As
serpentes são animais que estão entre os mais temidos pelas pessoas, existindo
muita curiosidade sobre essas fascinantes predadoras. Aprendemos desde crianças
a temermos as cobras, mas poucos dos adultos nos contam sobre alguns fatos
sobre esses animais quando somos crianças. Segundo os boletins
epidemiológicos atuais os óbitos no Brasil não ultrapassam 150 vítimas por ano,
por outro lado, milhares de seres humanos no nosso país são mortos assassinados
por outros seres humanos anualmente. Se fôssemos seguir a lógica da
estatística, deveríamos temer mais os da nossa espécie do que esses animais.
E apesar
do que muitos falam, as cobras não são animais traiçoeiros como alguns humanos
podem ser. Elas não tem interesse de se exporem picando uma pessoa e nem de
gastarem seus venenos, fazem isso quando se sentem ameaçadas com a aproximação
de alguém ou quando pisam sobre elas. A Cascavel (Crotalus durissus)
toca o seu guizo na ponta da cauda e a Jararaca (Bothropoides jararaca) e
também outras espécies vibram a cauda quando se sentem ameaçadas e assim
procuram avisar que estão por ali.
Cascavel (Crotalus durissus). |
Apesar de
tanto medo devido a periculosidade de algumas espécies peçonhentas, pode-se
dizer que as cobras contribuem mais para salvar vidas no Brasil do que matam.
Isso se deve as propriedades farmacológicas descobertas com o veneno delas. O
Captopril (anti-hipertensivo) isolado do veneno da jararaca na Década de 60 e
amplamente utilizado é um exemplo disso, além de outros como a cola para fins
cirúrgicos também obtido com o veneno dessa serpente. Por isso, preservar e
conhecer melhor esses animais é de extrema importância para a humanidade, assim
como aprendermos a respeitá-las.
Serpentes,
Cobras e Víboras: Cobra é um nome popular que no Brasil é dado para todas as
espécies de Serpentes (Subordem da Classe dos Répteis). Víbora é um nome dado
especialmente na região sul para as cobras peçonhentas da Família Viperidae
(ex. Jararacas). Entretanto, no Brasil muitos quando ouvem a palavra
"Serpente" pensam mais nas espécies de Najas que ocorrem na África e
da Ásia, devido a cena clássica dos "encantadores de serpentes". Por
outro lado, "Cobra" em vários países é o nome aplicado para as Najas.
Mas como nome popular dos animais é dado por aqueles que moram em uma região, é
correto no Brasil chamarmos todas as serpentes de cobras.
Abaixo
seguem algumas curiosidades sobre esses animais:
1) O que
as cobras se alimentam?
Todas
espécies de cobras são carnívoras, predando vários tipos de animais (Greene
1997). Roedores (ratos e camundongos), lagartos (calangos e lagartixas) e
anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas) são os principais tipos de presas.
Outros grupos de presas que as cobras se alimentam são marsupiais (cuícas e
marmosinhas), morcegos, anfisbênios (cobras-cegas ou cobras-de-duas-cabeças),
outras cobras, gimnofionos (anfíbios ápodos: cobras-cegas ou cecílias),
salamandras, girinos, peixes, minhocas, lesmas, caramujos, centopéias e ainda
outros animais. Cada espécie de cobra tem um tipo de dieta (preferência
alimentar), sendo que algumas alimenta-se apenas de um tipo de presa (chamadas
de especialistas) e outras predam vários grupos animais (chamadas de
generalistas).
2) Como
as cobras caçam suas presas?
Dipsas catebyi alimentando-se de uma lesma. |
Algumas
cobras procuram ativamente suas presas pelo ambiente (vegetação, chão, em
galerias subterrâneas, na água), outras podem caçar de espreita, esperando o
animal passar próximo a ela. Serpentes das famílias Boidae (jibóias e sucurís)
e Viperidae (cascavéis, jararacas e surucucus) são exemplos que caçam de
espreita.
