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terça-feira, 23 de outubro de 2012

NO FIM DA ERA PERMIANA UM AQUECIMENTO GLOBAL PODE TER CAUSADO MAIOR EXTINÇÃO EM MASSA DA TERRA

Segundo um estudo da Universidade de Leeds, na Inglaterra, águas oceânicas super quentes (cerca de 40 graus Celsius) podem ter causado a maior extinção em massa da história da Terra.
O pesquisador Paul Wignall, um geólogo da Universidade, explica que esse foi provavelmente o período mais quente do planeta.
Essa extinção em massa foi um evento que ocorreu no fim da Era Permiana, cerca de 249 milhões de anos atrás. O estudo sugere que partes da Terra eram tão quentes nessa época que eram literalmente inabitáveis. As temperaturas escaldantes provavelmente conduziram o planeta diretamente a um evento de extinção – a única vez que isso aconteceu na história da Terra.
Essa maior extinção em massa do planeta matou de 80 a talvez 95% das espécies da Terra. Um fator chave por trás deste desastre foi provavelmente a atividade vulcânica catastrófica na região que é hoje a Sibéria, que vomitou 7 milhões de quilômetros quadrados de lava, uma área quase tão grande quanto a Austrália. As erupções vulcânicas tiveram consequências letais, como privar os oceanos de oxigênio.
A Terra levou 5 milhões de anos para se recuperar de tal cataclismo, um período longo incomum de recuperação para extinções em massa.
O estudo
Para saber se passamos por um grave caso de aquecimento global e se isso causou a grande extinção em massa, os cientistas analisaram fósseis datados de 253 a 245 milhões de anos atrás, pouco antes e depois do evento.
Eles se concentraram em isótopos atômicos ou variantes de oxigênio dentro destes fósseis. Todos os isótopos de oxigênio têm oito prótons em seu núcleo atômico, mas diferem no número de nêutrons – oxigênio-16 tem oito nêutrons, enquanto o oxigênio-18 tem 10.
Como criaturas marinhas formam conchas, ossos e dentes, elas tendem a usar isótopos mais leves de oxigênio sob condições mais quentes. “Você pode ver isso até hoje, quando olha para criaturas marítimas modernas. A taxa de isótopos de oxigênio em suas conchas é inteiramente controlada por temperatura”, explica Wignall.
Entre os fósseis estudados, estão estranhas criaturas parecidas com enguias conhecidas como conodontes, que vieram da Bacia Nanpanjiang no sul da China.
Diferentes grupos de conodontes ajudaram a determinar as temperaturas em diferentes profundidades ao redor do equador no final do Permiano. Por exemplo, um grupo, Neospathodus, viveu até cerca de 70 metros de profundidade, enquanto outros, como Pachycladina, Parachirognathus e Platyvillosus, moravam mais próximos da superfície.
Os resultados mostram que a Terra passou por um aquecimento global extremo, o mais extremo visto nos últimos 600 milhões de anos. Sendo assim, os pesquisadores acreditam que a principal razão para a zona morta após o fim do Permiano foi um planeta muito quente.
Temperaturas altas
A parte superior do oceano pode ter atingido cerca de 38 graus Celsius, e as temperaturas da superfície do mar podem ter excedido 40 graus Celsius. Em comparação, a média anual atual da superfície do mar em torno do equador é de 25 a 30 graus Celsius.
“A fotossíntese para em cerca de 35°C, e muitas vezes as plantas começam a morrer em temperaturas acima de 40”, disse Wignall. “Isso explicaria por que não há registro fóssil de plantas no fim do Permiano, por exemplo”.
Sem as plantas para absorver o dióxido de carbono, mais desse gás que retém calor ficava na atmosfera, elevando ainda mais as temperaturas.
Estas temperaturas letalmente quentes podem explicar por que as regiões perto do equador foram quase desabitadas. Quase todos os peixes e répteis marinhos migraram para latitudes mais altas, e essas criaturas diminuíram de tamanho, para liberar mais fácil o calor do corpo.
Espécies de grande porte e mobilidade física, como peixes, desapareceram dos trópicos, mas resistiram nos polos. Espécies pequenas e imóveis como moluscos foram as únicas capazes de lidar melhor com o calor e permanecer nos trópicos.
As temperaturas voltaram ao normal 247 milhões de anos atrás, altura em que grandes animais voltaram aos trópicos e as plantas recolonizaram a Terra.
De acordo com os pesquisadores, embora muitas extinções em massa tenham coincidido com um aquecimento global, a temperatura em si não foi o fator da morte: eventos relacionados, tais como mudanças de ecossistema, foram culpados. Já esse evento é o único caso conhecido em que o calor, de fato, matou.
