Acaba
de ser liberada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no
Brasil, uma vacina contra o vírus da dengue, produzida por um importante
laboratório francês, o Sanofi Pasteur. O nome da vacina é Dengvaxia.
Há
muitas questões para serem respondidas pelos especialistas, como por exemplo: o
SUS deve comprar esta vacina e fazer uma campanha de vacinação em massa?
Muitas
outras dúvidas entre todos. Vamos esclarecer as mais frequentes.
Quem
pode e quem não pode tomar esta vacina?
A
vacina está indicada para pessoas entre 9 e 45 anos de idade. Fora desta faixa
etária, os estudos demonstram que sua eficácia é baixa e, portanto, não está
indicada. Está contraindicada em gestantes e em pessoas com a imunidade
comprometida.
Esta
vacina garante uma boa proteção contra a dengue?
Este
é um dos problemas. Esta vacina tem uma eficácia que não é considerada muito
alta. Isso significa que ela garante aproximadamente 65,6% de proteção geral.
Para se ter uma ideia, a vacina da febre amarela garante 90% de proteção e a do
sarampo garante 98%.
Importante
saber que o vírus da dengue tem 4 sorotipos. Como se fossem 4 “irmãos” de uma
mesma família. A vacina protege contra os quatro. Só que contra o sorotipo 2,
tem uma eficácia ainda mais baixa: de apenas 47,1%.
Então
vale a pena tomar?
Aí
é que está. Segundo o laboratório Sanofi, os estudos indicaram que a vacina tem
a capacidade de proteger contra os casos mais graves de dengue. Por isso vale a
pena. Vamos entender. Quem já teve dengue uma vez, pode pegar de novo. Por que?
Porque há os 4 sorotipos do vírus. Quem já pegou dengue pelo número 1, por
exemplo, ainda está vulnerável aos de número 2,3 ou 4. Só que quando se pega
dengue pela segunda vez, é muito pior: a chance de desenvolver uma forma mais
grave, como a dengue hemorrágica, por exemplo, é muito maior. Aí é que entra a
vacina. Ela tem a capacidade de proteger as pessoas que já tiveram dengue das
formas mais graves desta doença, que geralmente cursam com alta mortalidade.
Quantas
doses são?
No
total são 3 doses, com intervalo de 6 meses entre cada uma. Isso significa que
a proteção total só se conquista depois de aproximadamente 1 ano. Mas
importante saber que depois da primeira dose um certo nível de proteção já se
inicia.
A
vacina está indicada apenas para pessoas de 9 a 45 anos. Crianças pequenas e
idosos ficarão de fora.
Crianças
pequenas e idosos então não serão beneficiados?
Diretamente
não. Indiretamente, sim. Vamos entender. Para o mosquito contaminar alguém
precisa primeiro picar uma pessoa que já está contaminada, isto é, que está com
vírus no sangue. O vírus então entra no mosquito. Na próxima picada é que é
injetado no sangue da outra pessoa susceptível e a contamina. A vacina diminui
o número de indivíduos contaminados de 9 a 45 anos. Portanto, os mosquitos
continuam picando as pessoas, só que não há mais vírus nelas. Resultado:
indiretamente todos ficamos protegidos. Menos vírus circulando na população,
menos chance de todos nós, de todas as idades, pegarmos dengue.
A
vacina será distribuída gratuitamente pelo SUS?
As
autoridades estão discutindo o custo e o benefício de incluir a vacina no
calendário nacional de imunização e de fazermos campanhas de vacina em massa,
se for o caso. Não é uma decisão fácil, pois a vacina é cara: cerca de R$ 80,00
a dose.
Esta
é a única vacina que existe no mundo contra a dengue?
Sintomas da Dengue |
Não.
Aqui no Brasil o Instituto Butantan está desenvolvendo uma outra vacina e já
está em fase final de estudo. Vamos aguardar para entender sua eficácia e
custo.
A
vacina protege do Zika e Chicungunya?
NÃO!
Esta vacina só tem eficácia contra o vírus da dengue. Por isso, todos os
cuidados para erradicar este mosquito letal devem ser mantidos.
Esta
vacina não é excelente, mas é o que temos hoje e que pode evitar casos graves
e/ou hospitalizações por dengue.
Eliminar
o Aedes dos céus brasileiros ainda continua sendo uma meta (não impossível,
quero crer) para este ano de 2016 que acaba de começar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário