Segundo
um estudo da Universidade de Leeds, na Inglaterra, águas oceânicas super
quentes (cerca de 40 graus Celsius) podem ter causado a maior extinção em massa
da história da Terra.
O
pesquisador Paul Wignall, um geólogo da Universidade, explica que esse foi
provavelmente o período mais quente do planeta.
Essa
extinção em massa foi um evento que ocorreu no fim da Era Permiana, cerca de
249 milhões de anos atrás. O estudo sugere que partes da Terra eram tão quentes
nessa época que eram literalmente inabitáveis. As temperaturas escaldantes
provavelmente conduziram o planeta diretamente a um evento de extinção – a
única vez que isso aconteceu na história da Terra.
Essa
maior extinção em massa do planeta matou de 80 a talvez 95% das espécies da
Terra. Um fator chave por trás deste desastre foi provavelmente a atividade
vulcânica catastrófica na região que é hoje a Sibéria, que vomitou 7 milhões de
quilômetros quadrados de lava, uma área quase tão grande quanto a Austrália. As
erupções vulcânicas tiveram consequências letais, como privar os oceanos de
oxigênio.
A
Terra levou 5 milhões de anos para se recuperar de tal cataclismo, um período
longo incomum de recuperação para extinções em massa.
O
estudo
Para
saber se passamos por um grave caso de aquecimento global e se isso causou a
grande extinção em massa, os cientistas analisaram fósseis datados de 253 a 245
milhões de anos atrás, pouco antes e depois do evento.
Eles
se concentraram em isótopos atômicos ou variantes de oxigênio dentro destes
fósseis. Todos os isótopos de oxigênio têm oito prótons em seu núcleo atômico,
mas diferem no número de nêutrons – oxigênio-16 tem oito nêutrons, enquanto o
oxigênio-18 tem 10.
Como
criaturas marinhas formam conchas, ossos e dentes, elas tendem a usar isótopos
mais leves de oxigênio sob condições mais quentes. “Você pode ver isso até
hoje, quando olha para criaturas marítimas modernas. A taxa de isótopos de
oxigênio em suas conchas é inteiramente controlada por temperatura”, explica
Wignall.
Entre
os fósseis estudados, estão estranhas criaturas parecidas com enguias
conhecidas como conodontes, que vieram da Bacia Nanpanjiang no sul da China.
Diferentes
grupos de conodontes ajudaram a determinar as temperaturas em diferentes
profundidades ao redor do equador no final do Permiano. Por exemplo, um grupo,
Neospathodus, viveu até cerca de 70 metros de profundidade, enquanto outros,
como Pachycladina, Parachirognathus e Platyvillosus, moravam mais próximos da
superfície.
Os
resultados mostram que a Terra passou por um aquecimento global extremo, o mais
extremo visto nos últimos 600 milhões de anos. Sendo assim, os pesquisadores
acreditam que a principal razão para a zona morta após o fim do Permiano foi um
planeta muito quente.
Temperaturas
altas
A
parte superior do oceano pode ter atingido cerca de 38 graus Celsius, e as
temperaturas da superfície do mar podem ter excedido 40 graus Celsius. Em
comparação, a média anual atual da superfície do mar em torno do equador é de
25 a 30 graus Celsius.
“A
fotossíntese para em cerca de 35°C, e muitas vezes as plantas começam a morrer
em temperaturas acima de 40”, disse Wignall. “Isso explicaria por que não há
registro fóssil de plantas no fim do Permiano, por exemplo”.
Sem
as plantas para absorver o dióxido de carbono, mais desse gás que retém calor
ficava na atmosfera, elevando ainda mais as temperaturas.
Estas
temperaturas letalmente quentes podem explicar por que as regiões perto do
equador foram quase desabitadas. Quase todos os peixes e répteis marinhos
migraram para latitudes mais altas, e essas criaturas diminuíram de tamanho,
para liberar mais fácil o calor do corpo.
Espécies
de grande porte e mobilidade física, como peixes, desapareceram dos trópicos,
mas resistiram nos polos. Espécies pequenas e imóveis como moluscos foram as
únicas capazes de lidar melhor com o calor e permanecer nos trópicos.
As
temperaturas voltaram ao normal 247 milhões de anos atrás, altura em que
grandes animais voltaram aos trópicos e as plantas recolonizaram a Terra.
De
acordo com os pesquisadores, embora muitas extinções em massa tenham coincidido
com um aquecimento global, a temperatura em si não foi o fator da morte:
eventos relacionados, tais como mudanças de ecossistema, foram culpados. Já
esse evento é o único caso conhecido em que o calor, de fato, matou.
“Claramente, a morte generalizada por calor é
um mecanismo esquecido e pouco estudado para a extinção em massa na história da
Terra”, opina Matthew Huber, da Universidade Purdue, em Indiana (EUA).
