O aquecimento global é uma ameaça para todos, mas as cidades e seus habitantes estão na linha de frente e algumas já começam a se preparar para enfrentar seus efeitos adversos, afirmaram especialistas reunidos nesta quarta-feira, em Londres, elogiando a iniciativa.
Atualmente, mais da metade dos 7 bilhões de habitantes da Terra vivem em cidades. Calcula-se que em 2050 a proporção seja de 70%, ou seja, 6,4 bilhões de seres humanos, segundo a ONU.
Este aumento da urbanização afetará principalmente a Ásia (mais de 60% do aumento previsto) e as cidades cuja população atual é inferior a 500.000 habitantes.
As metrópoles deverão enfrentar as repercussões do futuro aquecimento climático, destacaram os cientistas que participam desde a segunda-feira, em Londres, da conferência Planeta sob Pressão, uma reunião preparatória para a cúpula da ONU sobre Meio ambiente Rio+20 (que será celebrada entre 20 e 22 de junho).
Crianças observam do terraço de casa os vizinhos retirarem um cão de rua alagada em Franco da Rocha, 35 km a oeste de São Paulo, em janeiro de 2011 -Foto de Mauricio Lima/AFP/Arquivo |
"As cidades estão na linha de frente, tanto no que diz respeito às causas quanto aos efeitos das mudanças climáticas", afirmou Cynthia Rosenzweig, especialista no tema do Instituto de Estudos Espaciais Goddard da Nasa, agência espacial americana.
Segundo Rosenzweig, a transferência de tecnologia não foi "vertical" (dos países ricos para os pobres), mas "totalmente horizontal".
Por volta de 2100, as ondas de calor, as secas, tempestades e inundações serão mais frequentes e intensas. As cidades construídas nos deltas ou ao longo da costa deverão fazer frente ao aumento do nível do mar que ameaçará diretamente as residências e o acesso à água potável, sem falar das redes de transportes e das fontes energéticas.
Em 2003, um dos verões mais quentes registrados na história, a onda de calor matou 35.000 pessoas na Europa. No entanto, alguns especialistas afirmam que por volta de 2040, as temperaturas médias do verão superarão regularmente as do verão de 2003.
Nas cidades há ilhas onde o calor pode ser quatro a seis graus mais elevado do que na área circundante, destacou Alex de Sherbinin, do Instituto da Terra da Universidade de Columbia, em Nova York.
Todas as cidades estão envolvidas, mas algumas são mais afetadas do que outras, acrescentou Stephen Tyler, que colabora com uma rede de cidades contra as mudanças climáticas, a Rede de Cidades Resilientes às Mudanças Climáticas.
Muitas cidades que precisam enfrentar estes desafios já tomaram medidas: pintaram os tetos de branco para refletir os raios solares, instalaram calçadas porosas para permitir que a água da chuva recarregue os lençóis freáticos, plantaram árvores e criaram parques para diminuir estas temíveis ilhas de calor, assim como a contaminação dos veículos.
Segundo Rosenzweig, as autoridades municipais já têm o poder e a legitimidade para agir.
Em 2005, 40 cidades se reuniram no Cities Climate Leadership Group, e cinco anos depois, o Conselho Mundial de Prefeitos organizou o primeiro congresso sobre a adaptação às mudanças climáticas.
Atualmente, 60 cidades trocam ideias no âmbito da rede.
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