Aumento da intensidade das ondas de calor,
incêndios e maré alta podem ter relação com atividades humanas. No total, 116
cientistas de 18 países contribuíram com a análise.
Em
2015, uma série de ondas de calor na Europa e na Ásia, incêndios no Alasca,
invernos incomumente ensolarados no Reino Unido e enchentes causadas pela maré
alta na Flórida foram influenciados pelas mudanças climáticas, revelou na
quinta-feira (15) um relatório dos Estados Unidos.
Pessoas
se divertem em uma praia no Mar Arábico em um dia quente de verão em Mumbai, na
Índia, durante onda de calor de 2015 (Foto: Danish Siddiqui/Reuters)
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Outros
eventos climáticos extremos, porém, não podem ser atribuídos à queima de
combustíveis fósseis, que retém o gás na atmosfera e aquecem o planeta, disse o
relatório intitulado "Explicando eventos extremos a partir de uma perspectiva
climática".
Aqueles
eventos para os quais os cientistas não encontraram "nenhum sinal
climático" incluem o frio extremo no leste dos Estados Unidos e no Canadá,
a chegada tardia das chuvas de primavera da Nigéria e as fortes precipitações
diárias em dezembro em Chennai, na Índia.
O
relatório, publicado regularmente no "Boletim da Sociedade Americana de
Meteorologia" (Bams, em inglês), não abrange todos os eventos climáticos
extremos.
Como foi feito o estudo
Os
cientistas usam registros históricos e modelos climáticos para tentar explicar
a extensão do impacto das mudanças climáticas na formação de alguns eventos de
interesse selecionados.
O
relatório se baseia em 25 artigos de pesquisa revisados por pares que examinam
episódios de clima extremo de 2015 em cinco continentes e dois oceanos.
No
total, 116 cientistas de 18 países contribuíram com a análise.
"A
maior evidência de uma influência humana foi encontrada em eventos relacionados
com a temperatura - o aumento da intensidade de numerosas ondas de calor, a
redução da neve acumulada na cordilheira das Cascatas, o recorde de menor
extensão de gelo do mar Ártico em março e a extraordinária extensão e duração
dos incêndios no Alasca", disse o relatório.
Os
registros mensais de temperatura mostram que 2016 será provavelmente o ano mais
quente já registrado, marcando o terceiro ano recordista de calor consecutivo,
conforme o planeta aquece.
Os
cientistas dizem que algumas tempestades e outros tipos de condições
meteorológicas extremas tendem a piorar à medida que a Terra aquece, as
geleiras e camadas de gelo derretem e os níveis do mar sobem.
Ondas de calor mais extremas
"Cinco
anos depois do (primeiro) relatório 'Explicando eventos extremos' da Bams,
estamos vendo evidências crescentes de que as mudanças climáticas estão
tornando as ondas de calor mais extremas em muitas regiões ao redor do
mundo", disse a editora principal, Stephanie Herring, cientista da Agência
Oceânica e Atmosférica americana (NOAA).
"À
medida que nos tornamos melhores em distinguir a influência das mudanças
climáticas da variabilidade natural, o significado local e os impactos deste
fenômeno global estão se tornando mais claros", acrescentou.
Entre
os sinais mais claros da influência das mudanças climáticas estão as ondas de
calor europeias de 2015.
Pessoas
se refrescam em uma fonte durante um dia quente de verão em Paris, na França,
em onda de calor de 2015 (Foto: Charles Platiau/Reuters)
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"Experimentos
de modelagem indicam que as mudanças climáticas induzidas pelo homem foram um
fator importante na definição das condições" para estas ondas de calor,
disse o relatório.
O
sol extremo no inverno do Reino Unido nos últimos dois anos "se tornou
mais de 1,5 vezes mais provável sob a influência das mudanças climáticas",
afirmou.
O
clima de aquecimento aumentou o risco de incêndios. No Alasca, 5,1 milhões de
acres (20.700 quilômetros quadrados) queimaram em 2015, o que representa a
segunda maior área desde o início dos registros, em 1940.
"As
mudanças climáticas induzidas pelo homem podem ter aumentado o risco de uma
temporada de incêndios desta gravidade em entre 34% e 60%", disse o
relatório.
No
litoral de Miami, Flórida, as inundações durante as marés altas aumentaram em
mais de 500% nas últimas duas décadas, o que provavelmente se deve às mudanças
climáticas.
Uma
dessas enchentes, em setembro do ano passado, foi "sintomática de tal
tendência nas inundações de maré que estão se tornando comuns à medida que o
nível do mar aumenta".
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