Enquanto
especialistas dizem que o estudo precisa ser confirmado por outras pesquisas,
outros alertam que as temperaturas extremas do Triássico podem se repetir nos
próximos séculos.
O
calor extremo combinado com a umidade é fatal para os seres humanos, porque
nossa transpiração não pode nos refrescar o suficiente.
Ainda
assim, mesmo que o aquecimento global possa causar diretamente extinções e o
mundo esteja se aquecendo, não devemos passar por um nível de calor como no fim
do Permiano.
Uma realidade que já estamos sentindo na pele, literalmente. |
O Aquecimento
global.
O
Aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão, um aumento da
temperatura média superficial global que vem acontecendo nos últimos 150 anos.
O significado deste aumento de temperatura é objeto de análise por parte dos
cientistas.
Será
devido a causas naturais ou da responsabilidade do homem?
Grande
parte da comunidade científica acredita que o aumento de concentração de
poluentes de origem humana na atmosfera é causa do efeito estufa. A Terra
recebe radiação emitida pelo Sol e devolve grande parte dela para o espaço
através de radiação de calor. Os poluentes atmosféricos retêm uma parte dessa
radiação que seria refletida para o espaço, em condições normais. Essa parte
retida causa um importante aumento do aquecimento global do planeta.
Aquecimento
global - causas naturais ou responsabilidade humana ?
Se
o aumento da temperatura média se deve a causas naturais ou se é da
responsabilidade do homem, é um assunto que se encontra ainda em debate,
na comunidade científica, embora muitos meteorologistas e climatologistas tenham
recentemente afirmado publicamente que consideram provado que a ação humana tem
realmente influenciado a evolução deste fenômeno. O Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC), estabelecido pelas Nações Unidas e pela
Organização Meteorológica Mundial em 1988, no seu relatório mais recente diz
que grande parte do aquecimento observado durante os últimos 50 anos se deve
muito provavelmente a um aumento do efeito estufa, causado principalmente pelo
aumento nas concentrações de gases de estufa (produzidos pelo homem), mas
também devido a outras alterações como, por exemplo, uma maior
utilização das águas subterrâneas e de solo para a agricultura
industrial, um maior consumo energético e a poluição.
O
consenso cientifico é de que o aquecimento global é da responsabilidade do
homem. A maioria das academias de ciências do mundo fizeram um comunicado
conjunto para que acerca do consenso não houvesse dúvidas.
O que irá
acontecer no futuro ?
Modelos
climáticos referenciados pelo IPCC projetam que as temperaturas globais de
superfície provavelmente aumentarão no intervalo entre 1,1 e 6,4 °C entre
1990 e 2100. A variação dos valores baseia-se na utilização de
diferentes cenários sobre as futuras emissões de gases de estufa
e resultados de modelos com diferenças na sensibilidade climática. Apesar de
que a maioria dos estudos tem seu foco no período até ao ano 2100,
espera-se que o aquecimento e o aumento no nível do mar continuem por mais de
um milénio, mesmo que os níveis de gases estufa se estabilizem. Este fato
é sustentado pela grande capacidade calorífica dos oceanos.
Um
aumento nas temperaturas globais pode, em contrapartida, causar outras
alterações, incluindo o aumento no nível das águas do mar e em padrões de
precipitação resultando em enchentes e secas. Podem também haver alterações nas
frequências e intensidades de situações de temperaturas extremas, apesar
de ser difícil de relacionar acontecimentos específicos ao aquecimento global.
Outras consequências do aquecimento global podem ser a diminuição
da disponibilidade de terrenos agrícolas, o recuo glacial,
caudais dos rios muito baixos durante o verão, extinção de muitas
espécies e aumento do número de doenças.
Existe
alguma incerteza, dentro da comunidade científica sobre o grau exato das
alterações climáticas previstas para o futuro, e como essas alterações irão
variar de região para região em todo o globo terrestre. Existe um debate
político e público para se decidir que ação se deve tomar para reduzir ou
reverter aquecimento futuro ou para adaptar às suas consequências esperadas. A
maioria dos governos nacionais assinou e ratificou o Protocolo de Quioto, que
visa o combate à emissão de gases estufa.
Quais as
consequências do aquecimento global ?
Devido
aos efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e meio ambiente o
aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação. Têm sido observadas
importantes mudanças ambientais ligadas ao aquecimento global. Os exemplos
de evidências secundárias (diminuição da camada de gelo nos polos, aumento
do nível das águas do mar, mudanças dos padrões climáticos) são
exemplos das consequências do aquecimento global que podem influenciar não
somente as atividades humanas mas também os ecossistemas. O aumento da
temperatura global permite que um ecossistema mude; algumas espécies podem ser
forçadas a sair dos seus habitats (com a possibilidade de extinção) devido a
mudanças nas condições enquanto outras podem espalhar-se, invadindo outros ecossistemas.
