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sábado, 10 de dezembro de 2011

NEGOCIAÇÕES EM DURBAN SOBRE O CLIMA ESTÃO CADA VEZ MAIS INCERTAS

A conferência do clima da ONU em Durban (África do Sul) se encaminha para um final incerto neste sábado, após a ampliação das negociações por um dia em busca de um acordo difícil para criar um marco legal que obrigue todos os países a entrar na luta contra o aquecimento global.
Após 12 dias de reuniões que deveriam ter chegado ao fim na sexta-feira, os ministros e delegados de 194 países passaram a madrugada de sábado em reuniões e análises de propostas para um texto de consenso.
Surpreendentemente, a conferência atualmente em curso em Durban, na África do Sul, parece se encaminhar para um documento final. Ele pode consolidar as conquistas de Copenhague, em 2009. As negociações, marcadas para terminar hoje, devem entrar pela noite. Serão resolvidas em uma reunião plenária, tarde da noite ou já na madrugada. Durban está 4 horas a frente do Brasil. Isso se pequenos países, como a Venezuela ou a Bolívia, não melarem tudo como nos dois últimos anos. Há um acordo verbal entre representantes dos países ricos, como EUA, Japão e nações da Europa. Esse grupo também inclui a Rússia. Também toparam os principais emergentes: Brasil, África do Sul, China e Índia. É um alívio? Não. O acordo pode trazer alento. Mas não ataca o principal das mudanças climáticas. A tempestade continua no horizonte.
O que já foi combinado oralmente entre os principais países é uma extensão do prazo de vigor do Protocolo de Kyoto, que expiraria em dezembro 2012. Pelo acordo na mesa agora, o Protocolo vai ganhar um puxadinho. Ele durará até 2020, quando será substituído por um acordo ambicioso, com metas rigorosas e sistemas de cobrança para os países recalcitrantes. Esse acordo será decidido entre 2015 e 2017. Até 2020, vigora o que foi combinado em Kyoto, com metas renovadas e novos países no compromisso, seguindo o que foi acertado em Copenhague. 
Tudo (quase) combinado, nada resolvido para o clima da Terra
Foto: Greg Lundeen
As metas de Kyoto exigiam redução nas emissões de 5,2% em relação a 1990, no período de 2008 a 2012. Isso para os países ricos, grupo que inclui EUA, Europa, Japão e Rússia. Só que os EUA nunca ratificaram o acordo e não entraram no sistema. Agora, passaria a vigorar um sistema de metas que cada país colocou voluntariamente em Copenhague, para serem cumpridas até 2020. Os EUA e o Canadá, por exemplo, reduzem em 17% as emissões em relação ao nível que estavam em 2005. A Austrália corta entre 5% e 25% em relação a 2005. A União Européia é mais ambiciosa: reduz de 20% a 30% em relação a 1990. Os emergentes não reduzem suas emissões. Reduzem o ritmo de crescimento delas. O Brasil se compromete a chegar em 2020 com emissões entre 36.4% a 39.1% menores do que estariam se não fizesse nada. A China reduz a intensidade do carbono (quanto ela emite por dólar gerado) entre 40% e 45% em relação a 2005.
A presidência sul-africana da conferência estendeu os trabalhos até sábado para buscar um acordo em três grandes temas: um regime legal que comprometa todos os países na luta contra as mudanças climáticas, a renovação do Protocolo de Kioto, que obriga as nações ricas a reduzir as emissões de gases poluentes, e a criação de um Fundo Verde para ajudar os países pequenos e em dificuldades.
A Europa propôs a renovação do Protocolo de Kioto, que tem validade até 2012, o que deixaria o planeta sem um acordo legal que obrigue os países a reduzir as emissões.
Os europeus exigem em troca que os países, em especial os grandes emissores de gases nocivos ao clima (como China, Índia, Brasil e Estados Unidos, país que nunca ratificou Kioto), aceitem um instrumento legal que torne obrigatórios seus compromissos de corte de emissões, que seria definido até 2015.
África do Sul, Brasil e quase 90 países entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas respaldam o plano europeu, segundo a comissária europeia do Clima, Connie Hedegaard.
"Os que estão no caminho e um acordo são poucos países. São os principais emissores, como toda a semana: Estados Unidos, China, Índia", declarou neste sábado o ministro alemão do Meio Ambiente, Nobert Röttgen.
"Um acordo é possível, mas estamos muito atrasados", completou.
"Há muitas dúvidas se conseguiremos", disse o alemão.
"Estamos em uma situação que é a pior, a do risco de fracasso por um problema de gestão do tempo", alertou a ministra do Meio Ambiente da França, Nathalie Kosciusko-Morizet.
Após as negociações da madrugada, o chefe da delegação americana, Todd Stern, também manifestou preocupação com o atraso na divulgação do texto.
Stern disse que estava otimista com a possibilidade de um acordo, mas alertou que é tarde.
Ao ser questionada sobre a possibilidade de adiamento da conferência, por falta de tempo e acordo, a diretora da convenção do clima da ONU, Christiana Figueres, foi incisiva: "Hoje é o último dia da conferência. Estas especulações não ajudam o processo", disse.
"Se nos pedirem para continuar negociando no domingo, eu estarei aqui", disse a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Isabella Teixeira.
Mas em seguida ela afirmou que isto não acontecerá porque um acordo será anunciado neste sábado.
"É questão de paciência", declarou.

2 comentários:

  1. É meu amigo! O mundo está vivendo uma crise tremendamente dramática e nós aqui estamos ouvindo e vendo os fenômenos gigantescos ameaçando o planeta por conta da insensibilidade dos poderosos. Será que vão mesmo abrir mão da ganância? Acho que estão mais preocupados com a falência dos mais mortíferos venenosos bancos. Tomara que um milagre aconteça e que a sensibilidade maior seja salvar o planeta. Será?

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  2. Não se pode esperar por milagres, tem que tomar é atitude. Porque a China e Índia disseram que seria injusto exigir que eles façam os mesmos cortes que os dos países desenvolvidos, que causaram a maior parte da poluição responsável pelo aquecimento global. Porisso as negociações nunca chegam a lugar algum.

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