A
cidade de São Paulo fez 33,9 graus ontem. Quebrou o recorde do dia 16, com 33,5
graus. A previsão para hoje é novo recorde, com 34 graus. E até o fim da semana
podemos chegar a 36 graus, batendo o recorde histórico absoluto. Desde 1961 não
havia tanto calor no inverno. Naquela ocasião, a máxima foi de 35,2 graus.
Embora
o planeta esteja se aquecendo por causa do acúmulo na atmosfera de gases
poluentes derivados da atividade humana, como o gás carbônico e o metano, não
dá para atribuir diretamente o calor desta semana às mudanças climáticas. A
meteorologia sempre registrou altos e baixos.
O
gráfico abaixo, feito pelo projeto Berkeley Earth Surface, mostra a evolução
das temperaturas médias na cidade de São Paulo desde 1850. A linha preta é a
média anual. Observando o sobe e desce dela, dá para ver como um ano pode ser
diferente do outro. A linha preta permite enxergar melhor a tendência de longo
prazo. Ela mostra a média de temperatura dos dez últimos anos em cada período.
Ela corta os anos fora do padrão e exibe com clareza a tendência de aquecimento
na cidade.
Gráfico com os valores do aumento da temperatura - Berkeley Earth Surface |
A
média de temperatura, que oscilava abaixo dos 19 graus, agora fica na faixa dos
20 graus. Não é pouca coisa. Basta lembrar que apenas 5 graus em média nos
separam das temperaturas de hoje e o auge da última era glacial, há 50 mil
anos.
O
aquecimento de São Paulo é em parte atribuído a própria urbanização. Na medida
que a densa Mata Atlântica foi substituída por cimento, asfalto e aço, o clima
local foi ficando mais próximo de um deserto.
Termômetro de rua marca sensação térmica de 36°C na avenida Luiz Carlos Berrini, zona sul de São Paulo |
É
claro que esse tempo quente de agora pode ser explicado por condições
passageiras. Por outro lado, na medida em que o clima vai mudando, é possível
supor que ondas de calor assim tendem a ficar cada vez mais frequentes, até se
tornar a norma. Ou até começarmos a experimentar coisa pior.
Atualização:
Às 15 horas, os termômetros chegaram a 34,1ºC na zona norte da cidade.
UM INVERNO
QUENTE
É
impossível dizer que o veranico que bateu recordes de calor no inverno de
algumas cidades brasileiras foi provocado pelo aquecimento global. Os
termômetros atingiram marcas inéditas em lugares como São Paulo, Brasília e Rio
de Janeiro. São variações que sempre ocorreram. O sobe e desce dos recordes faz
parte da variabilidade climática normal. Você só enxerga um sinal de mudança
climática nas médias, e não nos eventos extremos. E há razões para acreditar
que, em média, as temperaturas das grandes cidades do mundo, inclusive as
brasileiras, estão aumentando.
Rio de Janeiro, praia lotada em pleno inverno |
É
o que mostra um levantamento exaustivo feito pelo grupo de cientistas do
projeto Berkeley Earth Surface,
liderado pelo físico americano Richard Muller, da Universidade da Califórnia,
em Berkeley. Richard, inicialmente crítico das certezas gerais sobre o
aquecimento global, decidiu há dois anos montar um grupo de pesquisas
independentes para avaliar o comportamento das temperaturas ao redor do mundo.
Conseguiu vários financiadores, entre os quais a Fundação Charles Koch. A
fundação, criada por Charles Koch, dono de indústrias de petróleo, apoia
pesquisas e campanhas para desacreditar as evidências das mudanças climáticas
provocadas pelo homem.
Ao
longo de dois anos, Richard coletou dados de 39 mil estações de medições
meteorológicas. Para garantir transparência total no processo, bem como a
análise por qualquer pessoa do mundo, todos os dados e os códigos de computador
usados nos estudos estão disponíveis online, para quem quiser baixar e analisar
por si próprio. Ao longo da pesquisa, Richard reviu sua posição inicial e
passou a concordar com a voz corrente dos cientistas sobre as mudanças
climáticas. Hoje, usa seus dados para mostrar como a Terra está esquentando
rapidamente por efeito dos gases poluentes emitidos pela atividade humana.
Os
dados da pesquisa já resultaram em informação prática de temperatura que pode
ser consultada online para qualquer lugar do mundo. A média brasileira subiu 1,5
grau Celsius de 1985 para cá.
Fonte: Blog do Planeta/G1
Este assunto está muito contraditório mas o calor em SP está insuportável, causando muito transtorno na saúde pública.
ResponderExcluirSe está calor, já é contraditório mesmo, deveria estar frio!!!
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