Ir à
cozinha preparar um arroz pode não ser algo tão inofensivo quanto você imagina.
É
possível que o grão apresente uma alta concentração de arsênio, um elemento
químico que pode colaborar para o desenvolvimento de doenças crônicas como o
câncer ou cardíacas e prejudicar o desenvolvimento de crianças caso seja
ingerido em quantidades acima das recomendadas.
O arsênio pode contaminar o arroz por causa do uso de toxinas e
pesticidas no solo. Direito de imagem Thinkstock
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A boa
notícia é que há maneiras simples de evitar essa contaminação, como adicionar
mais água na panela ou deixar o grão de molho durante a noite, como pesquisou o
programa Trust Me, I'm A Doctor ("Confie em mim, eu sou um
médico"), da BBC.
O arsênio
pode contaminar o arroz por causa do uso de toxinas e pesticidas, que
permanecem no solo durante décadas. Como o cultivo desse grão envolve
irrigação, ele acaba absorvendo mais a substância do que outras culturas.
Um
exemplo do caráter venenoso do arsênio ocorreu em Bangladesh, onde uma epidemia
de casos de câncer foi reportada após pessoas beberem água contaminada.
No
Brasil, uma pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto
da USP identificou em 2013 quantidades expressivas de arsênio em vários tipos
de arroz consumidos no país, como o branco (polido), o arroz integral (sem
polimento) e parboilizado (do inglês partial boiled, ou seja,
parcialmente fervido) integral ou branco.
Nas
análises, foram constatados níveis moderadamente elevados, na faixa dos 222
nanogramas (ng) de arsênio por grama (g) de arroz. O tipo integral foi um dos
que apresentaram maiores concentrações, já que o arsênio pode se acumular no
farelo.
Dependência
de arsênio
"A
única coisa com a qual eu posso comparar é o fumo", disse à BBC Andy
Meharg, professor de ciências biológicas da Universidade de Belfast, na Irlanda
do Norte, e pesquisador do Instituto para a Segurança Alimentar Mundial.
Riscos são maiores para crianças e bebês, diz pesquisador. Direito de imagem Thinkstock |
"Se
você fumar dois cigarros por dia, você corre menos riscos do que se fumar 30 ou
40 cigarros por dia. É a dependência da dose - quanto mais você comer, maior o
risco", explicou.
Para
Meharg, a regulação sobre o arsênio é insuficiente, e mais esforços são
necessários para proteger as pessoas que comem arroz com frequência.
O
pesquisador diz que comer algumas porções por semana não coloca em risco a
saúde de um adulto, mas pode ser perigoso para crianças e bebês.
"Sabemos
que níveis baixos de arsênio afetam o desenvolvimento da imunidade, impactam no
crescimento e no desenvolvimento do QI", afirma.
Por isso,
a regulação de alimentos voltados para crianças é mais dura - mas outros
produtos que elas também comem, como cereais ou biscoitos de arroz, podem
conter níveis de arsênio recomendados apenas para adultos.
Como evitar
A boa
notícia é que é possível reduzir os níveis de arsênio em casa.
Após uma
série de experimentos, Meharg concluiu que a melhor técnica é deixar o arroz em
uma travessa com água durante a noite antes de cozinhá-lo em uma proporção de
cinco xícaras de água para cada xícara de arroz.
Essa
técnica reduz o nível de arsênio em 80% se comparada à maneira mais comum de
fazer o arroz, sem deixá-lo "de molho" por horas antes do cozimento e
com a proporção de duas xícaras de água para cada uma de arroz.
Usar a
proporção de 5 para 1 mesmo sem deixar o grão de molho também reduz os níveis
de arsênio, mas não tanto quanto a primeira técnica.
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