Siphlophis worontzowi em atividade de forrageio.
|
Jararaca da Amazônia (Bothrops atrox) caçando de espera. |
Dependendo
da espécie de cobra, ela pode matar a presa por envenenamento, por constrição
ou então ingerir a presa viva. Geralmente as presas que podem oferecer algum
risco para serpente (ratos, outras cobras) são mortas por envenenamento ou por
constrição. Presas inofensivas como anfíbios anuros, lesmas e minhocas podem
serem engolidas vivas.
Leptodeira annulata (dipsadídeo com dentição
opistóglifa) matando por envenenamento um sapo.
Pseudoboa nigra fazendo constrição em um calango-verde. |
4) Quando
as cobras tem atividade?
Algumas
espécies de cobras tem atividade durante a noite (geralmente apresentam pupilas
dos olhos elípticas) e outras durante o dia (geralmente apresentam pupilas dos
olhos arredondadas). Algumas espécies apresentam atividade tanto durante o dia
como de noite.
Serpente noturna Imantodes cenchoa com a
pupila do olho elíptica.
|
Serpente diurna Chironius scurrulus com a pupila do olho arredondada. |
5) Quais
são os sentidos (órgãos sensoriais) das cobras?
Todas as
cobras apresentam o olfato (quimiorrecepção) desenvolvido, elas dardejam a
língua bífida (bifurcada) capturando moléculas odoríferas do ambiente e
transportando até o Órgão de Jacobson situado no céu da boca, onde processam as
informações.
Cascavel (Crotalus durissus) dardejando a língua. |
A audição é pouco desenvolvida, estando
ausente o tímpano e o ouvido externo. A visão é mais desenvolvida em espécies
de hábitos diurnos e arborícolas e mais reduzida nas espécies fossoriais
(subterrâneas). As pálpebras dos olhos são soldadas e transparentes, portanto
as cobras não fecham e nem piscam os olhos.
Cobra-cipó (Philodryas argentea) dormindo sobre a vegetação de noite. |
De forma independente evoluíram órgãos sensores
térmicos que detectam a temperatura do corpo dos animais nos viperídeos (ex.
cascavel e jararaca) e nos boídeos (ex. periquitambóia e salamanta). Nos
viperídeos é a fosseta loreal, localizada entre o olho e a narina da serpente
(de onde vem o nome popular "cobra-de-quatro-ventas") e nos boídeos
as fossetas labiais.
Jararaca ou Caissaca (Bothrops moojeni). Note a fosseta loreal entre o olho e a narina. |
Periquitambóia (Corallus batesii). Note as fossetas labiais. |
6) Quanto tempo vive uma cobra?
São
poucas informações sobre a longevidade de serpentes na natureza, sendo
necessários estudos com marcação e recaptura a longo prazo para isso. A maioria
das informações é sobre cobras criadas em cativeiro e de espécies de fora do
Brasil. As serpentes de grande tamanho (Boidae e Pythonidae) vivem mais,
existindo registro de uma "Ball Python" (Python regius) que
viveu mais de 47 anos no Zoológico da Philadelphia (USA) (Ernst & Zug
1996).
Boídeos
como Sucuris (Eunectes murinus) e Jibóias (Boa constrictor) em
cativeiro podem viver mais de 30 anos e 40 anos, respectivamente. Na natureza,
Rivas & Corey (2008) na Venezuela recapturaram uma fêmea de Sucuri após 13
anos de sua primeira captura quando foi marcada.