Entretanto,
o aquecimento global também pode ter efeitos positivos, uma vez que aumentos de
temperaturas e aumento de concentrações de CO2 podem melhorar a
produtividade do ecossistema. Observações de satélites mostram que a
produtividade do hemisfério Norte aumentou desde 1982. Por outro lado é um fato
que o total da quantidade de biomassa produzida não é necessariamente muito
boa, uma vez que a biodiversidade pode no silêncio diminuir ainda mais um
pequeno número de espécies que esteja florescendo.
O aquecimento da superfície favorecerá um aumento da evaporação nos oceanos o
que fará com que haja na atmosfera mais vapor de água (o gás de estufa mais
importante, sobretudo porque existe em grande quantidade na nossa atmosfera).
Isso poderá fazer com que aumente cada vez mais o efeito de estufa e com que o
aquecimento da superfície seja reforçado. Podemos, nesse caso, esperar um
aquecimento médio de 4 a 6 °C na superfície. Mas mais humidade (vapor de
água) no ar pode também significar uma presença de mais nuvens na atmosfera o
que se pensa que, em média, poderá causar um efeito de arrefecimento.
As
nuvens têm de fato um papel importante no equilíbrio energético porque
controlam a energia que entra e que sai do sistema. Podem arrefecer a Terra, ao
refletirem a luz solar para o espaço, e podem aquecê-la por absorção da
radiação infravermelha irradiada pela superfície, de um modo análogo ao dos
gases associados ao «efeito de estufa». O efeito dominante depende de muitos fatores,
nomeadamente da altitude e do tamanho das nuvens e das suas gotículas.
Por
outro lado, o aumento da evaporação poderá provocar uma maior
precipitação e mais erosão. Muitas pessoas pensam que isto poderá causar
resultados mais extremos no clima, com um progressivo aquecimento global.
O
aquecimento global também pode apresentar efeitos menos óbvios. A Corrente do
Atlântico Norte, por exemplo, é provocada por diferenças de temperatura entre
os mares. E aparentemente ela está diminuindo à medida que a temperatura média
global aumenta. Isso significa que áreas como a Escandinávia e a Inglaterra que
são aquecidas pela corrente poderão apresentar climas mais frios a respeito do
aumento do aquecimento global.
O
aumento no número de mortos, desabrigados e perdas econômicas previstas devido
ao clima severo atribuído ao aquecimento global pode ser agravado pelas
densidades crescentes de população em áreas afetadas, apesar de ser previsto
que as regiões temperadas tenham alguns benefícios menores, tais como poucas
mortes devido à exposição ao frio. Um sumário dos prováveis efeitos e
conhecimentos atuais pode ser encontrado no relatório feito para o
"Terceiro Relatório de Balanço do IPCC" pelo Grupo de Trabalho 2. Já
o resumo do mais recente, "Quarto Relatório de Balanço do IPCC",
informa que há evidências observáveis de um aumento no número de ciclones
tropicais no Atlântico Norte desde por volta de 1970, em relação com o aumento
da Temperatura da superfície do mar, mas que a detecção de tendências a longo
prazo é difícil pela qualidade dos registros antes das observações rotineiras
dos satélites. O resumo também diz que não há uma tendência clara do número de
ciclones tropicais no mundo.
Efeitos
adicionais antecipados incluem aumento do nível do mar de 110 a 770 milímetros
entre 1990 e 2100, repercussões na agricultura, possível desaceleração da
circulação termoalina, reduções na camada de ozônio, aumento na intensidade e
frequência de furacões, diminuição do pH dos oceanos e propagação de
doenças como a malária e dengue. Outra grande preocupação é o aumento do
nível médio das águas do mar. O nível dos mares está aumentando em 0.01 a 0.025
metros por década o que pode fazer com que no futuro algumas ilhas de países
insulares no Oceano Pacífico fiquem debaixo de água. O aquecimento global
provoca subida dos mares principalmente por causa da expansão térmica da água
dos oceanos. O segundo fator mais importante é o derretimento das calotas
polares e camadas de gelo sobre as montanhas, que são muito mais afetados pelas
mudanças climáticas do que as camadas de gelo da Groenlândia e Antártica, que
não se espera que contribuam significativamente para o aumento do nível do mar
nas próximas décadas, por estarem em climas frios, com baixas taxas de
precipitação e degelo. Alguns cientistas estão preocupados que no futuro, a
camada de gelo polar e os glaciares derretam significativamente. Se isso
acontecesse, poderia haver um aumento do nível das águas, em muitos metros. No
entanto, os cientistas não esperam um maior degelo nos próximos 100 anos e
prevê-se um aumento do nível das águas entre 14 e 43 cm até o fim deste
século. (Fontes: IPCC para os dados e as publicações da grande imprensa para as
percepções gerais de que as mudanças climáticas).
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