Bando de aves migratórias sobrevoa um parque de Argel, em dezembro de 2005 Foto de Fayez Nureldine/AFP |
Uma minúscula ave cantora, pesando o correspondente a apenas duas colheres de sopa de açúcar, se revelou uma verdadeira maratonista dos ares, ao cobrir, em sua rota migratória, do Ártico à África ida e volta, uma distância de até 29 mil quilômetros, afirmaram cientistas.
O tamanho do pequeno pardal, conhecido como chasco cinzento ou chasco do monte ('Oenanthe oenanthe') pesa apenas 25 gramas, mas os biólogos que catalogaram o pássaro insetívoro de plumagem marrom e branca ficaram impressionados com seu desempenho em voo.
Eles prenderam minúsculos geolocalizadores, pesando apenas 1,2 grama, às patas de 46 avezinhas no Alasca e na Ilha de Baffin, no nordeste do Canadá.
As aves do Alasca passaram o inverno na África antes de voltar para casa, uma viagem correspondente, em cada trecho, a cerca de 14.500 km, voando em média 290 km por dia.
Eles sobrevoaram a Sibéria e o deserto arábico, rumo ao Sudão, a Uganda e ao Quênia, uma jornada que levou cerca de 91 dias na ida a e 55 dias na volta.
Um pássaro catalogado, procedente da ilha de Baffin, sobrevoou o Atlântico Norte, pousou na Bretanha, e seguiu para o sul, cruzando a Europa continental, o Mediterrâneo e o Saara para passar o inverno na costa da Mauritânia, no oeste da África, levando 26 dias para ir e 55 para voltar em uma viagem de 7.500 km, aproximadamente.
"Estas são rotas migratórias incríveis, particularmente para aves deste tamanho", declarou Ryan Norris, da Universidade de Guelph, em Ontário, Canadá.
"Pense em algo menor do que um tordo (nr: espécie de pássaro pequeno), mas um pouco maior do que um tentilhão, que cresce na tundra ártica e alguns meses depois se alimenta na África para o inverno", acrescentou.
O estudo será publicado na edição desta quarta-feira do jornal Biology Letters, um periódico da Royal Society, academia britânica de ciências.
Aves com maiores envergaduras, tais como o cuco e o albatroz, são conhecidas por suas migrações transcontinentais, mas este estudo dá evidências de que uma ave cantora é capaz de fazer o mesmo, afirmaram os cientistas.
"Considerando seu tamanho, esta é uma das maiores migrações, ida e volta, de qualquer ave no mundo e traz à tona questões sobre como uma ave deste tamanho consegue dar conta de jornadas tão exigentes fisicamente duas vezes ao ano, particularmente para os indivíduos jovens que migram sozinhos", acrescentaram.
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