Mais
de cem anos depois de a decadência do cérebro de um paciente ter sido
identificada pela primeira vez, o Mal de Alzheimer permanece como um dos
grandes desafios da Medicina avaliam especialistas na véspera do dia mundial
dedicado à doença.
A
ciência tem feito progressos intermitentes, reportando pequenos avanços e
recuos frustrantes.
Embora
os cuidados com as pessoas acometidas pela doença tenham melhorado desde que o
ex-presidente americano Ronald Reagan e o escritor britânico Terry Pratchett
ajudaram a eliminar o estigma, os principais processos da doença permanecem um
enigma.
O
Mal de Alzheimer é responsável por dois terços dos casos de demência e acomete
uma a cada 200 pessoas. Descobrir uma cura nunca foi tão urgente, diante do
crescimento e do envelhecimento da população.
"Será
um tsunami em termos da carga (dos custos)", afirmou à AFP Dean Hartley,
diretor de iniciativas científicas da Associação Americana de Alzheimer, na
véspera do Dia Mundial do Alzheimer.
A ciência
tem feito progressos intermitentes, reportando pequenos
avanços e recuos
frustrantes.
Foto de Miguel Medina/AFP
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No
mês passado, uma porta se fechou quando as gigantes farmacêuticas Eli Lilly,
Pfizer e Johnson & Johnson decidiram suspender os testes para tratamentos,
que eram ansiosamente aguardados, mas que fracassaram nos exames clínicos.
Em
6 de setembro, cientistas franceses anunciaram que o extrato vegetal ginko
biloba, amplamente alardeado como um remédio natural contra o Alzheimer, na
verdade não evita a demência.
Alegando
financiamento insuficiente, ao menos em parte, os cientistas dizem que ainda
não sabem ao certo o que fazer com as placas e emaranhados que o médico alemão
Alois Alzheimer identificou pela primeira vez no cérebro de um paciente com
demência, falecido em 1906.
Pouco
trabalho subsequente foi feito até os anos 1960, parcialmente porque poucas
pessoas viviam na época até uma idade em que a doença se manifestasse.
Hoje,
alguns medicamentos do nosso arsenal tratam alguns sintomas, mas são impotentes
em evitar a progressão da doença.
"As
pessoas estão absolutamente desesperadas por remédios, pessoas que sofrem com a
doença e pessoas próximas delas", explicou Eric Karran, diretor de
pesquisas da Alzheimer's Research UK, principal organização do Reino Unido
especializada em prevenir, tratar e buscar a cura para a doença.
"Estamos
hoje em um momento crítico para esta doença", acrescentou.
"A
indústria farmacêutica tem tido uma série de fracassos muito, muito caros. Eu
me preocupo que estejam pensando: 'isto é muito difícil e teremos apenas que
aguardar até que a ciência esteja mais evoluída'", prosseguiu.
Para
Hartley e Karran, o Alzheimer recebeu apenas uma parte do dinheiro que os
governos investem em pesquisas sobre doenças, apesar de ser uma das moléstias
mais caras em termos de sofrimento e despesas.
Sintomas, evolução e estatísticas da
doença. (130X225 mm)
- Foto de Hkg/Jmc/Iv/AFP
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Custos e complexidade
A
Associação Internacional do Alzheimer (ADI, federação mundial de associações
dedicadas à doença) calcula que o número de pessoas com demência crescerá de
35,6 milhões em 2010 para 65,7 milhões em 2030 e 115,4 milhões em 2050.
Os
custos, incluindo gastos hospitalares e cuidados domésticos, medicamentos e
visitas clínicas, devem subir cerca de 85% até 2030 a partir dos US$ 600
bilhões (? 480 bilhões) gastos em 2010, aproximadamente o PIB da Suíça.
Mas
o dinheiro não é o único problema. A doença é particularmente difícil de
decifrar não só porque seu efeito em humanos é quase impossível de replicar em
animais de laboratório. Sua lenta progressão é um obstáculo a mais.
"A
doença parece estar presente no cérebro das pessoas talvez 15 anos antes de
manifestar sintomas", explicou Karran.
O
Mal de Alzheimer costuma se tornar aparente por volta dos 70 anos, quando os
membros da família começam a perceber que seu ente querido vai se tornando
esquecido e confuso.
"Quando
os pacientes estão disponíveis para estudo em testes clínicos, na verdade
estamos olhando para uma doença que está se desenvolvendo há 15 anos", em
cujo estágio os neurônios já teriam morrido, afirmou Karran.
Os
cientistas discordam sobre os respectivos papéis dos depósitos da placa
beta-amiloide e de uma proteína chamada tau, que forma emaranhados dentro
destas células cerebrais.
A
maior parte das terapias em teste foi direcionada às placas beta-amiloides, mas
alguns sugerem agora que na verdade é a tau que mata as células do cérebro.
"Nós
ainda não compreendemos exatamente a relação entre o dano estrutural e os
sintomas cognitivos", relatou à AFP o doutorando de neurofisiologia
holandês Willem de Haan.
Os
cientistas buscam um tratamento que detenha a doença em seu estágio inicial,
mesmo antes do aparecimento dos sintomas. Embora não tenham obtido sucesso,
seus trabalhos lançam algumas pistas valiosas pelo caminho.
Já
se sabe que um pequeno percentual de pessoas, com mais frequência mulheres do
que homens, é geneticamente predisposto a desenvolver o Mal de Alzheimer.
Portanto, possuir um histórico familiar da doença aumenta os riscos.
Alguns
estudos sugerem que ter um estilo de vida saudável reduz os riscos para as
pessoas que não possuem genes relacionados com o desenvolvimento do Alzheimer.
Os
diagnósticos também são proveitosos: novas pesquisas demonstram que um simples
teste conhecido como 'eye-tracking' (técnica que permite, examinando o
movimento ocular, verificar para onde o indivíduo está olhando) e a interrupção
do sono podem ser indícios precoces, e ajudariam os afetados a fazer escolhas
de estilo de vida antes que a doença avance.
Os
especialistas acreditam que se governos, pesquisadores e empresas farmacêuticas
trabalharem juntos de forma eficiente, um tratamento poderia estar disponível
dentro de 20 anos.
Mas
também alertaram para o risco de dar falsas esperanças a pessoas desesperadas.
"Encontrar
um remédio para uma doença crônica é muito, muito mais complicado do que,
digamos, colocar o homem na Lua", explicou Karran.
é uma doença muito triste, estou passando por isso com a minha avó e me corta o coração saber que ela não se lembra mais de mim...
ResponderExcluirSe ela ainda caminha, você precisa de tirar todos os obstáculos para que a mesma não tenha acidentes. Pois se quebrar uma perna por exemplo ela nunca mais vai caminhar, pois a tendência é a perda do sentido de locomoção. Então evite degraus, tapetes, muitos móveis que possam causar este tipo de acidente. Ela só se lembrará de quem fica muito tempo ao lado dela é uma característica da doença, infelizmente.
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