As
emissões de dióxido de carbono (CO2) provenientes do desflorestamento nas zonas
tropicais são bem menores do que o estimado até então, revela nesta
quinta-feira um estudo americano realizado com base em dados de satélites, que
apontou o Brasil como um dos maiores poluidores.
De
2000 a 2005, essas emissões foram de apenas 810 milhões de toneladas por ano,
ou seja, cerca de um terço do volume estimado recentemente. Isso representa
apenas 10% do CO2 total de origem humana jogado na atmosfera, segundo os
pesquisadores.
Em
seus trabalhos divulgados na revista Science, os cientistas se concentraram nas
perdas de CO2 devido a uma redução causada pelas árvores das florestas
tropicais, sem levar em consideração o reflorestamento que permite captar
dióxido de carbono.
De
2000 a 2005, o Brasil e a Indonésia foram os dois países que produziram mais
CO2 devido ao desmatamento, com 55% do total dessas emissões, indica o estudo
realizado por esses pesquisadores de Winrock International, um instituto
americano privado de pesquisa sobre meio ambiente sem fins lucrativos.
Esta
equipe é composta também por cientistas da empresa Applied GeoSolutions, de um
laboratório da Nasa e da Universidade de Maryland (leste).
Protesto do Greenpeace em novembro de
2008 em Berlim
Foto de Theo Heimann/DDP/AFP/arquivo
|
Segundo
essas análises, cerca de 40% das perdas de cobertura florestal estavam
concentradas nas zonas secas dos trópicos, mas estas contribuíram apenas com
17% das emissões de CO2 resultantes do desmatamento, devido aos seus pequenos
estoques de dióxido de carbono em comparação com os das florestas tropicais
úmidas.
Em
2007, a melhor estimativa das emissões de CO2 causadas pelo desmatamento,
estabelecida pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU
(IPCC) e baseada na utilização das terras, as avaliou em cerca de 1,9 trilhão de
toneladas por ano.
"O
modelo contábil para calcular as emissões de CO2 com base nas mudanças na
utilização das terras era até então o melhor método", afirma Nancy Harris,
do Instituto Winrock e principal autor do estudo.
"Mas
o surgimento de satélites de observação da Terra combinado com uma política
internacional que busca reduzir as emissões de CO2 resultantes do desmatamento
nos países em desenvolvimento levou a comunidade científica a adotar métodos de
estimativa mais transparentes e cada vez mais dependentes de dados de
satélite", explica.
Esses
pesquisadores esperam também que o mecanismo da ONU que propõe compensar os
países em desenvolvimento pela redução de suas emissões de CO2 provocadas pelo
desmatamento e pela degradação das florestas seja beneficiado de uma estimativa
mais exata do dióxido de carbono jogado na atmosfera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário