Acidez maior dos
oceanos está afetando o ecossistema, segundo pesquisa
Lesmas-do-mar
que vivem na Antártida estão sendo afetadas pelo alto nível de acidez das águas
marinhas, segundo uma nova pesquisa científica.
Uma
equipe internacional de cientistas descobriu que a concha das lesmas está sendo
corroída pela água do mar.
Segundo
especialistas, a descoberta é importante para se determinar o impacto da
acidificação do oceano na vida marinha.
Os
resultados foram publicados na revista científica Nature Geoscience.
Ecossistemas
As
lesmas-do-mar são importantes na cadeia dos alimentos dos oceanos. Além disso,
elas são um bom indicador de quão saudável está o ecossistema.
"Eles
são um item importante para diversos predadores – como plânctons maiores,
peixes, pássaros, baleias", diz Geraint Tarling, que é coautor do estudo e
diretor de Ecossistemas Oceânicos da entidade britânica de pesquisas British
Antarctic Survey.
O
estudo foi um projeto de pesquisadores da BAS, da National Oceanic and
Atmospheric Administration (NOAA), a US Woods Hole Oceanographic Institution e
da faculdade de ciências ambientais da Universidade de East Anglia.
A
acidificação do oceano ocorre devido à queima de combustíveis fósseis. Parte do
dióxido de carbono que está na atmosfera é absorvido pelo oceano. Esse processo
altera a composição química da água, que fica mais ácida.
Os
dados foram coletados em uma expedição do barco Southern Ocean, em 2008. Os
cientistas analisaram o que acontece quando a água marinha do fundo é empurrada
para a superfície por ventos.
Essa
água é mais ácida e acaba corroendo a aragonita – a substância que forma as
conchas das lesmas-do-mar e o perióstraco, ou periostracum, que é a camada mais
externa da concha de um molusco ou de braquiópode, similar a uma película de
espessura variável, composta unicamente de material orgânico.
"As
lesmas-do-mar não necessariamente morrem por conta da corrosão nas suas
conchas, mas isso as deixa mais vulneráveis a predadores e a infecções, o que
tem consequências no resto da cadeia de alimentação."
Tarling
disse que o estudo ainda é um piloto para outras pesquisas que virão, mas que
ele já forneceu dados importantes sobre como o ecossistema reagirá a mudanças
futuras no oceano.
"Foram
necessários vários anos para que desenvolvêssemos uma técnica sensível o
suficiente para que analisássemos o exterior das conchas, com auxílio de
microscópios de alta potência, já que as conchas são muito finas e os padrões
de dissolução são muito súteis", afirmou o pesquisador.
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