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quarta-feira, 6 de abril de 2011

EFEITOS DA RADIAÇÃO NUCLEAR NO SER HUMANO

Mutação gerada pelo contato com radiações
É de conhecimento mundial que a exposição à radiação gerada pela fissão nuclear pode trazer sérios danos à saúde. Talvez só quem já tenha sido vítima deste acidente saiba sobre os graves efeitos da radiação no corpo humano. Um assunto de tal importância precisa ser mais difundido, portanto, acompanhe a seguir os efeitos de tal radiação.

A radiação pode provocar basicamente dois tipos de danos ao corpo, um deles é a destruição das células com o calor, e o outro consiste numa ionização e fragmentação (divisão) das células.

O calor emitido pela radiação é tão forte que pode queimar bem mais do que a exposição prolongada ao sol. Portanto, um contato com partículas radioativas pode deixar a pele do indivíduo totalmente danificada, uma vez que as células não resistem ao calor emitido pela reação.


A ionização e fragmentação celular implicam em problemas de mutação genética durante a gestação de fetos, que nascem prematuramente ou, quando dentro do período de nove meses, nascem com graves problemas de má formação.

Quimicamente falando, seria assim: as partículas radioativas têm alta energia cinética, ou seja, se movimentam rapidamente. Quando tais partículas atingem as células dentro do corpo, elas provocam a ionização celular. Células transformadas em íons podem remover elétrons, portanto, a ionização enfraquece as ligações. E o resultado? Células modificadas e, consequentemente, mutações genéticas. 
Figura: G1 (Globo.com)
Os efeitos da radiação tanto nos tecidos biológicos como na matéria inorgânica. Nesta última, uma radiação intensa provoca somente uma alteração na estrutura cristalina (mais ou menos notável, dependendo da quantidade de energia recebida), na qual alguns átomos isolados do cristal são "arrancados" da sua posição, criando-se os chamados defeitos que podem resultar em alterações na densidade e estrutura dos materiais.

Considerando agora a matéria orgânica: uma radiação que incide num tecido biológico, gera um grande número de ionizações (que podem ser detectadas e medidas) nas moléculas que constituem as células, podendo alterar as características químicas das mesmas. Neste processo formam-se radicais intracelulares que, regra geral, matam a célula, ou que, podem originar divisões não controladas das células somáticas.

No primeiro caso (o menos grave), as células mortas são eliminadas e substituídas por novas; no segundo caso, provoca-se a divisão das células filhas antes que estas atinjam o estado maduro, o que origina um número progressivamente maior de células sem função específica no corpo, mas que, no entanto, se alimenta a um ritmo também progressivamente acelerado - a estes tecidos chamamos vulgarmente tumor. Ora, o tumor pode ser benigno caso se mantenha no seu local de origem, não invadindo os tecidos circundantes; ou maligno, caso invada os tecidos circundantes e cause o aparecimento de anomalias noutras partes do corpo, a sua capacidade de provocar a morte depende da sua localização, velocidade de crescimento e do tempo em que foi detectado e tratado - aos tumores malignos chamamos câncer.

O corpo humano não contém quaisquer organismos cuja função seja a de desfazer os danos causados pela radiação. Apesar de se saber que células individuais têm a capacidade de reparar certos tipos de danos, quando os cromossomas da célula ficam interrompidos ou "mal reparados", a duplicação molecular será defeituosa, tal como as células geradas, uma vez que a informação genética alterada será reproduzida para as células-filhas, tão fielmente como o seria a informação genética original.

Quando este tipo de alteração ocorre nas células germinativas estamos perante uma mutação hereditária. Se as células germinativas afetadas são utilizadas na concepção, o defeito é produzido em todas as células do novo organismo resultante da concepção, incluindo naquelas que mais tarde se tornam células germinativas. Isto pode ter implicações muito graves se considerarmos que um só choque no cromossoma de um espermatozóide ou de um óvulo pode dar origem a uma alteração grave nas características hereditárias ou mutação que pode ser transmitida às gerações seguintes.

Estas alterações são por vezes tão insignificantes que, não se notam na geração seguinte, mas como todas as anomalias são hereditárias, os efeitos vão-se acumulando ao longo das gerações, podendo a mutação surgir apenas muitos anos depois. É raro que da exposição de células reprodutoras a uma radiação resulte uma mutação grave visível na primeira geração, uma vez que essa alteração depende de factores aleatórios, não existindo portanto um limite conhecido para as doses mínimas que sejam geneticamente inofensivas. Desta forma, até mesmo uma partícula isolada pode causar uma lesão num cromossoma, embora as probabilidades sejam, na verdade, reduzidas.

