Cientistas
chineses afirmam ter conseguido reprogramar células de urina humana em células
cerebrais (progenitoras neurais), em uma pesquisa que pode contribuir para
futuros avanços no tratamento de males degenerativos como Alzheimer e
Parkinson.
A
pesquisa, publicada na mais recente edição do periódico Nature Methods, afirma
que células de urina foram isoladas de três doadores, de 37, 10 e 22 anos, e
reprogramadas para gerar células progenitoras neurais (NPCs), que são
precursoras das células cerebrais. Estas NPCs, por sua vez, foram capazes de se
subdividir e "gerar com eficiência neurônios funcionais" distintos in
vitro.
Os
mesmos cientistas haviam identificado no ano passado que a urina humana contém
células do rim "que podem ser reprogramadas em células-tronco
pluripotentes induzidas (iPSCs)". Agora, dizem ter avançado neste método.
"Ainda
faltam análises, mas reportamos que as células sobrevivem e se dividem quando
transplantadas ao cérebro de um rato recém-nascido", diz o estudo,
liderado por Duanquing Pei, da Academia Chinesa de Ciências.
Células
progenitoras neurais são potenciais fontes de neurônios para pesquisa, com a
vantagem de se dividirem e, por conta disso, poderem ser "expandidas"
em laboratório antes que sejam divididas em neurônios.
Células progenitoras neurais derivadas de urina
humana
em estudo de pesquisadores chineses
|
Pesquisa e teste
de medicamentos
"Há
um grande interesse em gerar progenitoras neurais de indivíduos com doenças
degenerativas", diz comunicado da Nature Methods.
"E
como as células a serem reprogramadas são derivadas de (processos)
não-invasivos, da urina de doadores, os autores da pesquisa propõem que o
procedimento deve ser praticável para gerar progenitoras neurais específicas
para determinadas doenças", acrescenta a publicação.
"Neurônios
derivados dessas células podem ser úteis para pesquisas em males
neurodegenerativos e para o teste de novos medicamentos", conclui o
comunicado.
A
pesquisa de Duanquing Pei lembra que ainda não há medicamentos eficientes para
combater diversas doenças neurológicas.
Há
importantes avanços no campo de células-tronco, mas o método é alvo de
questionamentos por alas mais conservadoras porque as células são obtidas de
embriões humanos. Além disso, existe o risco de rejeição do sistema
imunológico. A vantagem da pesquisa chinesa é evitar esses dilemas.
Além
disso, reportagem da revista Nature aponta que o estudo pode ajudar
pesquisadores a produzir mais rapidamente células específicas para cada
paciente, em número maior.
"Progenitoras
neurais proliferam em cultura, então os pesquisadores podem produzir diversas
células para seus experimentos", diz a reportagem.
Um
geneticista consultado pela revista afirma que outra vantagem de obter células
dessa forma é que a urina pode ser coletada de quase qualquer paciente.
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