O
fenômeno climático 'El Niño' pode reaparecer durante o segundo semestre do ano,
depois do fim do último episódio de 'La Niña' em abril passado, anunciou a
Organização Meteorológica Mundial (OMM).
"Desde
que, em abril de 2012, terminou o episódio La Niña de 2011-12 tem prevalecido
condições neutras, ou seja, não tivemos episódios El Niño nem de La Niña, e é
provável que estas condições persistam até, pelo menos, a primeira metade do
verão do hemisfério norte (inverno no hemisfério sul", afirma um
comunicado da OMM.
"A
partir de julho podem surgir condições neutras ou um episódio de El Niño, sendo
levemente maiores as possibilidades de formação do El Niño. Se considera pouco
provável que volte a formar-se um episódio de La Niña", acrescenta a nota
da OMM.
O
boletim indica que, "com base fundamentalmente em um acúmulo de calor na
zona mais profunda do Oceano Pacífico tropical produzida desde o início de
maio, a maioria dos modelos climáticos estudados preveem a formação de um
episódio de El Niño entre julho e setembro e que se prolongará até o final de
2012".
O que diz o INPE/Cpetc
Relatório do
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) divulgado nesta
sexta-feira mostra que vários modelos de previsão climática sinalizam o possível
desenvolvimento de condições de El Niño entre julho e setembro. O fenômeno
climático é caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais do
Pacífico Tropical, afetando o regime de chuvas em regiões tropicais.
"Ainda é
cedo para dizer se está se configurando um El Niño, é uma fase de transição de
águas mais frias para mais quentes, temos que ver no decorrer do trimestre. É
um fenômeno em evolução", disse o meteorologista Felipe Farias, do Cptec,
do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe).
Previsões do
Cptec/Inpe, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e dos centros
estaduais de meteorologia apontam para maior probabilidade de chuvas acima da
média em uma faixa central que engloba o sul do Centro-Oeste, o Sudeste e o
norte da região Sul.
O grupo que
reúne os meteorologistas deve voltar a se encontrar em meados de julho para
avaliar as condições climáticas, que poderão confirmar ou não a configuração do
El Niño, e também a intensidade do fenômeno.
El Niño: fenômeno climático natural com consequências
devastadoras
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A região
centro-sul já vem de um período atipicamente chuvoso, com chuvas bem acima da
média histórica para junho. "As precipitações (elevadas) ocorrem por causa
de uma frente estacionária, combinada a áreas de baixa pressão nos níveis
elevados da atmosfera", disse Farias, do Cptec/Inpe.
A cidade de São
Paulo, por exemplo, registrou o mês de junho mais chuvoso desde 1943, quando se
começou a medição. E um padrão semelhante, com chuvas muito acima da média,
também é visto em todo o Estado de São Paulo, no sul de Mato Grosso do Sul e no
norte do Paraná.
A questão
climática está no foco do setor sucroalcooleiro, uma vez que chuvas interrompem
a colheita e afetam a moagem da cana, além da produção e o escoamento do açúcar
em dois importantes portos brasileiros. Chuvas em volumes atípicos para esta
época também têm afetado os trabalhos de colheita de café no Brasil, segundo
fontes do setor. O Brasil é o maior produtor global de café e açúcar.
SOBRE
O EL NIÑO
El Niño é o nome
dado a um fenômeno climático que acontece em decorrência da elevação anormal da
temperatura das águas do oceano Pacífico, que provoca significativas mudanças
no clima mundial. Quando ocorre, inicia-se nos meses de setembro ou outubro,
por volta do mês de dezembro a costa do Peru recebe as águas aquecidas. A
nomeação de El Niño se dá pelo fato de seu início coincidir com o Natal,
estabelecendo uma relação com o Menino Jesus.
O El Niño traz
problemas para os pescadores peruanos, tendo em vista que o aquecimento das
águas do Pacífico reflete na diminuição da piscosidade oriunda da corrente de
Humboldt, que influencia diretamente a costa do Peru e do Chile.
Esse acontecimento climático resulta em alterações no clima, como, por exemplo, no regime das chuvas em diversos pontos do planeta. Apesar de se conhecer suas consequências, ainda sabe-se muito pouco acerca de sua origem e causas. Atualmente, há muitas teorias que tentam explicar o surgimento do fenômeno, mas sem nenhuma comprovação contundente.
Esse acontecimento climático resulta em alterações no clima, como, por exemplo, no regime das chuvas em diversos pontos do planeta. Apesar de se conhecer suas consequências, ainda sabe-se muito pouco acerca de sua origem e causas. Atualmente, há muitas teorias que tentam explicar o surgimento do fenômeno, mas sem nenhuma comprovação contundente.
No ano de 1982,
esse fenômeno foi intensamente anunciado nos meios de comunicação. Um ano depois,
a temperatura das águas do oceano Pacífico atingiu 5,1°C, aquecimento atípico.
Apesar dessa atuação do El Niño ser considerada a mais forte já registrada,
estudos contemporâneos indicam que as manifestações nos anos de 1972/73 foram
mais ativas do que as ocorridas na década de 80.
Houve uma
manifestação do El Niño em 1997, com o aquecimento das águas no mês de outubro.
No ano seguinte, 1998, as águas do Pacífico atingiram 4°C de aquecimento
anormal, o que consolidou o fenômeno, que apresentou uma força comparada a da
década de 70.
Sua atuação
promoveu mudanças efetivas no regime das chuvas, por essa razão houve períodos
rigorosos de seca nos Estados Unidos, sudeste do continente africano,
Indonésia, Austrália e América Central. Em contrapartida, houve precipitação
além do normal nos países europeus mediterrâneos, no oeste da Índia e sul do
Brasil.
No território
brasileiro os reflexos do El Niño foram percebidos em diversos pontos do país,
com destaque para a rigorosa estiagem que castigou a região Nordeste e as
enchentes na região Sul, incluindo ainda a diminuição nos índices
pluviométricos da região Norte, provocando secas e incêndios, como aconteceu no
Estado de Roraima em 1998, quando o fogo devastou pelo menos 15% de seu
território.
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