Jibóia (Boa constrictor). |
Os registros de colubrídeos e dipsadídeos são em
média de 6 a 10 anos, com registros de espécies até cerca de 17 anos (Caninana Spilotes
pullatus) em cativeiro (Ernst & Zug 1996). Segundo os registros de
cativeiro os viperídeos vivem mais com recordes de cascavéis norte-americanas (Crotalus
atrox) vivendo mais do que 25 anos (Ernst & Zug 1996).
caninana (Spilotes pullatus). |
Costa et
al. (2005) e Oliveira et al. (2005) apresentaram registros de longevidade de
serpentes Elapidae (corais-verdadeiras) e Viperidae (jararacas, cascavéis e
surucucus) no Instituto Butantan: Coral-verdadeira (Micrurus frontalis)
3,5 anos; Coral-verdadeira (M. corallinus) 3 anos; Jararaca (Bothropoides
jararaca) quase 10 anos; Jararaca-da-seca (B. erythromelas) mais de
12 anos; Cascavel (Crotalus durissus) 9 anos e meio;
Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta) 5 anos e meio.
7) Qual a
maior cobra do mundo?
Segundo
Murphy & Henderson (1997), os maiores recordes são de Píton Africana (Python
sebae) com 12 metros, Sucuri (Eunectes murinus) de 11,5 metros
(Registro do Marechal Rondon em Oliver, 1958), Píton Reticulada (Python
reticulatus) com 10 metros e a Píton Indiana (Python molurus) com
9,14 metros. Isso sem considerar os registros provavelmente superestimados
(exagerados) de Amaral (1948) de sucuri de 14 metros de Up de Graf de 15
metros. Entretanto, Ernst & Zug (1996) consideram o registro de Sucuri (E.
murinus) de 11,5 metros como o maior dentre as grandes serpentes.
Sucuri (Eunectes murinus). |
8) Qual a
maior cobra peçonhenta do mundo?
A
Cobra-rei ou "King Cobra" (Ophiophagus hahhah) com 5,58 metros
de comprimento (Ernst & Zug 1996).
9) Qual a
maior cobra peçonhenta do Brasil?
A
Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta) com até 3,75 metros (Ernst &
Zug 1996), sendo também o maior viperídeo do mundo.
Surucucu-pico-de-jaca ou Surucutinga (Lachesis muta). |
10) A
sucuri pode engolir um boi?
Não. Uma presa assim seria
enorme para uma sucuri. Existem registros de sucuris engolindo bezerros (Ver
Freitas 2003). Uma cobra dessas até poderia matar uma animal grande como um
cavalo ou boi, mas não iria conseguir ingeri-lo.
11) A
sucuri pode engolir uma pessoa?
Não
existem registros fidedignos de sucuris matando pessoas, o que existem são
estórias e "lendas urbanas" que circulam pela Internet através de
e-mails e sites sensacionalistas que utilizam fotos de pítons (dizendo ser de
sucuris) com pessoas possivelmente mortas por estas cobras. Contudo, sucuris
podem atacar seres humanos (Strüssmann 1997; Rivas 1998; Duarte et al. 2000;
Haddad-Jr 2000; Bernarde 2002) e se basearmos nos relatos de pítons que mataram
e até ingeriram pessoas, é possível que uma sucuri de grande tamanho possa
ingerir uma pessoa pequena.
12) Qual
a cobra mais peçonhenta (veneno mais letal) do mundo?
Você já
pode ter visto um documentário na TV apresentando as 10 serpentes mais
venenosas do mundo e nesse programa só tinha espécies australianas. Foi um erro
de tradução o documentário na verdade fala sobre as 10 mais venenosas da
Austrália.
A
serpente mais venenosa seria aquela que teria o maior coeficiente de
letalidade, ou seja, um maior número de óbitos dentro de um grupo de pessoas
picadas por ela.
Uma coisa meio difícil de se fazer com humanos (para testar de maneira controlada!). Pode ser feito com camundongos, lembrando que são animais fisiologicamente diferentes de humanos.
Uma coisa meio difícil de se fazer com humanos (para testar de maneira controlada!). Pode ser feito com camundongos, lembrando que são animais fisiologicamente diferentes de humanos.