“Claramente, a morte generalizada por calor é um mecanismo esquecido e pouco estudado para a extinção em massa na história da Terra”, opina Matthew Huber, da Universidade Purdue, em Indiana (EUA).
Enquanto especialistas dizem que o estudo precisa ser confirmado por outras pesquisas, outros alertam que as temperaturas extremas do Triássico podem se repetir nos próximos séculos.
O calor extremo combinado com a umidade é fatal para os seres humanos, porque nossa transpiração não pode nos refrescar o suficiente.
Ainda assim, mesmo que o aquecimento global possa causar diretamente extinções e o mundo esteja se aquecendo, não devemos passar por um nível de calor como no fim do Permiano. 
Uma realidade que já estamos sentindo na pele, literalmente.
O Aquecimento global.
O Aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão, um aumento da temperatura média superficial global que vem acontecendo nos últimos 150 anos. O significado deste aumento de temperatura é objeto de análise por parte dos cientistas.
Será devido a causas naturais ou da responsabilidade do homem?
Grande parte da comunidade científica acredita que o aumento de concentração de poluentes de origem humana na atmosfera é causa do efeito estufa. A Terra recebe radiação emitida pelo Sol e devolve grande parte dela para o espaço através de radiação de calor. Os poluentes atmosféricos retêm uma parte dessa radiação que seria refletida para o espaço, em condições normais. Essa parte retida causa um importante aumento do aquecimento global do planeta.
 Aquecimento global - causas naturais ou responsabilidade humana ?
Se o aumento da temperatura média se deve a causas naturais ou se é da responsabilidade do homem, é um assunto que se encontra ainda em debate, na comunidade científica, embora muitos meteorologistas e climatologistas tenham recentemente afirmado publicamente que consideram provado que a ação humana tem realmente influenciado a evolução deste fenômeno. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), estabelecido pelas Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial em 1988, no seu relatório mais recente diz que grande parte do aquecimento observado durante os últimos 50 anos se deve muito provavelmente a um aumento do efeito estufa, causado principalmente pelo aumento nas concentrações de gases de estufa (produzidos pelo homem), mas também devido a outras alterações como, por exemplo, uma maior utilização das águas subterrâneas e de solo para a agricultura industrial, um maior consumo energético e a poluição.
O consenso cientifico é de que o aquecimento global é da responsabilidade do homem. A maioria das academias de ciências do mundo fizeram um comunicado conjunto para que acerca do consenso não houvesse dúvidas.
O que irá acontecer no futuro ?
Modelos climáticos referenciados pelo IPCC projetam que as temperaturas globais de superfície provavelmente aumentarão no intervalo entre 1,1 e 6,4 °C entre 1990 e 2100. A variação dos valores baseia-se na utilização de diferentes cenários sobre as futuras emissões de gases de estufa e resultados de modelos com diferenças na sensibilidade climática. Apesar de que a maioria dos estudos tem seu foco no período até ao ano 2100, espera-se que o aquecimento e o aumento no nível do mar continuem por mais de um milénio, mesmo que os níveis de gases estufa se estabilizem. Este fato é sustentado pela grande capacidade calorífica dos oceanos.
Um aumento nas temperaturas globais pode, em contrapartida, causar outras alterações, incluindo o aumento no nível das águas do mar e em padrões de precipitação resultando em enchentes e secas. Podem também haver alterações nas frequências e intensidades de situações de temperaturas extremas, apesar de ser difícil de relacionar acontecimentos específicos ao aquecimento global. Outras consequências do aquecimento global podem ser a diminuição da disponibilidade de terrenos agrícolas, o recuo glacial, caudais dos rios muito baixos durante o verão, extinção de muitas espécies e aumento do número de doenças.
Existe alguma incerteza, dentro da comunidade científica sobre o grau exato das alterações climáticas previstas para o futuro, e como essas alterações irão variar de região para região em todo o globo terrestre. Existe um debate político e público para se decidir que ação se deve tomar para reduzir ou reverter aquecimento futuro ou para adaptar às suas consequências esperadas. A maioria dos governos nacionais assinou e ratificou o Protocolo de Quioto, que visa o combate à emissão de gases estufa. 
Quais as consequências do aquecimento global ?
Devido aos efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e meio ambiente o aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação. Têm sido observadas importantes mudanças ambientais ligadas ao aquecimento global. Os exemplos de evidências secundárias (diminuição da camada de gelo nos polos, aumento do nível das águas do mar, mudanças dos padrões climáticos) são exemplos das consequências do aquecimento global que podem influenciar não somente as atividades humanas mas também os ecossistemas. O aumento da temperatura global permite que um ecossistema mude; algumas espécies podem ser forçadas a sair dos seus habitats (com a possibilidade de extinção) devido a mudanças nas condições enquanto outras podem espalhar-se, invadindo outros ecossistemas.
