193 países se reúnem nesta quarta-feira no Rio de Janeiro |
Os
chefes de Estado e de governo de 193 países se reúnem nesta quarta-feira no Rio
de Janeiro para participar da cúpula Rio+20, 20 anos depois da Cúpula da Terra,
na qual o desenvolvimento sustentável começou a entrar na agenda internacional.
A
cúpula começará às 10h00 na presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,
no centro de convenções Riocentro, a 40 km da capital carioca.
Depois
a jovem neozelandesa Brittany Trifold, de 17 anos, pronunciará algumas
palavras, antes que os líderes se alternem no palco para discursar.
Mais
tarde, a presidente Dilma Rousseff oferecerá um almoço para os dirigentes. Os
discursos serão retomados pouco depois, para concluir o dia com 58
pronunciamentos, e depois será tirada a fotografia oficial do evento.
As
mesas redondas de "alto nível" começarão então a discutir as formas
de colocar em prática o desenvolvimento sustentável.
As
autoridades brasileiras oferecerão um jantar de gala para encerrar o primeiro
dia do encontro.
Na
sexta-feira, os chefes de Estado e de Governo deverão aprovar a declaração
final da cúpula, um texto de 49 páginas para proteger o meio ambiente e tirar
milhões de pessoas da pobreza acordado na terça-feira pelos negociadores dos
países participantes.
Após
meses de discussões lideradas pela ONU e de grandes divergências na conferência
iniciada há uma semana, o Brasil, país anfitrião, tomou as rédeas da negociação
e apresentou na terça-feira um projeto de declaração final que foi aprovado em
uma reunião plenária.
A
maior conferência na história da ONU será realizada até o dia 22 de junho, com
as fortes ausências do presidente americano, Barack Obama (que na sexta-feira
será representado pela secretária de Estado, Hillary Clinton), do
primeiro-ministro britânico David Cameron, da chanceler alemã Angela Merkel e
do presidente russo Vladimir Putin.
Acordo sobre rascunho de texto final na véspera da
Rio+20
Os
negociadores de 193 países chegaram nesta terça-feira a um acordo sobre o texto
final da conferência Rio+20 a ser submetido aos líderes mundiais, que começavam
a chegar à cidade do Rio de Janeiro para participar da cúpula que discute as
formas de preservação dos recursos naturais do planeta e a maneira de tirar
milhares de pessoas da pobreza.
"É
uma vitória para o Brasil", comemorou a presidente Dilma Rousseff,
anfitriã da cúpula, durante encontro do G20 de países desenvolvidos e
emergentes, celebrado em Los Cabos (noroeste do México).
Dilma
destacou a dificuldade de se chegar ao consenso sobre um texto que
"contempla posições distintas", mas ressaltou um acordo que
"respeita a soberania de cada país".
"Temos
um texto 100% acertado pelos 193 países" da ONU, comemorou o chanceler
brasileiro, Antonio Patriota. "É uma vitória do multilateralismo. O
espírito do Rio continua vivo, vinte anos depois" da Cúpula da Terra de
1992, acrescentou.
"É
a primeira vez que vejo uma conferência terminando no prazo", comemorou a
ministra do Meio Ambiene, Izabella Teixeira.
Após
meses de discussões lideradas pela ONU e grandes desacordos na conferência
iniciada há uma semana, o Brasil, país anfitrião, assumiu no sábado as rédeas
da negociação e apresentou nesta terça-feira um projeto de declaração final em
uma reunião plenária.
O
texto de 49 páginas será submetido aos cerca de cem de chefes de Estado e de
governo que se reunirão entre 20 e 22 de junho na maior conferência da história
da ONU, a quarta do tipo desde 1972.
A
União Europeia comemorou o apelo pelo avanço para uma "economia
verde".
"O
mundo indicou hoje que devemos avançar para o desenvolvimento sustentável e uma
economia verde inclusiva é um caminho central para consegui-lo (...) No
entanto, reconhecemos que o Rio é apenas o começo", destacou um
comunicado.
"Gostaríamos
de ter um texto mais ambicioso, mas é um marco. Fomos o mais longe que
pudemos", disse Nicole Bricq, ministra francesa da Ecologia.
Os
europeus queriam a criação de uma Agência Mundial do Meio Ambiente para
substituir o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), mas
enfrentaram a oposição do Brasil e dos Estados Unidos e tiveram que se
conformar com o reforço do sistema atual.
O
documento representa "um firme passo adiante", elogiou o enviado
americano para mudanças climáticas, Todd Stern.
O
texto final também lança os "Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável", que comprometerão todos os países com metas socioambientais
e substituirão os Objetivos do Milênio da ONU, que expiram em 2015.
Os
países em desenvolvimento, reunidos no G77, lamentaram a falta de promessas dos
ricos para financiar a transição a uma economia verde.
O
texto "é frágil porque não inclui as obrigações dos países desenvolvidos
para o financiamento de políticas sustentáveis", disse à AFP René
Orellana, chefe da delegação boliviana.
Os
ecologistas e as organizações sociais criticaram um texto que, em sua opinião,
carece das ações de que o planeta precisa para enfrentar uma demanda de 50%
mais alimentos, 45% mais energia e 30% mais água até 2030.
"O
documento não tem a ambição necessária para salvar o planeta ou os pobres (...)
Este resultado mínimo destaca a falta de coragem política" daqueles que o
adotaram, afirmou Meena Raman, da Third World Network.
Martin
Khor, da ONG South Centre, avaliou que a crise que paralisa muitos países na
tomada de decisões ou aplicação de recursos "ofuscou o acordo. Os líderes
teriam que ter mais em mente que a crise é conjuntural e que o problema do meio
ambiente é para sempre", afirmou à AFP.
O
texto "é um fracasso colossal de liderança e visão dos diplomatas.
Deveriam estar envergonhados", criticou o diretor do Fundo Mundial para a
Natureza (WWF), Jim Leape.
"A
Rio+20 se transformou em um fracasso épico. A conferência falhou em termos de
equidade, ecologia e economia", considerou Daniel Mittler, diretor de
Políticas Públicas do Greenpeace.
A
cúpula de três dias, que começa na quarta-feira, contará com a presença do
primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, do russo Dimitri Medvedev e do indiano
Manhohan Singh, assim como do presidente francês François Hollande, do
sul-africano Jacob Zuma e do iraniano Mahmud Ahmadinejad, além da maioria dos
latino-americanos.
Mas
também haverá grandes ausências, como as do líder da maior economia do planeta,
o americano Barack Obama, e da alemã Angela Merkel, chanceler da maior economia
europeia, tradicionalmente comprometida com o meio ambiente.
Cerca
de 50.000 ativistas, empresários, indígenas e estudantes também participam da
Rio+20, a maioria em uma Cúpula dos Povos realizada perto do centro do Rio, a
40 km da cúpula oficial.
A
40 km da conferência oficial, na Praia do Flamento, 1.500 indígenas e ativistas
formaram um desenho para protestar contra a construção de hidroelétricas na
Amazônia, sobretudo a gigantesca represa de Belo Monte, no rio Xingu.
Com
seus corpos, formaram um enorme globo terrestre cercado de ondas, com um
indígena dentro apontando para o sol e a inscrição "Rio para a Vida".
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