Segue abaixo um RANKING de
pesquisas realizadas pelo planeta:
Toxicidade
dos venenos de alguma serpentes em camundongos pelo teste de DL-50, copilado de
Ernst & Zug (1996). Obs. os autores não informam as vias de injeção do
veneno (Intravenosa, intraperitonial, intramuscular, etc.), o que influencia no
resultado. Os valores de Mg/Kg correspondem a miligramas de veneno de serpente
por kilograma de camundongo necessário para matar metade uma amostra.
1º)
Serpente marinha (Enhydrina schistosa) 0,02 Mg/Kg
2º) Víbora de Russel (Vipera russelii) e a Taipan (Oxyuranus microlepidotus) 0.03 Mg/Kg
3º) Serpente marinha (Aipysurus duboisii) 0,04 Mg/Kg
4º) A australiana Eastern brownsnake (Pseudechis textilis) e a Mamba negra (Dendroaspis polylepis) 0,05 Mg/Kg
5º) Cascavel tigre (Crotalus tigris) Cascavel tigre 0,06 Mg/Kg
6º) Boomslang (Dispholidus typus) e a Serpente marinha (Pelamis platurus) 0,07 Mg/Kg
7º) Krait (Bungarus caeruleus) 0,09 Mg/Kg
8º) Víbora de chifre (Cerastes cerastes) 0,10 Mg/Kg
9º) Outra espécie de Taipan (Oxyuranus scutellatus) 0,10 Mg/Kg
DL-50 via subcutânea:
Toxicidade dos venenos de alguma serpentes em camundongos pelo teste de DL-50 via subcutânea, copilado de www.kingsnake.com:
1º) Taipan (Oxyuranus microlepidotus) 0.025 Mg/Kg
2º) Eastern brown snake (Pseudonaja textilis) 0.0365 Mg/Kg
3º) Serpente marinha (Aipysurus duboisii) 0.044 Mg/Kg
4º) Serpente marinha (Pelamis platurus) 0.067 Mg/Kg
5º) Serpente marinha (Acalyptophis peronii) 0.079 Mg/Kg
6º) Taipan (Oxyuranus scutellatus) 0.106 Mg/Kg
DL-50 via intramuscular:
Toxicidade dos venenos de alguma serpentes em camundongos pelo teste de DL-50 via intramuscular, copilado de www.kingsnake.com.
1º) Serpente marinha (Hydrophis melanosoma) 0.082 Mg/Kg
2º) Serpente marinha (Aipysurus laevi) 0.09 Mg/Kg
3º) Serpente marinha (Hydrophis ornatus) 0.12 Mg/Kg
4º) Serpente marinha (Hydrophis belcheri) 0.155 Mg/Kg
5º) Serpente marinha (Hydrophis elegans) 0.21 Mg/Kg
2º) Víbora de Russel (Vipera russelii) e a Taipan (Oxyuranus microlepidotus) 0.03 Mg/Kg
3º) Serpente marinha (Aipysurus duboisii) 0,04 Mg/Kg
4º) A australiana Eastern brownsnake (Pseudechis textilis) e a Mamba negra (Dendroaspis polylepis) 0,05 Mg/Kg
5º) Cascavel tigre (Crotalus tigris) Cascavel tigre 0,06 Mg/Kg
6º) Boomslang (Dispholidus typus) e a Serpente marinha (Pelamis platurus) 0,07 Mg/Kg
7º) Krait (Bungarus caeruleus) 0,09 Mg/Kg
8º) Víbora de chifre (Cerastes cerastes) 0,10 Mg/Kg
9º) Outra espécie de Taipan (Oxyuranus scutellatus) 0,10 Mg/Kg
DL-50 via subcutânea:
Toxicidade dos venenos de alguma serpentes em camundongos pelo teste de DL-50 via subcutânea, copilado de www.kingsnake.com:
1º) Taipan (Oxyuranus microlepidotus) 0.025 Mg/Kg
2º) Eastern brown snake (Pseudonaja textilis) 0.0365 Mg/Kg
3º) Serpente marinha (Aipysurus duboisii) 0.044 Mg/Kg
4º) Serpente marinha (Pelamis platurus) 0.067 Mg/Kg
5º) Serpente marinha (Acalyptophis peronii) 0.079 Mg/Kg
6º) Taipan (Oxyuranus scutellatus) 0.106 Mg/Kg
DL-50 via intramuscular:
Toxicidade dos venenos de alguma serpentes em camundongos pelo teste de DL-50 via intramuscular, copilado de www.kingsnake.com.
