em 1989, os mesmos cientistas avaliaram 56 enfermeiras com unhas artificiais, que tendem a ser mais longas que as naturais e a estarem pintadas.
Eles acabaram descobrindo que as mulheres com unhas artificiais tinham mais bactérias sob elas do que as que mantinham unhas naturais, tanto antes como depois de lavar as mãos.
Isso não quer dizer, necessariamente, que essas enfermeiras estão transmitindo mais bactérias a seus pacientes - apenas que abrigam mais micróbios.
Estudos semelhantes realizados em 2000 e 2002 apresentaram resultados parecidos, acrescentando a descoberta de que pessoas com unhas pintadas ou artificiais tendem a lavar menos as mãos ou lavar com menos atenção. Além disso, unhas artificiais ajudam a rasgar as luvas descartáveis.
Já unhas naturais pintadas são outro tipo de problema. Outro grupo de cientistas temia que pequenos arranhões e lascas no esmalte acabassem servindo para abrigar bactérias. A suspeita não se confirmou.
Cerca de 2 a 3 milhões de pessoas morrem a cada ano no ano por causa de diarreia. Médicos acreditam que lavar as mãos com sabonete poderia salvar até 1 milhão delas. Mas além dessa medida de higiene, a melhor maneira de combater infecções é prestando atenção à região sob as unhas na hora de lavar, além de mantê-las curtas e limpas.
E, claro, dar um basta no hábito de roer as unhas.

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