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quinta-feira, 1 de março de 2018

A “BESTA DO LESTE”, FENÔMENO DEIXOU A EUROPA EM ALERTA POR ONDA DE FRIO


Uma massa de ar fria vinda da Sibéria e da Escandinávia levou nevascas a diferentes cidades da Europa. Até o centro de Londres, onde normalmente os flocos de gelo derretem rapidamente, amanheceu coberto de neve.
Desde 2012 não nevava em Roma, cidade que não está preparada para temperaturas tão baixas. Direito de imagem Reuters
Apesar de ser responsável por belas paisagens, a frente fria está sendo chamada de "Besta do Leste" pelos jornais britânicos.
Além de ter impactos nas estradas, voos e serviços ferroviários e de fechar escolas, o fenômeno já matou pelo menos dez pessoas nos últimos três dias em diferentes cidades da Europa. E deixou o continente em estado de alerta.
Na Polônia, cinco pessoas morreram na segunda-feira, quando a temperatura em Varsóvia chegou a -16°C. Na França, foram pelo menos duas mortes
Chamada de “Besta do Leste”, frente fria que veio da Sibéria fez o centro de Londres amanhecer coberto de neve. Direito de imagem PA
Autoridades em diferentes cidades estão preocupadas com os moradores de rua, potenciais vítimas das baixas temperaturas. Direito de imagem Getty Images
Há uma grande preocupação com os moradores de rua.
A Organização Mundial de Meteorologia já havia advertido que a temperatura mínima diária para essa semana estaria abaixo dos 0°C até no sul da Europa, e que isso poderia representar "um risco para a vida das pessoas vulneráveis expostas ao frio".
Em Bruxelas, na Bélgica, o condado de Etterbeek determinou a detenção forçada dos sem-teto que se recusarem a ir a abrigos para, assim, evitar potenciais mortes por temperaturas abaixo dos -15ºC
Até sacerdotes brincaram com a neve no Vaticano. Direito de imagem Reuters
A "Besta do Leste" não apenas derrubou a temperatura ao longo da semana - foi também responsável por recordes de frio em várias partes da Europa.
"É provável que partes da Inglaterra e do País de Gales registrem o período mais frio desde 2013 e, talvez, desde 1991", informou o chefe do serviço meteorológico britânico, Frank Saunders.
Para o Reino Unido, a previsão é de mais neve para os próximos dias.
Na Itália, Roma amanheceu na segunda-feira coberta de neve, algo que não acontecia desde fevereiro de 2012. A capital italiana registrou temperaturas de até -8°C.
Na Bulgária, por sua vez, o serviço meteorológico pediu que a população evitasse viagens - as temperaturas chegaram a -7°C em Sofia.
Berlim também registrou intensas nevascas; em toda Europa, voos foram alterados, trens cancelados e escolas fechadas. Direito de imagem AFP
A "besta" tem causado vários transtornos. Com a nevasca, o Reino Unido tem registrado acidentes em estradas, atraso de voos e trens e interrupção de serviços. Na Escócia, mais de 400 escolas e creches não abriram nesta quarta-feira, e outras centenas ficaram fechadas na Inglaterra.
Na Eslovênia, ventos gelados de mais de 100 km/h obrigaram as autoridades locais a fechar a rodovia que liga a capital, Liubliana, ao porto de Koper. Na Rússia, os serviços meteorológicos estão advertindo que as temperaturas estarão mais frias que o normal, oscilando entre -14°C de dia e -24°C à noite.
Na Inglaterra, muita gente tirou o trenó do armário para aproveitar o clima típico. Direito de imagem Getty Images
Mais calor no Ártico, mais frio na Europa
O frio extremo na Europa contrasta com a situação no Ártico, que está experimentando um período excepcionalmente quente em uma época do ano em que o sol nem aparece no horizonte.
Nesta semana, o Ártico está experimentando uma grande onda de calor, segundo a União Europeia de Geociências. Em algumas partes da região, estão sendo registradas temperaturas acima do ponto de congelamento, surpreendendo muitos especialistas.
Segundo o jornal britânico The Guardian, especialistas estão usando termos como "maluco", "estranho" ou "simplesmente chocante" para descrever o fenômeno. Mas segundo com a OMM, trata-se de "um momento raro, mas não sem precedentes".
Em Genebra, na Suíça, até as plantas ao lado do lago congelaram. Direito de imagem Reuters
A organização explicou que o fenômeno está relacionado a padrões de circulação atmosférica em grande escala, chamados de "evento de aquecimento estratosférico repentino" e registrados na estratosfera, a uns 30 quilômetros acima do Polo Norte.
"O evento de aquecimento estratosférico provocou uma divisão no vórtice polar, que é uma área de baixa pressão na atmosfera superior, com redemoinhos de vento do Oeste que circulam ao seu redor", esclareceu a OMM.
Essa divisão dos ventos teria provocado os ventos frios que vêm da Sibéria e têm influenciado a queda da temperatura na Europa.
Neve cobriu as ruas e praças de Pristina, capital do Kosovo. Direito de imagem AFP
De acordo com o Guardian, os picos de calor no Ártico são comuns, mas estão se tornando cada vez mais frequentes e de longa duração. O que está em debate no momento é o que está provocando isso, de acordo com a publicação britânica.
"Apesar de poder ser considerado como um evento anômalo, a maior preocupação é que o aquecimento global esteja comprometendo o vértice polar, o vento poderoso que ficava isolado no gelado norte", diz a publicação.
Fonte: BBC e Fotos Agências de Notícias

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