Baseando-nos em estudos previamente realizados tendo em conta um grande número de pessoas expostas a radiações nucleares em Chernobyl (considerando a exposição total do corpo), podemos estabelecer a seguinte relação:

1. Até 250 mCy: lesões cutâneas de recuperação total.
2. De 250 a 1000 mCy: decorridos alguns dias aparecem os sintomas da ARS (Acute Radiation Syndrome), isto é, anemia por lesões na medula óssea; alterações nos glóbulos brancos, o que aumenta o risco de infecções; hemorragias por perda da capacidade de coagulação; lesões na mucosa do estômago e dos intestinos, com vómitos, diarreia, debilidade e úlceras; é possível uma cura total.
3. De 1000 a 2000 mCy: náuseas e fadiga, e possíveis vómitos. Redução do número de certas células sanguíneas. Possível recuperação total.
4. De 2000 a 3000 mCy: náuseas e vómitos prováveis no primeiro dia. Duas semanas depois verifica-se a perda de apetite, diarreia, perda moderada de peso. Possível morte entre 2-6 semanas, mas os indivíduos mais saudáveis recuperam parcialmente.
5. De 3000 a 6000 mCy: náuseas, vómitos e diarreia provável nas primeiras horas. Pequeno período de estabilização, seguido de perda de apetite, hemorragias, perdas de peso, diarreia, inflamações na garganta. Algumas mortes nas primeiras semanas; Morte eventual de 50 % dos indivíduos que receberam 3500 mCy.
6. A partir de 6000 mCy - Náuseas, vómitos e diarreia nas primeiras horas. Pequeno período de estabilização seguido por diarreia, hemorragias, inflamação da garganta e febre no final da primeira semana. Rápida perda de peso e morte até à segunda semana. Morte provável de 100% dos indivíduos expostos.
Atualmente, cerca de 24 anos após o acidente, muitos dos problemas de saúde esperados relacionados especificamente com o acidente de Chernobyl ainda não se tornaram visíveis. O impacto total do acidente será apenas perceptível após várias décadas.
No entanto, as investigações já realizadas apontam para as seguintes consequências ao nível da saúde:
1. Doênças devido a elevados níveis de radiação e queimaduras na pele devido às radiações beta em cerca de 200 pessoas, causando 28 mortes pelo ARS.
2. Câncer da tiróide em crianças vivendo em Bielorússia, (distrito no norte da Ucrânia) e em certas localidades da fronteira leste da Rússia com Bielorússia e a Ucrânia.
3. Efeitos psicológicos devido ao stress causado pelas mudanças de estilo de vida e pela desintegração de comunidades inteiras.
Para além do câncer, são também conhecidos outros efeitos da radiação na tiróide, nas quais o mais notório é o desenvolvimento de hipotiroidismo após a exposição a grandes quantidades de radiação interna ou externa. 
Evidencias de radiação externa sugerem que o risco relativo aumenta até 20 anos após a exposição, diminuindo de seguida. Porém, o risco ainda estará presente 40 anos após a exposição.


Crianças com câncer resultante do acidente de Chernobyl
ARS- Síndroma de Radiação Aguda – doença que afeta aguda e severamente a produção de células do sangue a resistência a infecções e funções intestinais. Quando ignorada é mortal. No acidente de Chernobyl morreram 28 dos 237 acidentados que sofriam de ARS. Conforme a intensidade da exposição a ARS pode apresentar quatro graus, sendo o primeiro mais "suave" e o quarto mortal.
Radionuclídeos - isótopos radioativos de certas substâncias (césio, iodo, estrôncio, etc.).
mCy - Unidades de medida de radioactividade- duas grandezas diferentes são utilizadas para medir a radioactividade. Uma é a actividade, isto é, o número de desintegrações por segundo. A unidade S.I. é o becquerel (Bq), que corresponde a uma desintegração por segundo. A outra a que por vezes se recorre é a unidade antiga, curie (Cy) que corresponde a 37 000 milhões de becquerel. A outra é a irradiação, a energia depositada na matéria, especialmente na matéria viva.
Área afetada pela radiação expelida em Chernobyl

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