Será chance única para ver outros planetas
A
passagem de Vênus diante do Sol, em 5 e 6 de junho, um fenômeno excepcional que
não voltará a acontecer em 105 anos, será uma oportunidade única para observar
planetas distantes onde pode existir vida, afirmaram astrônomos.
O
fenômeno "nos dá a oportunidade de estudar com grande detalhe o que
estamos observando muito mais longe (da nossa galáxia, a Via Láctea) e nos dá
mais confiança em nossa capacidade para interpretar os sinais que
detectamos", disse à AFP o astrônomo Rick Fienberg, da Sociedade
Astronômica Americana (AAS, na sigla em inglês).
A
próxima passagem de Vênus entre o Sol e a Terra não voltará a acontecer até
dentro de 105 anos, em 2117. Este tipo de trânsito ocorre aos pares em
intervalos de oito anos e não voltam a aparecer em mais de um século. No século
XXI, o último foi em 2004. Não houve nenhum no século XX.
"A
passagem de Vênus diante do Sol é exatamente o mesmo fenômeno que o telescópio
(americano) Kepler capta ao orbitar outras estrelas, quando seus planetas
transitam diante delas", explicou.
No
entanto, no caso destes exoplanetas, planetas distantes que orbitam em torno do
Sol, "sua estrela não é mais do que um ponto de luz porque estão muito
longe de nós e por isso é difícil ver o que acontece", disse o astrônomo
Alan MacRobert, editor da revista Sky and Telescope.
Tudo
o que se vê quando um planeta passa pela frente é uma suave redução do brilho
da estrela, informou à AFP.
Mas
a luz da estrela que atravessa a atmosfera destes exploplanetas deixa uma
"marca" espectrográfica que permite reunir informação valiosa sobre
sua composição, acrescentou MacRobert.
"Poderemos
fazer medições da atmosfera de Vênus durante sua passagem diante do Sol e ver
que tipo de sinais são obtidos tomando medidas similares de exoplanetas que
passam em frente à sua estrela e depois comparar os resultados sabendo que no
caso de Vênus são exatos", disse Gerard van Belle, astrônomo do
Observatório Lowell (Arizona, sudoeste).
Feinberg
informou que os primeiros e últimos 20 minutos da passagem de Vênus, fenômeno
com duração total de seis horas e meia, serão os melhores momentos para
obseração porque então a luz solar através da atmosfera de Vênus formará uma
espécie de camada em todo o planeta.
"Será
então que os astrônomos tentarão medir a composição da atmosfera de
Vênus", acrescentou.
O
início do trânsito será visível na América do Norte, América Central e norte da
América do Sul na última hora da tarde de 5 de junho, desde que o céu esteja
limpo. O final do fenômeno não será visto nas regiões devido ao pôr-do-sol.
O sol aparece, entre nuvens, enquanto Vênus (o ponto à direita) desponta, em junho de 2004 - Foto de Stan Honda/AFP/Arquivo |
Toda
a passagem de Vênus diante do sol poderá ser vista na Ásia oriental e na região
do Pacífico Ocidental. Em Europa, Oriente Médio e Sul da Ásia se verão as
etapas finais desta passagem à medida que for amanhecendo na região, em 6 de
junho.
O
fenômeno poderá ser visto a olho nu, informaram os astrônomos, lembrando que
devido ao risco de cegueira ou dano permanente na vista, não se deve olhar
diretamente para o sol sem um filtro apropriado.
Os
especialistas acreditam que a galáxia está cheia de bilhões de planetas
rochosos que poderiam permitir a existência de vida. A maioria ainda não foi
descoberta e fica tão longe que seria impossível alcançá-los com a tecnologia
moderna.
O
catálogo mais recente lançado pelo telescópio espacial Kepler, da Nasa, mostrou
em março um total de 2.321 candidatos a planetas orbitando 1.790 estrelas.
Dez
dos 46 candidatos a planetas que podem conter água em estado líquido têm
tamanho similar à Terra, segundo a Nasa. Mas na maioria dos casos, os cientistas
não têm detalhes sobre a atmosfera destes planetas.
Para
mais informações, consultar:
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