Uma
expedição composta por três tripulantes navegou pela primeira vez na Passagem
Noroeste, uma perigosa via marítima do Ártico, antes congelada e só acessível
agora devido ao derretimento provocado pelo aquecimento global.
O
veleiro sueco Belzebub II, com 9,4 metros, navegou pelo estreito de McClure, a
rota marítima mais ao norte, nos limites dos Territórios do Noroeste do Canadá.
Os
tripulantes, o americano Morgan Peissel, o canadense Nicolas Peissel e o
proprietário do barco, o sueco Edvin Buregren, disseram ter sido a primeira vez
que uma embarcação atravessou a passagem, com exceção dos barcos quebra-gelo.
Eles
relataram a expedição de três meses de duração no site belzebub2.com.
A
viagem começou em Newfoundland, no Canadá, seguiu para a Groenlândia, e através
do Ártico canadense, buscando documentar o rápido recuo do gelo polar e
provocar conscientização sobre os efeitos do aquecimento global.
"Ao
navegar por esta rota recém aberta, esperamos que nossa expedição tenha um pequeno
papel em chamar mais atenção para as mudanças climáticas e contribuir para uma
mudança mais ampla de atitude", escreveram no site.
"O
Ártico está derretendo a uma taxa alarmante e esta é a prova clara da nossa
desarmonia com o planeta", acrescentaram.
"Nossa
intenção de navegar por um histórico trecho marítimo que tradicionalmente
costuma ser congelado foi dar um claro exemplo visual da extensão do recuo do
gelo polar", emendaram.
A
chegada do veleiro em Nome, Alasca, é aguardada para esta quarta-feira.
Imagem de satélite da NASA mostra as condições do gelo ártico no final da temporada de degelo, em setembro de 2007 |
As
aguas do estreito ligam o mar de Beaufort, a oeste, com o Viscount Melville
Sound a leste. Está limitado a nordeste pela ilha Príncipe Patrick, ilha
Eglinton e ilha Melville, e a sudoeste pela ilha Banks. Tem um comprimento de
cerca de 330 km e largura mínima de cerca de 95 km.
O estreito de McClure |
Localização do estreito de McClure.
Nunavut
Territórios do Noroeste
Território de Yukon
Regiões não pertencentes ao Canadá (Alasca e Gronelândia)
Percorrendo-o
de este a oeste, na margem norte fica a ilha Melville, as costas da península
de Dundas, com os cabos de Hay e Dundas, o profundo golfo de Liddon (entre o cabo
James Ross e a ponta Bailey), a baía de Hardy (entre a ponta Bailey e o cabo
Smyth), o cabo Victoria, e a baía Warrington. Navegando para oeste e deixando
para trás a ilha Melville, ficam as águas do estreito de Kellet (entre a ilha
Melville e a ilha Eglinton) e depois as do canal Crozier (entre a ilha Eglinton
e a ilha do Príncipe Patrick). Segue a costa meridional da ilha Patrick, um
troço onde se encontram a baía Butter, o Walker Inlet (entre o cabo Cam e
Mecham), a baía Wolley, a ponta Domville e finalmente a baía Dyer.
Recebeu
o seu nome em homenagem ao explorador irlandês Robert McClure, o primeiro a
navegar pelas suas águas.
Dado
que está cronicamente bloqueado com uma espessa banquisa, é geralmente
intransitável para os navios na maior parte do ano, mas a recente subida de
temperaturas deixou-o transitável no Verão desde 2007.
Em
1954, um quebra-gelos dos E.U.A. conseguiu atravessá-lo pela primeira vez,
abrindo o último obstáculo para estabelecer por mar uma rota mais curta na
região ártica canadiana. Em 1969, o SS Manhattan, um petroleiro registado nos
E.U.A., foi libertado dos gelos por um quebra-gelos do Canadá, e obrigado a
viajar através das águas territoriais canadianas para completar a sua passagem
para oeste. Existe uma controvérsia entre Canadá e Estados Unidos sobre as águas
territoriais das ilhas do Ártico e a aplicação do limite territorial às 12
milhas costeiras.
O
estreito de McClure tem estado completamente aberto (livre de gelo) desde
princípios de Agosto de 2007. A Agência Espacial Europeia informou que a
Passagem do Noroeste tem estado aberta completamente por causa da fusão do gelo
marinho, deixando livre uma longamente procurada, mas historicamente intransitável
rota marítima entre Europa e Ásia.
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