O Nylon poderá ser fabricado de forma ecológica e mais
barata
Foi
por mero acaso que investigadores do Instituto Duke Câncer Institute (EUA)
descobriram uma molécula que serve para produzir nylon de uma forma mais barata
e ecológica. O estudo, publicado agora na «Nature Chemical Biology» surgiu da ideia
de que algumas das alterações genéticas e químicas nos tumores cancerosos podem
ser aproveitados para fins benéficos.
“No
nosso laboratório, estudam-se as mudanças genéticas que fazem que os tecidos sãs
comecem a funcionar mal e produzam tumores. O objetivo desta investigação é
compreender como os tumores se desenvolvem com o objetivo de desenvolver
melhores tratamentos”, diz Zachary J. Reitman, investigador e autor principal
do estudo.
Parte
da informação obtida neste processo abriu caminho à descoberta de um método
mais eficaz de produzir nylon. Este material, uma fibra têxtil sintética, está
presente em vários produtos como roupa, tapetes ou peças de automóveis. Um
componente chave para a sua produção é o ácido adípico, um dos
compostos químicos mais usados do mundo.
Atualmente,
ele é produzido a partir de combustíveis fósseis e a contaminação que liberta
no processo de refinamento é um dos principais causadores do aquecimento
global. Os investigadores centraram as suas atenções no ácido devido às
semelhanças entre as técnicas de investigação do câncer e a engenharia
bioquímica.
O
processo de fabricação de nylon é atualmente muito poluente
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Ambos
os campos se baseiam nas enzimas, moléculas que convertem um químico noutro. As
enzimas desempenham um papel importante tanto nos tecidos sãs como nos tumores
e também se utilizam para converter matéria orgânica em materiais sintéticos,
tais como o ácido adípico.
Um
dos caminhos mais prometedores para a produção de ácido adípico ecológico
estuda uma série de enzimas para converter açúcares baratos neste ácido. No
entanto, a enzima crítica chamada desidrogenase 2 nunca se produziu, pelo que
faltava um “elo de ligação” na “linha de montagem”.
É
aqui que a investigação sobre o cancer entra em jogo. Em 2008 e 2009, os
investigadores de Duke identificaram uma mutação genética nos glioblastomas e
outros tumores do cérebro que alteram a função de uma enzima conhecida como
isocitrato desidrogenase.
Os
investigadores desconfiavam já que a mutação genética observada no câncer podia
dar lugar a uma mudança funcional similar numa enzima intimamente relacionada
que se encontra na bactéria da levedura, que daria lugar à desidrogenase 2,
necessária para a produção ecológica do ácido.
Os
cientistas tinham razão. A mutação funcional observada no câncer pode
aplicar-se a outras enzimas estreitamente relacionadas criando um resultado
benéfico, neste caso o “elo perdido” que podia permitir a produção de ácido
adípico a partir de açúcares baratos.
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