Entretanto, o aquecimento global também pode ter efeitos positivos, uma vez que aumentos de temperaturas e aumento de concentrações de CO2 podem melhorar a produtividade do ecossistema. Observações de satélites mostram que a produtividade do hemisfério Norte aumentou desde 1982. Por outro lado é um fato que o total da quantidade de biomassa produzida não é necessariamente muito boa, uma vez que a biodiversidade pode no silêncio diminuir ainda mais um pequeno número de espécies que esteja florescendo.
   O aquecimento da superfície favorecerá um aumento da evaporação nos oceanos o que fará com que haja na atmosfera mais vapor de água (o gás de estufa mais importante, sobretudo porque existe em grande quantidade na nossa atmosfera). Isso poderá fazer com que aumente cada vez mais o efeito de estufa e com que o aquecimento da superfície seja reforçado. Podemos, nesse caso, esperar um aquecimento médio de 4 a 6 °C na superfície. Mas mais humidade (vapor de água) no ar pode também significar uma presença de mais nuvens na atmosfera o que se pensa que, em média, poderá causar um efeito de arrefecimento.
As nuvens têm de fato um papel importante no equilíbrio energético porque controlam a energia que entra e que sai do sistema. Podem arrefecer a Terra, ao refletirem a luz solar para o espaço, e podem aquecê-la por absorção da radiação infravermelha irradiada pela superfície, de um modo análogo ao dos gases associados ao «efeito de estufa». O efeito dominante depende de muitos fatores, nomeadamente da altitude e do tamanho das nuvens e das suas gotículas.
Por outro lado, o aumento da evaporação poderá provocar uma maior precipitação e mais erosão. Muitas pessoas pensam que isto poderá causar resultados mais extremos no clima, com um progressivo aquecimento global.
O aquecimento global também pode apresentar efeitos menos óbvios. A Corrente do Atlântico Norte, por exemplo, é provocada por diferenças de temperatura entre os mares. E aparentemente ela está diminuindo à medida que a temperatura média global aumenta. Isso significa que áreas como a Escandinávia e a Inglaterra que são aquecidas pela corrente poderão apresentar climas mais frios a respeito do aumento do aquecimento global.
O aumento no número de mortos, desabrigados e perdas econômicas previstas devido ao clima severo atribuído ao aquecimento global pode ser agravado pelas densidades crescentes de população em áreas afetadas, apesar de ser previsto que as regiões temperadas tenham alguns benefícios menores, tais como poucas mortes devido à exposição ao frio. Um sumário dos prováveis efeitos e conhecimentos atuais pode ser encontrado no relatório feito para o "Terceiro Relatório de Balanço do IPCC" pelo Grupo de Trabalho 2. Já o resumo do mais recente, "Quarto Relatório de Balanço do IPCC", informa que há evidências observáveis de um aumento no número de ciclones tropicais no Atlântico Norte desde por volta de 1970, em relação com o aumento da Temperatura da superfície do mar, mas que a detecção de tendências a longo prazo é difícil pela qualidade dos registros antes das observações rotineiras dos satélites. O resumo também diz que não há uma tendência clara do número de ciclones tropicais no mundo.
Efeitos adicionais antecipados incluem aumento do nível do mar de 110 a 770 milímetros entre 1990 e 2100, repercussões na agricultura, possível desaceleração da circulação termoalina, reduções na camada de ozônio, aumento na intensidade e frequência de furacões, diminuição do pH dos oceanos e propagação de doenças como a malária e dengue. Outra grande preocupação é o aumento do nível médio das águas do mar. O nível dos mares está aumentando em 0.01 a 0.025 metros por década o que pode fazer com que no futuro algumas ilhas de países insulares no Oceano Pacífico fiquem debaixo de água. O aquecimento global provoca subida dos mares principalmente por causa da expansão térmica da água dos oceanos. O segundo fator mais importante é o derretimento das calotas polares e camadas de gelo sobre as montanhas, que são muito mais afetados pelas mudanças climáticas do que as camadas de gelo da Groenlândia e Antártica, que não se espera que contribuam significativamente para o aumento do nível do mar nas próximas décadas, por estarem em climas frios, com baixas taxas de precipitação e degelo. Alguns cientistas estão preocupados que no futuro, a camada de gelo polar e os glaciares derretam significativamente. Se isso acontecesse, poderia haver um aumento do nível das águas, em muitos metros. No entanto, os cientistas não esperam um maior degelo nos próximos 100 anos e prevê-se um aumento do nível das águas entre 14 e 43 cm até o fim deste século. (Fontes: IPCC para os dados e as publicações da grande imprensa para as percepções gerais de que as mudanças climáticas).

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