Sensação térmica chegou a -29ºC em Urupema, na serra catarinense |
Não se
fala de outra coisa: o frio chegou antes mesmo do início do inverno e fez as
pessoas tirarem os casacos do armário em boa parte do país.
Chamaram
especialmente atenção as temperaturas extremamente baixas registradas na serra
catarinense na última quinta-feira.
Às 6h, os
termômetros marcaram -5,3ºC em Urupema, segundo o Centro de Informações de
Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (CIRAM), mas a
sensação térmica era de -29ºC, segundo boletins meteorológicos locais - um frio
"siberiano" em pleno território brasileiro.
Mas o que
é a sensação térmica? E como ela é calculada?
"É a
diferença entre o que o aparelho registra e o que o corpo humano de fato sente
nas condições de um lugar em um determinado momento. Para calculá-la, usamos
uma tabela que leva em conta algumas variáveis, como a temperatura e a
intensidade do vento, no caso de temperaturas mais frias", diz Manoel
Rangel, do Instituto Nacional de Metereologia (Inmet).
Frio congelou as folhas caídas no chão |
No caso
de Urupema, cidade localizada a 1.750 metros acima do nível do mar, as
temperaturas baixas são comuns, tanto que a cidade se autointitula a "mais
fria do Brasil".
"À
medida que você se distancia do nível do mar, a atmosfera fica mais rarefeita.
Há menos vapor em suspensão no ar, um dos componentes responsáveis por regular
a temperatura, já que a água retém calor", afirma Alexandre Nascimento, da
Climatempo.
Vento e
umidade
Mas,
quando há um vento com velocidade de 80km/h, como o registrado na manhã de
quinta-feira, o frio fica ainda mais acentuado.
"A
forte massa polar que avança sobre o país neste momento, aliada ao vento forte,
gera esse frio siberiano que estamos vendo", diz Nascimento.
O
meteorologista explica que, no caso do calor, o que mais influencia uma
sensação termina é a umidade.
Cachoeira congelada fez a alegria
dos turistas em Urupema
|
"Nosso
corpo usa a água liberada por meio do suor para se resfriar. Se a umidade no ar
está alta, isso significa que há mais água no ambiente. Então, suamos menos,
aprisionando o calor no corpo e criando uma sensação de abafamento",
afirma Nascimento.
O
especialista explica como isso afeta, por exemplo, a cidade de Manaus, que fica
uma região muito úmida. "No verão, faz cerca de 30ºC por lá, mas, por
causa da umidade da floresta, a sensação térmica pode ser de 10ºC a mais",
diz.
"Assim,
40ºC em Cuiabá, onde é mais seco, pode significar um calor menos 'intenso' do
que 30ºC em Manaus."
Inverno com “cara
de inverno”
Cenas como essa devem se repetir
nos próximos meses
|
Os
meteorologistas esclarecem, no entanto, que a sensação térmica é calculada
levando em conta as condições médias do corpo humano.
"É
algo subjetivo, porque cada pessoa percebe a temperatura de uma maneira
diferente. Uma pessoa com mais gordura corporal tende a sentir menos frio que
alguém mais magro", explica Rangel.
"O
cálculo tanto do índice de calor quanto de frio é baseado em uma equação
matemática que leva em conta as características médias da população. Se não
fosse assim, seria preciso ter um termômetro para cada pessoa", afirma
Nascimento.
Segundo o
meteorologista da Climatempo, a expectativa é de que o frio se intensifique
ainda mais neste final de semana.
"Depois
desta segunda-feira, a tendência é a temperatura subir um pouco. Mas ainda
teremos massas polares fortes nos próximos meses", diz Nascimento.
"Nos
últimos dois anos, o fenômeno El Niño dificultou a chegada de massas de ar frio
ao Brasil ao retê-las no sul da Argentina. Neste ano, ele não está presente.
Vamos ter um inverno com cara de inverno."
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