1º) Serpente marinha (Hydrophis melanosoma) 0.082 Mg/Kg
2º) Serpente marinha (Aipysurus laevi) 0.09 Mg/Kg
3º) Serpente marinha (Hydrophis ornatus) 0.12 Mg/Kg
4º) Serpente marinha (Hydrophis belcheri) 0.155 Mg/Kg
5º) Serpente marinha (Hydrophis elegans) 0.21 Mg/Kg
Em uma picada em um ser humano o dente poderá ser inoculado até uma certa profundidade e influenciará nos sintomas, assim como a quantidade de veneno inoculada que pode variar de 30 a 70% da quantidade disponível na glândula ou mesmo ser uma "picada seca", sem inoculação de veneno.
Independente
disso, uma pessoa poderá morrer desde por uma espécie que ocupa a 1ª Posição
(uma maior probabilidade) até pela que ocupa a 128º Posição (mas com uma menor
probabilidade).
13) Qual
a cobra mais peçonhenta (veneno mais letal) do Brasil?
Como já
dito, letalidade é a quantidade de óbitos que ocorrem em um determinado número
de pessoas com um agravo a saúde (doença, envenenamento, etc.). Segundo os
dados epidemiológicos dos quatro tipos de acidentes ofídicos no Brasil: Botrópico
(jararacas), Crotálico (cascavéis), Laquético (surucucus-pico-de-jaca) e
Elapídico (corais-verdadeiras), os índices de letalidade correspondem
aproximadamente a:
1,8% Letalidade = Cascavel (Crotalus durissus) |
0,4% Letalidade = Corais-verdadeiras (Micrurus spp.) |
0,3% Letalidade = Jararacas (Bothrops, Bothropoides, etc) |
Isso são
dados que apresentam uma generalização em relação ao ofidismo, não sendo
considerado individualmente cada espécie nesses gêneros em relação a toxicidade
do veneno, quantidade de veneno na glândula, tamanho dos dentes inoculadores e
o tipo de dentição, postura defensiva (propensão em dar o bote e picar).
Fora desse ranking está a Jararaca-ilhôa (Bothropoides insularis)
uma vez que não existem casos de envenenamento em seres humanos registrados.
14) Como
as cobras se reproduzem?
As
espécies de cobras apresentam os sexos separados, ou seja, existem indivíduos
machos e fêmeas. Os machos apresentam o hemipênis que fica alojado na base da
cauda e no momento da cópula esse órgão genital infla-se com sangue e é
evertido para ser introduzido na cloaca da fêmea durante a cópula. A maioria
das serpentes é ovípara (colocam ovos) e outras como os boídeos (sucuris e
jibóias) e viperídeos (exceto a surucucu-pico-de-jaca) são vivíparas dando à
luz filhotes já formados.
Hemipênis de Sucuri (Eunectes murinus). |
15) As
cobras "piam"?
Ao
contrário da crença popular, as cobras não piam de noite e nem para atrair
passarinhos durante o dia.
16) O que
devo fazer quando encontrar uma cobra?
Você
estando na natureza, deve respeitar o animal em seu habitat e deixá-lo em paz.
Avise demais pessoas que estiverem próximas sobre a localização da cobra.
Quando criança deve-se procurar um adulto e avisá-lo sobre a presença do
animal. Em área urbana deve-se procurar o telefone de órgãos que capturam esses
animais (bombeiros, Centros de triagem, etc). Lembre-se que as serpentes são
animais importantes nos ecossistemas e é crime matar animais silvestres.
17) O que
devo fazer para não ser picado por uma cobra?
Primeiramente
deve-se ter muita atenção quando estiver em áreas onde esses animais ocorrem
como campos, florestas, fazendas. Olhar bem onde pisa e coloca as mãos, andando
devidamente calçado uma vez que a maioria das picadas ocorre na altura do
joelho para baixo. Quando andar de noite nesses lugares propícios de
ocorrerem serpentes sempre utilizar uma lanterna. Quando for sentar-se no chão
ou passar em troncos em florestas olhar cuidadosamente se não tem nenhum animal
peçonhento próximo.
18) O que
devo fazer se for picado por uma cobra?
Manter a
calma e procurar o mais rápido possível um hospital. O soro antiofídico e o
médico em um ambiente hospitalar é a forma do melhor tratamento ocorrer.
Pode-se beber muita água durante o trajeto e não se deve fazer algumas práticas
que podem agravar a situação. Não fazer garrote ou torniquete. Não realizar
perfurações no local da picada.
19) A
cobra-verde é venenosa?
Ouve-se
em algumas regiões do Brasil que a Cobra-verde (Philodryas olfersii) não
é venenosa, entretanto, trata-se de uma espécie opistóglifa, apresentando
dentes inoculadores de veneno na região posterior da boca. O veneno causa um
edema (inchaço) em pessoas adultas que involue em alguns dias. Já em crianças,
pode causar um acidente mais sério. São raros os acidentes, pois esta cobra
foge rapidamente com a aproximação de uma pessoa. Na maioria dos acidentes
registrados, a vítima estava manuseando essa cobra. Outra espécie de
cobra-verde é a Oxybelis fulgidus que também é opistóglifa e pode
ocasionar envenamento.
Cobra-verde (Philodryas olfersii). |
Na
Amazônia e na Mata Atlântica até o Estado do Rio de Janeiro, ocorre a uma
espécie de jararaca arborícola de coloração verde (Bothrops bilineata)
chamada de bico-de-papagaio ou papagaia que é peçonhenta e pode causar
envenenamentos graves.
Jararaca-verde (Bothriopsis bilineata). |
Muitas
pessoas acreditam que uma cobra venenosa não pica nos ambientes aquáticos, o
que é mentira. Algumas acham que se ela abrisse a boca na água, se afogaria;
outras pensam que ela deixa seu veneno em uma folha para atravessar um rio ou
lagoa. Isso não passa de superstição. Em banhados, ocorrem jararacas e elas
podem picar uma pessoa que se aproximar. Quando uma serpente peçonhenta estiver
atravessando um rio ou lagoa nadando, se for interceptada por alguém, poderá
picar. Na Amazônia duas espécies de corais-verdadeiras (Micrurus lemniscatus
e M. surinamensis) apresentam hábitos aquáticos.
21)
Existe encantadores de Najas?
As cobras
praticamente não escutam o som das flautas uma vez que apresentam a audição
pouco desenvolvida. Essas Najas são capturadas na natureza, o coletor deixa
elas algum tempo sem se alimentar. Depois, cortam os seus dentes inoculadores
de veneno ou costuram suas bocas. Passam ratos ou urina de ratos na ponta das
flautas e, para onde ele virar a flauta, a cobra acompanha, atraída pelo odor
do roedor.
22) Alguma cobra corre atrás da gente?
22) Alguma cobra corre atrás da gente?
No
Brasil, pelo menos as cobras venenosas não perseguem as pessoas. Algumas
espécies não venenosas como a Jararacuçu-do-brejo (Mastigodryas bifossatus)
e a Caninana (Spilotes pullatus) podem dar uma pequena investida em
alguém e esta devido ao medo pode correr muito e pensar que foi perseguido. Contudo,
não passará de um susto.
BIBLIOGRAFIA
CITADA
AMARAL,
A. 1948. Serpentes gigantes. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi 10:211-237.
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Fotos (Paulo Sérgio Bernarde)
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